Capítulo Doze

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Amores e amoras, desculpem a demora. Pode parecer difícil de acreditar, mas eu fiquei tão atolada resolvendo problemas e pendências que esqueci de atualizar o livro. Isso não vai se repetir, palavra de autora! ;)


**********


O acidente


 Os meninos chegaram mais rápido do que era de se esperar, mas é claro que o general mandou que os trouxessem de helicóptero, porque a base é longe da casa do meu avô. Eu havia desaparecido a horas e a essa altura todos já estavam preocupados, tinha esfriado demais e minhas roupas eram uma total falta de roupas, sem contar que eu estava com meu sobrinho.


 Dylon, Alex e Mack estavam em frangalhos. Dyl tão devastado que mal respondia as perguntas que eram feitas, mas todos queriam sair logo para me procurar.


 Vovô pegou Dylon pela mão e o levou até o sofá, "filho, me conte, que história é essa de minha neta ter se casado com seu irmão", perguntou de maneira muito suave.


 "Ibrahim, a Bella é... é impulsiva e faz as coisas sem pensar. Não queria que meu irmão embarcasse, então achou que se anunciasse no meio do batalhão que estava grávida e que tinha que casar antes de contar para o pai, quer dizer, para o general e para o senhor, que o pai, digo, que o general tiraria meu irmão da missão. Pelo visto ela tinha razão em não querer que ele fosse e pelo visto o plano não deu certo", o suspiro foi tão profundo que Kate se sentou ao seu lado e o abraçou carinhosamente.


 "Mas meu filho, o que aconteceu entre os dois? Eles estavam mesmo juntos?", insistiu meu avô sem saber como perguntar se eu dormia com Devlin. Todos sabiam que Bella brincava de namorar Devlin, mas ninguém poderia imaginar que o maior namorador da turma não conseguia convencer a namorada a fazer sexo com ele.


 "Estavam, do jeito dela, com as regras dela", Dylon olhava fixamente o chão. "Ibrahim", ele se virou para meu avô, "deixe-me ir procurar minha irmãzinha, depois conversamos".


 "Fique tranquilo, os homens estão revirando a propriedade, mas ela só será encontrada se quiser", foi a única coisa que meu avô conseguiu responder.


 "Ibrahim", começou Dylon, "eu tenho dois fortes motivos para ter a mais absoluta certeza que sua neta não está grávida do meu irmão. Primeiro, porque mesmo sendo um cavalheiro e não dividindo as glórias de suas conquistas comigo, principalmente em se tratando da Bella, meu irmão deixou escapar uma semana antes da inauguração da boate que ele e Bella nunca tinham nem mesmo se beijado mais", ele engasgou procurando uma palavra, "calorosamente".


 "Desde que começou a ficar com Bella que meu irmão começou a ficar mais agitado, mais nervoso. Com muito mais energia, se é que o senhor me entende", ele corou. "E também bebia um pouco demais para dormir ou relaxar ou ambos, enfim. Uma semana antes da inauguração ele chegou no nosso alojamento completamente bêbado, sem falar coisa com coisa e me disse que ela o deixava com as bolas roxas, que até abraça-la era difícil porque ela sempre se esquivava". "O senhor sabe que eu, meu irmão e seus netos éramos um terror e nada escapava ileso de nossas mãos."


 "Qual o outro motivo?", perguntou meu avô tentando continuar por outro ângulo.


 "Minha irmã é a médica da base; a médica que consulta a Bella, e ela me garantiu que a Bella nunca, o senhor sabe, que ela nunca... bom, que ela nunca ficou com ninguém". "Ibrahim, só três pessoas no mundo sabem o que vou lhe contar. O homem que sequestrou Bella e Aedus, lembra? Eu, Jesse e meu irmão descobrimos quem era, nunca chegamos nem mesmo perto de descobrir quem o contratou, mas descobrimos quem ele era. Fomos atrás dele e eu posso jurar para o senhor que ele não tocou em um único fio de cabelo de sua neta. Mesmo sendo um terrorista, ele manteve a palavra e, eu sei como ela foi encontrada e o que disseram para você e para o general, mas eu tenho certeza que ele não, bom o senhor sabe, ele não a tocou".


 Seu irmão Aedus era o mais novo antes dela, que era um ano e nove meses mais nova que ele. Seu avô sempre o chamou de Kadar, algo como Poderoso em árabe. Os olhos verdes da família estavam lá, mas a confusão loira e ruiva dos cabelos escondia muito de castanho para que ele fosse o predileto do pai, o menino destemido.


 Alex se contorcia tanto que parecia que cobras subiam por seu corpo, imaginando se ela havia ido mais longe com ele do que com seu próprio noivo. Ninguém sabia o que tinha acontecido no terraço, mas a consciência dele pesava. "General, podemos sair para procurar a Bella? Também crescemos nessa propriedade e conhecemos tão bem ou até melhor que os seguranças", Alex queria sair daquela sala. Mas o general estava sacudindo Dylon e perguntando o motivo dele nunca ter contado aquilo.


 "Porque o homem morreu, porque isso é um assunto dela, porque você nunca se interessou pelo que aconteceu com ela, nem mesmo foi ao hospital ver se ela sobreviveria ao espancamento que sofreu, porque você não ouvia os gritos dela ecoando pelo corredor do hospital, não via o medo nos olhos dela, não sentia o pânico cada vez que alguém passava ao lado dela. Porque ela nunca estragou uma camisa sua de tanto chorar agarrada no seu peito se culpando pelo que Aedus teve que fazer", Dylon empurrou o general para longe e saiu levando os amigos para uma busca pela propriedade. Mas antes que alcançassem as escadas um carro estranho parou na entrada e um homem saltou com meu sobrinho, desacordado no colo.


 "Nós somos os seguranças da propriedade vizinha e encontramos seu filho perdido nas terras perto das árvores que dividem as propriedades. Ele estava caminhando sozinho no alto da colina norte, ele disse que a tia estava com ele, mas que ela o apeou e o cavalo saiu correndo, mas ele não sabia dizer para que direção. Meus homens estão vasculhando a propriedade, a tempestade causou alguns estragos por lá. Ele está bem, apenas dormindo, já foi examinado por um médico, nenhum osso quebrado, nenhum trauma físico", disse o homem colocando Cillian nos braços de Dylon. Fácil entender porque achar que Cillian era filho do Dylon, os dois tem o mesmo tom de ruivo.


 "Para que lado? Vamos ajudar nas buscas", Dylon já tinha passado Cillian para os braços do meu avô, sem condições de olhar meu pai. Um estalido baixo no fone em sua orelha e o homem ficou em silêncio com a cabeça inclinada como se alguém sussurrasse em seu ouvido.


 "Certo, entendido, estou indo para a área, é perto de onde estamos", mas um pequeno silêncio, "sim senhor entendido". Olhando para meu avô o homem foi duro "vocês não tem autorização para entrar na propriedade agora, como eu disse, houve alguns estragos e como não conhecem a área podem se ferir ou se perder, amanhã durante o dia vocês poderão entrar", se virou e entrou no carro sem esperar resposta.


 "Uma ova que não vou entrar, já estive em buracos piores", Alex já estava na moto quando terminou a frase. "Alex, não. Estou com mau pressentimento", disse Mack, "Vargas, ative o rastreador, ela não está na propriedade e eu não vou perder tempo procurando".


 "Já tentei os rastreadores. Sem sinal, todos, e ela não está com a escuta, também verifiquei". E Vargas prosseguiu, "a propriedade já foi toda vasculhada, duas vezes, com o infravermelho, não havia sinal dela. Ela não está na propriedade. Chamei a equipe completa, mas por causa do mal tempo, eles só conseguem chegar aqui perto do amanhecer. Até lá podemos ficar aqui tricotando ou fazer o que o Tenente Alex sugeriu, olhar não é invadir". "Tenho certeza que ela está na região, nenhum carro passou pelo vilarejo e o único helicóptero na área foi o que trouxe vocês."


 "Entrem, ela vai voltar quando tiver que chegar", mais enigmático que isso meu avô não poderia ser. E na verdade não havia o que se pudesse fazer até o amanhecer.

Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora