Capítulo 83

1.7K 106 32
                                    

Gringo

Nós encostou num canto reservado, só eu e ela. A mulher me olhava como se ainda não acreditasse que eu estava ali na frente dela. E eu queria mesmo era não tá.

Carla: você foi embora
Gringo: precisava melhorar de vida
Carla: me deixou

Me aproximei dela, passei o polegar em seu rosto acariciando e coloquei uma mecha do seu cabelo pra trás.

Gringo: a gente era imaturo, tava se machucando Carla, ia acabar mal pra um dos dois

Ia acabar mal pra mim, uma hora ia sair queimado vivo.

Carla: você tem razão
Gringo: tanto que melhoramos bastante - Ela sorriu. - e você se tornou frente de morro
Carla: me relacionei com o dono e ele morreu numa invasão
Gringo: sinto muito po
Carla: não sinta, era um merda, mal sabia tomar conta desse lugar
Gringo: aposto que tá bem melhor em suas mãos
Carla: com certeza, mas e você?

Ai é um bagulho complicado.

Carla: ainda trabalhando pro Ret?
Gringo: sigo nessa, voltei pro Brasil tem uns meses
Carla: esse teu patrão não me desce
Gringo: Ret é suave
Carla: eu fui avisada da sua presença no exato momento que entrou aqui, a sua sorte é que eu não declarei guerra a Rocinha
Gringo: por que declararia?
Carla: não vamos falar de trabalho hoje, estamos aqui pra nos divertir - Ajeitou o decote.
Gringo: concordamos de novo

Ela se aproximou e já foi logo me tacando um beijo. Tive que retribuir.

Caralho, que bagulho estranho. Tá acostumado com uma coisa e chega outra assim, totalmente diferente, outra sensação.

Que saudade da minha perigosa.

Ela já veio se sentando no meu colo, na frente de geral mesmo. Subi a mão pelo seu pescoço, puxando o cabelo de leve e com a outra apertando a cintura.

Carla: você continua me deixando louca - Mordeu meu lábio. - vamo pra minha casa
Gringo: agora?
Carla: por que não? não tenho tempo a perder
Gringo: entendi
Carla: eu quero te dar e vai ser agora

Tentei disfarçar e olhar pro GB, mas era impossível. Eu não posso transar com ela hoje, não dá.

Carla: vamos?
Gringo: eu tenho que pegar na boca po
Carla: você não vai me deixar na vontade
Gringo: eu que to na vontade de você

Puxei ela pra mais um beijo e passei a mão na coxa dando uma apertada de leve.

Carla: se você não vai me comer, para com isso
Gringo: tu me deixa louco - Cheirei seu pescoço.

Foda que não é o cheiro que eu gosto.

Gringo: eu tenho que ir

Ela se levantou do meu colo, me levantei também e fomos até o GB.

Gringo: bora vagabundo
GB: já?
Gringo: tá esquecido que tem que trabalhar?
GB: tava nem lembrando po

Virei pra me despedir da Carla, que me beijou sem eu ter mal me movimentado.

Mania chata que ela tem de não ser a mulher que eu amo.

Carla: mais tarde vai ter uma resenha na minha casa
Gringo: pode deixar que eu vou encostar
Carla: traz seu amigo, parece que a Renata gostou dele - Assenti.

Fiz sinal pro GB e nós saímos andando, olhei pra trás pegando o olhar da Carla em mim e o comando que ela deu para os vapores me seguirem, amadora pra caralho, não dura muito.

Depois de uma caminhada, nós chegou no carro e eu entrei no banco do motorista.

GB: que porra de trabalho é esse que eu não to sabendo?
Gringo: tem trabalho nenhum seu burro
GB: e por que a gente tá indo embora? cê parecia tá desenrolando o bagulho lá
Gringo: ela queria transar

Ele me encarou como se fosse óbvio.

Gringo: não dá cara
GB: por que porra? isso não é bom?
Gringo: meu pau não subiu
GB: é o quê? - Caiu na risada.
Gringo: ri na filho da puta
GB: não tem como irmão
Gringo: o caralho não subiu po, simplesmente não sobe
GB: tá broxa?
Gringo: me respeita po, o problema é outro
GB: qual foi então?
Gringo: não sobe com ela po, o bagulho não sobe, não consigo tirar a Maria da cabeça
GB: mas tu vai ter que dar um jeito, essa mulher pode até ser burra, mas não ao ponto de não perceber que você tá fugindo da foda
Gringo: não tem como GB
GB: vai ter que ter como irmão, toma viagra, bate punheta, faz alguma porra, mas come essa mulher
Gringo: papo reto, tu não ajuda em nada
GB: eu sei - Deu risada.

[...]

Maria Clara

Maria: AI QUE ÓDIO

Joguei o celular no chão com toda força que habita no meu corpo.

Respirei fundo tentando recuperar minha calma e ser uma pessoa zen, mas tá difícil.

Isa: já chegou no estágio do ódio? - Apareceu na porta do quarto.
Maria: como é?
Isa: é amiga, as fases do término, tem o luto, o ódio, a depressão, às vezes a humilhação
Maria: me poupe Isabele
Isa: é sério
Maria: você acredita que aquele que não deve ser nomeado estava curtindo baile na Pedreira? seja lá onde for isso
Isa: acredito, ele tava com o GB
Maria: que raiva, e você não falou nada?
Isa: não, eu e o GB não temos nada, então não posso cobrar
Maria: que raiva, que ódio, tem algum caralho de palavra mais forte que isso?
Bruna: minha nossa senhora que energia pesada nesse quarto
Isa: aqui tá caótico
Bruna: deixa eu conversar com ela
Maria: ela tá aqui tá bom?
Isa: boa sorte - Falou saindo do quarto.
Maria: vai se ferrar Isabele

Peguei meu celular do chão e vi que tava todo quebrado.

Maria: esse filho da puta me paga - Resmunguei.
Bruna: ele não quebrou seu celular
Maria: tava falando com o chão
Bruna: é normal estar triste, fim de relacionamento é isso, mas quebrar as coisas não vai ajudar em nada
Maria: fala isso pro meu celular, ele tá ótimo
Bruna: é sério Maria, não precisa fingir que não está triste

Encarei ela e dei risada negando com a cabeça.

Maria: eu não to triste tia, eu to com ódio e eu não sei o que fazer pra ele passar
Isa: eu tenho uma ideia perfeita - Apareceu na porta do quarto.
Bruna: você tava ouvindo atrás da porta?
Isa: claro que sim
Bruna: palhaça
Maria: sim, e o que seria?
Isa: você ainda tem aquele cartão black que o Ret te deu pra caso você precisasse?
Maria: tenho sim, por quê?
Isa: então...

Semicerrei os olhos pra ela decifrando o que ela estava querendo dizer.

Maria: meu nome é pronta, vamos logo
Bruna: o Ret vai matar vocês
Isa: o nome disse é terapia
Bruna: comprar?
Isa: tem alguma coisa melhor do que gastar dinheiro?
Maria: não, vamo logo

Puxei a Isa e nós saímos do quarto. Pedi um uber para o shopping, mas foi inútil quando o Jhon disse que só sairíamos se fosse sob supervisão dele.

Então esperamos ele tirar o carro da tia Bruna da garagem e entramos.

Jhon: pra onde vamos?
Maria: shopping
Jhon: certo
Maria: Jhon, você sabe do Zé? ele sumiu
Isa: não
Maria: não o quê?
Isa: você não vai fazer isso
Maria: mas eu nem fiz nada
Isa: que bom
Maria: ainda
Isa: ai meu deus

Filha do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora