Capítulo 3

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Bruna

Assumir uma responsabilidade que não é sua pode ser doloroso, mas saber que conseguiu é gratificante.

O Ret me criou como um pai, quando os nossos nos abandonaram. Eu criei a Maria Clara como mãe, quando a dela abandonou-a.

Era apenas uma criança indefesa, sem o principal suporte, a mãe. Foi triste as inúmeras vezes que ela teve pesadelos e crises de pânico, e eu ter que explicar o porquê a mãe dela a deixou, mesmo omitindo a realidade.

Pior ainda foi ver o quanto o Ret ficou fudido. Eram drogas por todo canto da casa, o mesmo só vivia tendo overdoses. Como odeio lembrar dessa época.

O tempo foi passando, meu irmão aprendeu a lidar com a falta da Lorena, percebeu que o bem da Maria vinha acima de qualquer coisa. E assim ele fez.

Podia não ser o pai perfeito, mas foi e é o melhor que pode. Apesar de todos os erros e escolhas que fez, sei que foi sempre pensando no bem da Maria. Difícil mesmo é fazer com que ela entenda.

Ambos têm o mesmo gênio difícil, Ret se pergunta o porquê dela ser assim e eu respondo como se fosse óbvio, "sua filha".

Saí dos meus pensamentos com a Maria entrando em casa.

Bruna: por onde andava a princesa?
Maria: fui lanchar
Bruna: com seu pai?
Maria: sim
Bruna: e cadê ele?
Maria: saiu, não quis me dizer onde - Assenti. - tia
Bruna: oi
Maria: você sabe que eu to ficando com o Lorenzo, eu queria chamar ele pra minha festa, na verdade eu vou chamar, mas to com do meu pai
Bruna: relaxa, eu vou preparar a cabeça dele até lá, só não fica se pegando na frente dele e disfarça ao máximo
Maria: pode deixar

Levantei do sofá e peguei minha pistola colocando no suporte.

Maria: vai encontrar o boy misterioso?
Bruna: não tem um boy na minha vida, tem vários - Demos risada.
Maria: não sei até que momento
Bruna: vou pra boca - Pisquei pra ela e sai.

Fiz meu caminho até a boca da 18, tinha tempo que não passava por lá. Não pode deixar esses muleque muito tempo sem supervisão.

Bruna: qual a boa da noite?
LT: fala tu perigosa
NK: iai bruninha

Peguei o baseado da mão do LT e dei um trago. Ele cheirou meu pescoço e eu fiquei toda rendida.

LT: vaza NK, ou eu vou precisar pedir duas vezes?
NK: e a educação? galera nem usa mais - Falou saindo me fazendo rir.
LT: tá atras de que perigosa?
Bruna: fumar um, não pode?
LT: sei bem o que tu quer po, só pedir que eu te dou
Bruna: e o que você acha que eu quero?
LT: provoca não perigosa - Segurou minha cintura.

Passei os braços pelo seu pescoço e mordi meu lábio inferior. Quando íamos nos beijar senti uma mão gélida tirando o LT de mim. Aquele toque que eu reconheço melhor do que ninguém.

Índio: Ret tá precisando de tu na principal
Bruna: achei que ele tinha saído - Sorri falsa.
Índio: já voltou
Bruna: a gente se bate por aí LT

Saí andando em direção a principal, mas fui impedida pelo Índio que me puxou pra dentro de um dos barracos.

Bruna: não tem Ret coisa nenhuma né? - Ele sorriu. - vagabundo
Índio: não gosto de tu com o LT
Bruna: eu não ligo pra o que você gosta
Índio: para de me tratar assim amor - Se aproximou.
Bruna: amor é o teu cu
Índio: nossa relação maravilhosa de sempre - Sorriu.

Filha do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora