Maria Clara
Senhor Ret teve a brilhante ideia de chamar o Lorenzo e a Ana pra jantarem aqui nessa bela noite de segunda-feira.
Terminei de me vestir, passei um perfume e desci pra sala.
Tava literalmente todo mundo. Incluindo a Ana.
Maria: é um jantar ou um evento?
Índio: tá expulsando a gente?
Cabelinho: minha afilhada já me amou mais - Dei risada.
Ret: cadê o moleque que você chama de namorado?
Maria: já tá chegando, posso falar com você Ana?
Ana: claroCaminhei até a cozinha e ela veio logo atrás de mim. Me encostei na bancada e respirei fundo antes de começar a falar.
Maria: eu quero te pedir desculpa pelas coisas que te falei, foi na hora da raiva, eu me senti traída por vocês, falei um monte da boca pra fora sem nem ter dimensão do quanto eu te afetei ou ao meu pai
Ana: tá tudo bem Maria, eu nem consigo imaginar o quanto deve ser estranho pra você ver seu pai com alguém
Maria: eu gosto de você
Ana: eu também gosto de você gatinha - Me abraçou. - eu não to aqui pra ser sua mãe ok? - Assenti. - quero ser sua amiga
Maria: e vai ser, pode apostarOuvi o barulho da porta e puxei a Ana pra sala. Me deparei com meu pai apertando a mão do Lorenzo e o encarando de cima a baixo.
Ret: eu sou o pai dela
Lorenzo: eu sei
Maria: pai, por favor né - Abracei o Lorenzo. - esse aqui é o Cabelinho, meu dindo
Cabelinho: iai playba - Fizeram toque.
Maria: minha tia BrunaApresentei todos a ele.
Ret: tá vendo todo mundo aqui?
Lorenzo: sim
Ret: todo mundo tem no mínimo uma arma na cintura, dá um vacilo pra tu sair daqui direto pra vala - O Lorenzo arregalou o olho.
Bruna: RET - Repreendeu. - liga não Lorenzo, é muito bom finalmente te conhecer, você bebe? - Ofereceu cerveja.
Ret: é Lorenzo, você bebe? - Semicerrou os olhou.
Lorenzo: não, obrigada, eu não bebo
Ret: onde você mora?
Lorenzo: Leblon
Castro: ui
Ret: como você veio?
Lorenzo: meu motorista me trouxe
Cabelinho: motorista? caralho
Ret: quem é teu pai?
Ana: acho que tá bom de perguntas por hoje né Ret, deixa o menino respirar um pouco
Lorenzo: eu agradeçoSentei ao lado do Lorenzo, enquanto todos conversavam, menos o meu pai, que fazia questão de não desviar o olhar da gente nem por um segundo.
[...]
Até que o resto da noite ocorreu bem. Nós comemos, meu dindo tentou introduzir Lorenzo na conversa, só o Castro e o meu pai que ficaram a noite inteira com a cara fechada.
Lorenzo: obrigada pelo jantar, boa noite pra vocês
Todos: boa noite
Maria: eu vou levar ele lá fora
Ret: pra quê? ele tem perna
Ana: cala a boca RetSaí de mãos dadas com o Lorenzo e paramos na rua.
Lorenzo: que galera chata, não tava suportando mais
Maria: sério?
Lorenzo: claro
Maria: desculpa, eu achei que você iria gostar
Lorenzo: gostar de favelado? nunca - Assenti.Nossa... Às vezes eu posso até falar coisas sobre o lugar onde eu moro ou sobre o que meu pai é, mas ouvir isso do Lorenzo doeu.
Doeu como as vezes que nós transamos, como as vezes que eu chorei a noite inteira, como as vezes que ele me machucou.
Eu juro que eu queria só que parasse.
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Filha do Tráfico
Fiksi PenggemarO preço que se paga pela coroa é alto, mas o poder que ela te dá é precioso, qualquer um pagaria. Isso é quando se vive numa realeza imperial, não se aplica quando vivemos nesse império do tráfico, onde a maldade e arrogância corrompem as coisas boa...