Capítulo 29

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Ret

Disparei três tiros pro alto depois da contenção não achar ela pelo baile. O público lá de baixo dispersou, uma correria em massa pro lado de fora.

Ret: tava na tua responsa, ou tu traz em dois minutos, ou quem vai sumir é você
Zé: beleza - Virou pra sair.
Cabelinho: não vai precisar - Olhei pra escada do camarote.

Cabelinho veio caminhando com a Maria e ela com cara de assustada.

Ret: onde caralho tu tava?
Maria: eu fui falar com uma amiga e depois fui no banheiro
Ret: com que autoridade?
Maria: a minha
Cabelinho: relaxa Ret, ela só foi no banheiro
Ret: quero saber de porra nenhuma, já acabou com o caralho do baile
Maria: não foi a intenção
Ret: vai pra casa com a contenção, as duas - Apontei pra Isa.
Isa: caralho mo chatão - Olhei de relance pra ela.
Maria: vamo respeitar o ditador

Ambas saíram com a contenção atrás, Bruna passou por mim junto ao Jogador e foram embora também.

Ana: a gente já pode ir?
Xxx: recebido a tiros? assim eu fico mal acostumado

Olhei pra trás, vendo o Gringo em carne e osso na minha frente.

Ret: filho da puta - Fizemos toque. - por que não avisou porra?
Gringo: eu gosto da surpresa
Ret: minha mulher - Apontei pra Ana.
Gringo: Gringo
Ana: Ana - Sorriu.
Gringo: pra que os tiros?
Ret: minha filha que sumiu
Gringo: achou?
Ret: nem tava perdida, e tu? qual o motivo da volta?
Gringo: assunto pra outro dia
Ana: graças a Deus, vamo pra casa?
Ret: qual foi?
Ana: cansaço
Ret: quero tu na boca amanhã cedo
Gringo: pode deixar patrão

Fiz toque com ele e saí de mãos dadas com a Ana. Caminhamos até onde o carro tava estacionado, ela deu a volta entrando e eu entrei ligando o carro.

Ret: que cara de cu é essa?
Ana: eu to cansada
Ret: de quê?
Ana: é sério isso? - Perguntou e virou a cara.
Ret: eu só perguntei o porquê e tu logo já fecha a cara? vai pela sombra Ana, se liga na tua responsa
Ana: eu sei muito bem quais são as minhas responsabilidades e ser baba de adulto mimado não é uma delas

Freei o carro de vez e encarei ela que me olhou assustada. Tirei as mãos do volante e botei no pescoço dela apertando com força.

Ret: abaixa a crista pra falar comigo tá entendendo? ninguém te fez nada pra tu tá de cu pro mundo
Ana: tá doendo - Os olhos encheram de lágrima.

Soltei ela e voltei a dirigir, ignorando totalmente ela chorando do meu lado, depois eu que sou adulto mimado, tomar no cu.

Parei o na frente de casa, ela desceu e entrou correndo. Travei o carro, acenei pros moleque da contenção dispensando eles e segui pra dentro.

Tava tudo escuro e em silêncio na sala, só a luz da cozinha acesa, então subi direto pro quarto.

Joguei minha pistola e o celular na cama, andei pro banheiro, tirei minha roupa e deixei em cima da pia. Entrei no box e abri o chuveiro no frio pra ver se desestressa esse caralho.

Depois de uns minutos, puxei a toalha que estava apoiada no vaso e passei pelo corpo. Vesti uma short de jogar bola que tava aqui no banheiro, mo conforto.

Voltei pro quarto e a Ana tava sentada na cama apoiada no joelho, com meu celular ligado na mão.

Ana: filho da puta
Ret: como é? - Cruzei os braços.
Ana: QUE PORRA É ESSA FILIPE? EU SABIA EU SABIA
Ret: primeiro tu diminui o tom, segundo tu explica

Ela apenas virou o celular na própria mão, me aproximei mais um pouco e vi que tava na conversa com um número desconhecido, mas na foto do perfil dava pra reconhecer a Amanda pelo cabelo loiro.

Tinha uma mensagem dizendo que tava me esperando pra continuar de onde paramos, em seguida, uma foto dela no baile, mostrando bem o decote nos peitos.

Ret: tenho nada haver com isso ai não
Ana: vocês tão de caso desde que ela voltou não é?
Ret: tá alimentando falsa neurose
Ana: FALSA NEUROSE O CARALHO

Ana jogou meu celular no chão e eu pude ouvir o vidro quebrando. Me aproximei, peguei o aparelho do chão, vendo o fundo e a frente do iphone 12 tudo quebrado.

Ret: cruzou a linha da minha paciência
Ana: E VOCÊ ME TRAIU

Só senti o tapa na cara seguido de vários socos em mim.

Ana: SEM CARÁTER VOCÊ NÃO PRESTA FILIPE

Segurei os dois punhos dela com um mão e com a outra apertei o rosto.

Ret: não se bate na cara de homem
Ana: CADÊ O HOMEM?

Virei um tapa na cara dela, na mesma intensidade que ela deu na minha.

Ret: achou o homem caralho?
Ana: ME SOLTA SEU LIXO
Ret: agora você vai escutar - Apertei com mais força. - não existe traição, eu e a Amanda não paramos de lugar nenhum, ela tava cercando a Maria no baile hoje, provavelmente pra sondar da nossa vida, eu mandei ela sair do camarote porra, não queria tu nessa neurose do caralho, sei nem como essa puta arranjou meu número, você acha que seu eu tivesse de rolo com essa menina meu celular ia tá amostra pra tu assim? - Pausei. - responde porra, eu sou burro caralho? achou o homem que tu tava procurando?

Soltei os punhos dela e virei de costas. Caminhei até o guarda-roupa, abri uma das portas, peguei uma camisa qualquer e vesti. Coloquei a pistola que estava em cima da cama na cintura e andei em direção a porta.

Ana: pra onde você vai? - Disse soluçando de tanto chorar.
Ret: pra boca

Ana entrou na frente da porta e me abraçou. Tava soluçando, tremendo e chorando muito.

Ana: não me deixa sozinha, fica aqui amor por favor, fica aqui comigo
Ret: vai tomar banho
Ana: amor...
Ret: eu não vou sair
Ana: jura? - Me encarou com os olhos vermelhos e eu assenti.

Me soltei dela, tirei a arma da cintura e deixei em cima da peça, peguei a maconha já enrolada na seda, acendi com um isqueiro que tava solto ali por cima e caminhei pra varanda, me escorando no parapeito.

Oportunidade de trair eu tive, isso eu não nego, mas bater em minha cara e me acusar de uma coisa que eu não fiz, isso eu não admito. A linha da minha paciência é curta, ainda querem cruzar, ai é foda.

Soltei a fumaça sentindo o pulmão esvaziar, o peito fudido de ódio.

A Ana sempre foi meio dependente de mim, não financeiramente, bem longe disso, mas sim emocional, esses bagulho. Parece que os pais dela eram nota 10 po, mas quando eles morreram ela ficou nessa carência, acha que todo mundo vai abandonar igual eles fizeram.

Terminei o último trago e joguei o resto lá embaixo. Senti braços rodearem minha cintura e virei pra trás.

Ana: deita comigo?
Ret: vai dormir, to sem cabeça
Ana: você no meu lugar pensaria o mesmo Ret
Ret: esquece essa porra, já não basta o prejuízo com o celular
Ana: se o problema for dinheiro...
Ret: falando merda - Interrompi. - tu sabe que dinheiro nunca é problema, os contatos dos cara, mo dor de cabeça pra recuperar essas porra de conversa importante
Ana: eu te ajudo
Ret: já fez demais por hoje - Respirei fundo.
Ana: vem deitar

Andei com ela até a cama, me deitei e ela deitou no meu peito.

Só caô, é foda.

Filha do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora