Capítulo 55

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Ret

Se tem uma coisa que eu não concordo é agirem pelas minhas costas, dá o papo de sujeito homem porra. Quer agir com a mente de uma adolescente.

Minha cabeça tá numa neurose fudida desde que vi aquele exame de DNA. Lógico que aquela porra pode ser falso, assim como pode não ser.

Na época que eu e ela estávamos juntos surgiu esse boato. Ela negou tudo do início ao fim, assim como o BN. Eu dei uma surra no moleque e tive o aval de colocar ele pra fora da Rocinha. A poeira abaixou e ficou tudo suave. Nunca nem passou pela minha cabeça uma porra dessa.

Tava de frente pro Gringo, esperando uma reação dele de imediato falar que preferia o tráfico.

Óbvio que eu não queria minha filha com ele, mesmo papo da Isa, eu sei como são os cara. Esses moleque só quer saber de dinheiro, droga e puta.

Aceitei ela com aquele playboy lá porque ele não era envolvido. E mesmo assim não prestou, como sempre, eu estava certo.

Assisti Gringo tirar a pistola da cintura e jogar em cima da mesa. Mirei meus olhos na arma e depois nele. Ele se levantou e caminhou em direção a porta.

Ret: volta - Se virou pra mim. - pega tua pistola - Entreguei em sua mão. - agora tu usa ela pra proteger minha filha
Gringo: papo reto?
Ret: sem curva - Respirei fundo.

Não queria, não mesmo, tá dando pra ver na minha cara. Mas ia adiantar impedir? Eu já tive a idade dela, e além do mais tudo o que eu não quero agora é fazer ela se virar contra mim, ainda mais.

Ret: eu sou homem também Gringo...
Gringo: fica suave que eu não sou tu não - Me interrompeu. - to ligado na minha responsa de homem no bagulho e não vou trair tua filha não, se teu medo for esse, eu não suporto traição, seja de qual lado vier

Ainda joga na minha cara, filho da puta mesmo, culpa minha de dar asa a cobra.

Ret: falar é fácil, bagulho é sustentar
Gringo: já falhei contigo?
Ret: tu tá lidando com uma menina de 17 anos, irmão, ela vai te deixar louco

Ouvi me acionarem no rádio, peguei em cima da mesa e encostei no ouvido.

Ret: dá o papo
Castro: Maria passou mal mano - Semicerrei os olhos pro Gringo.
Ret: to descendo
Gringo: bora
Ret: se tu tiver comendo minha filha...
Gringo: tá maluco porra? a mina tá mal é com essa história toda

Maria Clara

Abri os olhos ainda assimilando a tontura que senti. Olhei ao redor vendo o Ret sentado ao meu lado.

Ret: tá melhor? - Assenti.
Gringo: iai perigosa
Maria: cê tá vivo? - Brinquei.
Gringo: claro po
Ret: quero bater um lero aqui

Todos entenderam o recado e saíram do quarto. Até escutei o Gringo falando pra alguém preparar algo pra eu comer, pois não tinha me alimentado.

Encarei o homem na minha frente e me sentei na cama encostando na cabeceira. Ele parecia pensativo, mal conseguia olhar nos meus olhos.

Maria: eu vou entender se você quiser que eu vá embora - Quebrei o silêncio.
Ret: tá doida caralho? tu é minha filha, sempre foi e nunca vai deixar de ser
Maria: não é o que aquele exame diz
Ret: aquela porra é falsa
Maria: então vamos fazer um novo

Filha do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora