Capítulo 45

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Maria Clara

São tantas histórias, tantas versões dessa história, que fica difícil escolher no que acreditar.

Minha cabeça no momento tá um montanha russa de informações. E ainda ganhei a decepção da pessoa que eu mais amo no mundo.

Bruna: ei - Entrou no quarto.
Maria: oi
Bruna: muita coisa pra assimilar, não é?
Maria: você nem imagina o quanto - Limpei as lágrimas. - ele fez algo com ela?
Bruna: seu pai respeita o que você diz
Maria: será?
Bruna: qual versão dos fatos ela te contou?
Maria: você veio aqui pra isso? - Levantei da cama. - sai do meu quarto agora
Bruna: você tá entendendo tudo errado
Maria: eu estou entendendo bem certo, você veio aqui a pedido do Ret, achando que ia me fazer de boba
Bruna: fala direito comigo Maria Clara
Maria: você não é minha mãe, sai agora

Tia Bruna saiu do quarto e eu bati a porta com força. Eu só queria que a minha cabeça parasse de doer tanto.

Deitei na cama e peguei meu celular que tinha mensagens da Lorena.

Whatsapp on

< +5521 xxxxx-xxxx

+5521 xxxxx-xxxx: Vamos nos encontrar amanhã filha
Eu: mas eu tenho aula
+5521 xxxxx-xxxx: Depois da aula?
Preciso te conhecer melhor
Eu: ta
eu te aviso o lugar

Whatsapp off

Respirei fundo pensando se essa era a coisa certa a se fazer. Eu não queria mentir pro meu pai, mas eu preciso saber a verdade da minha história, da história deles.

Ele nunca fez questão de me contar nada, sempre era muito arredio quanto a esse assunto. Mas não cansava de deixar claro que minha mãe havia me abandonando, só não contava o motivo disso, nem ele, nem a tia Bruna e nem o meu padrinho.

Eu já vi o que meu pai fez com a Ana, o que me garante que ele não fez pior com a Lorena?

Ret

Botei a chave do carro no bolso e encarei a Bruna.

Ret: falou com ela?
Bruna: não foi como eu esperava
Ret: eu sabia, eu vou matar a Lorena
Cabelinho: faz isso e acaba de vez tua relação com ela
Ret: essa vagabunda fez a cabeça da minha filha contra mim
Bruna: conta a verdade a ela
Ana: que verdade?
Ret: verdade nenhuma
Cabelinho: Bruna tá certa, seria muito mais fácil se a Maria soubesse das coisas que aconteceram
Ret: o que vocês querem que eu conte? em? que ela foi uma tentativa de aborto? que a mãe tentou matar ela numa banheira de criança? vocês querem que eu conte isso pra uma menina que passou a vida toda com um sentimento de abandono?
Ana: isso é sério?
Cabelinho: papo reto doutora
Ana: essa mulher é completamente louca
Ret: o problema é fazer a Maria acreditar nisso
Ana: conta isso pra ela Ret
Ret: eu não vou contar isso pra minha filha, nem eu, nem nenhum de vocês
Cabelinho: eu conto - Se levantou.
Ret: se você der mais um passo eu planto uma bala na tua testa
Cabelinho: atira

Parou com os braços cruzados me encarando. Levantei e parei em sua frente do mesmo jeito.

Bruna: ei ei ei, ninguém vai brigar aqui, tão loucos? - Nos afastou.
Ana: somos nós contra essa mulher, não uns contra os outros
Cabelinho: eu vou trabalhar, ocupar a cabeça
Ret: vai mesmo, é o melhor que tu faz
Cabelinho: depois não se arrepende de não ter contado
Ret: quando tu tiver uma filha, ai tu resolve a vida dela

Filha do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora