Queridas e Queridos (sim, eu tenho leitores e leitoras), desculpem o sumiço, mas tive uns dias complicados. Erro meu ao penalizar vocês com meus problemas.
Espero que vocês gostem do capítulo tanto quanto eu amei escrever.
Vamos ao capítulo?
***
O General começou a caminhar em minha direção ao final da cerimônia, talvez fosse para gritar porque eu estava me expondo, ou porque tinha saído do hospital, ou as duas coisas; mas não fiquei para descobrir. Pedi para que o motorista de Kiera me levasse de volta para o hospital, antes que tivesse uma cena desagradável.
Era meu dever estar com meus amigos nessa hora e me despedir do único que nunca me viu como uma menina frágil. As palavras da mãe dele me quebraram, eu amo cada um dos meninos e só fiz a loucura de mentir daquela maneira, inventando uma gravidez, porque meus instintos me diziam que Devlin estava em perigo.
Ao voltar para o hospital passei a cumprir, sem questionar, absolutamente todas as ordens médicas; mesmo assim fiquei mais quatro dias internada e todos os dias Kiera ia me visitar para conversar, escovar, lavar, perfumar. É claro que isso dava a William a desculpa perfeita para se intrometer o tempo todo.
Ter Kiera cuidando de mim, como eu imagino que uma mãe faria era assustador e encantador ao mesmo tempo.
Eu sempre senti alguma dificuldade em me relacionar com as pessoas, chegar perto, conviver. Estudar metade da minha vida em colégio interno não ajudou muito a melhorar isso. Mas essa aproximação me permitia conhecer uma pessoa que tinha uma visão diferente da minha mãe. Ela não se importava em contar casos e histórias que elas viveram, mas se ressentia ao contar algumas coisas, como se não fosse direito dela expor minha mãe e meu pai.
"Lady Kiera, a senhora era realmente muito amiga de minha mãe, não é verdade?".
"Em primeiro lugar, só Kiera. Já disse tantas vezes. E sim, eu era a melhor amiga de sua mãe. O que você quer saber?", ela tem um jeito doce de falar. Pudera, tudo nela é doce e agradável. Como uma pessoa tão educada pode ser mãe de um sujeito tão sem noção de limites?
"Como ela era? Meu avô fala da filha e o marido dela nunca falou direito comigo. Ele sempre me odiou? Queria saber mais da minha mãe. Quem era, o que gostava, que tipo de música ouvia. Tem um vídeo dela na casa do meu avô, uma festa em que ela dançou com minha avó, ela era tão linda".
Juntando as mãos no colo, Kiera olha para mim e dá um meio sorriso, "Por onde começar? Eu conheci sua mãe quando tínhamos uns 10 anos. Éramos inteligentes, estudiosas e muito briguentas. Ficamos amigas porque ela me defendeu quando as meninas populares do colégio se juntaram para me bater e acabaram quebrando meu braço. Eu era rejeitada pelos populares, gordinha, cheia de sardas, ruiva como um incêndio. Sua mãe era um furacão moreno que assustava por ser diferente, foi inevitável que nos juntássemos. Quando ficamos mais velhas, costumávamos viajar para todos os cantos, rodamos metade da Europa em um carro velho, que vivia dando defeito, com quase nenhum dinheiro e sem nossos seguranças".
Ela dá um meio sorriso, se lembrando da época, provavelmente, "Claro que seu avô odiava e meu pai quase enlouquecia, mas era impossível separar o fogo e a brasa; era assim que eles nos chamavam".
Depois de um pequeno silêncio, como se considerasse se a história era dela para contar, Kiera continua, "Bem, isso até que sua mãe conheceu seu pai. Eu já sabia que me casaria com Andrew, nossas famílias acertaram isso quando éramos crianças. Mas sua mãe e seu pai".
Ela para novamente por alguns segundos olhando pela pequena janela do quarto, se lembrando do passado ou escolhendo as palavras, "O que havia entre seus pais era mais que uma paixão; eles se completavam, um terminava as frases do outro; eram uma alma só. Entre se conhecerem e casarem, contra a vontade de seu avô, que fique muito claro, foi menos de um ano e logo vieram os filhos. Seu pai era muito ciumento e possessivo, mas nem ele nem Andrew nunca tentaram nos separar".
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Flor da Pele
ChickLitTudo o que ela queria era sua família. Tudo o que foi tirado dela foi sua família. Sem seus irmãos, sem o amor do pai, como lutar contra quem quer acabar com sua vida? Para se realizar alguns desejos precisamos lutar e abrir mão de algumas coisas. E...