Capítulo Trinta e Sete

610 81 6
                                    

É sério isso? Mais de 20 mil leituras?!?!?! WOW, difícil de acreditar, estou me beliscando. 

Tenho muito que agradecer a cada um que leu, recomendou, comentou, indicou. Sem vocês não chegaria tão longe. Obrigada.

E para comemorar, um capítulo em plena sexta-feira...

Vamos conhecer a história da Hannah, a outra amiga da nossa mocinha confusa?

* * * * *

Hannah

Eu olhava minhas unhas, que no momento estavam elegantemente pintadas com um vermelho profundo, e pensava em quanto eu detesto essa sala. Antes de cada missão; com alguma sorte depois também; tenho que passar por aqui: a Sala de Instrução Geral. O problema é que para mim ela significa mentiras e eu odeio mentir para meus amigos. Principalmente para Bella.

Melhor começar pelo início, antes de toda essa confusão se tornar minha vida. Eu fui criada por um casal alemão, nascidos na antiga Alemanha Oriental. Ele engenheiro, professor em uma universidade, estatal claro. Ela professora de literatura, escritora frustrada. Não é bem assim, eu não fui criada, eu sou filha deles.

Essa história é até um pouco constrangedora. Meus pais adotivos me compraram. Fazendo isso eles me salvaram de um destino que poderia ter sido muito ruim.

Graças aos documentos oficiais de minha adoção, pude descobrir os nomes de meus pais biológicos. Com uma pequena pesquisa, fiquei sabendo que meu pai era um criminoso pequeno e insignificante na Bratva, a Máfia Russa; minha mãe, uma prostituta de rua, com várias passagens pela polícia. Ninguém sabe quem os matou, ou o motivo. Sabem, ou acham que sabem, que eu escapei porque estava com uma vizinha.

Fui parar no sistema, mas antes mesmo de esquentar o berço no orfanato, um casal pagou uma pequena fortuna para que eu fosse adotada por eles. Isso é ilegal? Claro! Isso me incomoda? Não. A meu ver, eu dei sorte, de novo. Eles queriam um filho para amar e eu precisava de uma família. E por que de novo? Simples. Caso meus pais biológicos não tivessem morrido eu teria crescido? E se crescesse, o que seria?

Sempre me explicaram que eu era filha do coração, até que eu tive idade suficiente para entender que sou adotiva, que fui escolhida. Cinco anos atrás minha mãe ficou muito doente e eles me contaram os detalhes de como me adotaram. A viagem para a Rússia, as transferências de dinheiro para o diretor do orfanato. Eles me deram todos os documentos e papéis da adoção que eu já vinha pedindo há tempos e eles sempre se esquivavam.

Nunca os culpei pelo que fizeram, por terem em comprado. Aliás, eu os agradeço todos os dias por terem evitado que fosse vendida como escrava, prostituta, doadora de órgãos, esses destinos comuns que lemos todos os dias nos jornais. Já o diretor do orfanato é outra história, ele está preso como o criminoso que é. Os registros que ele mantinha, mostraram que ele vendeu centenas de crianças. E algumas nem mesmo eram órfãs, tinham famílias, mas foram sequestradas e dadas como desaparecidas.

Meus pais são pessoas normais, comuns. O tipo de pais que os filhos reclamam sem motivo. Casaram-se por conveniência. Para quem não sabe, na antiga Alemanha Oriental tudo dependia das benesses do partido que governava o país: estudo, emprego, posição social, tudo era decidido por pessoas que julgavam sua fidelidade e sua utilidade ao partido. A união dos meus pais seria benéfica para os dois, eles teriam mais chances de crescer profissionalmente e com isso poderiam ter uma vida mais fácil, tanto economicamente quanto no nível pessoal. Falando assim pode até parecer que eles não se amam, mas eles têm algo mais que amor. Os dois se respeitam e confiam plenamente um no outro. O amor deles não nasceu de uma paixão, foi construído pela convivência.

Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora