Capítulo 7

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Maria Clara

Tudo em mim doía ou ardia. Lorenzo saiu de dentro de mim e gozou no lençol. Levantou da cama e saiu caminhando até o banheiro do seu quarto.

Sentei na cama e abracei minhas pernas, sentindo todo aquele incômodo. Foi de longe uma das piores experiências da minha vida.

Levantei com dificuldade, vesti minhas peças íntimas, a calça e a blusa. Calcei meu tênis e peguei meu celular pedindo um uber, não quero dá trabalho a minha tia.

Lorenzo: pra onde você vai?
Maria: já tá na minha hora - Ele me abraçou.
Lorenzo: eu vi o quanto você gostou de hoje, vou te proporcionar isso mais vezes - Murmurei um "uhum".
Maria: meu uber chegou
Lorenzo: vou te levar na porta

Nós descemos até a frente da casa e ele me deu um selinho em despedida. Entrei no uber e me acomodei.

Motorista: favela da Rocinha?
Maria: sim

Encostei a cabeça no vidro do carro e fui observando o caminho em silêncio. Minha intimidade doía e eu só conseguia sentir vergonha.

Depois de alguns minutos, o carro parou na entrada da Rocinha e eu desci dando tchau ao motorista. O pagamento é debitado do meu cartão que está cadastrado.

Me aproximei da barreira e dei de cara com meu pai, tia, padrinho, Índio, Castro e uma mulher.

Bruna: o que aconteceu Maria?
Maria: eu vim antes tia, não quis te incomodar ai chamei um uber, até compartilhei a corrida contigo
Bruna: eu não vi, qual foi o nosso combinado?
Maria: eu sei, desculpa
Ret: tá erradona no bagulho, sabe que não pode andar sozinha caralho - Falou meio alterado.
Maria: eu sei que errei, mas foi só hoje
Ret: por isso que evito te deixar sair
Maria: prende sua rapunzel no castelo então Ret - Me alterei também.
Ret: abaixa teu tom de voz Maria Clara, você sabe muito bem com que tu tá falando
Xxx: calma Ret - A estranha que estava ali finalmente falou. - tudo bem? prazer, sou Ana - Estendeu a mão e eu apertei.
Maria: me falaram de você, a moça que vai ajudar minha tia com o aniversário não é isso? - Ela me olhou confusa e depois assentiu. - você pode vir amanhã de tarde, eu to muito cansada pra pensar nisso agora
Ana: claro que posso - Sorriu e eu retribui.
Ret: leva a Maria em casa Castro
Maria: eu tenho perna

Sai da frente dele pra subir o morro, mas o brutamonte me segurou.

Ret: não me testa Maria Clara
Maria: eu só quero ir pra casa
Ret: você nem anda nesse morro, vive menosprezando esse caralho, se pa até se perde indo pra casa
Maria: eu não quero ser desrespeitosa, então se você puder me soltar
Cabelinho: solta Ret - Fez uma pausa. - agora

Puxei meu braço e fui subindo o morro, tinha tempo que eu não caminhava por aqui. Foi questão de segundos pro Zé e NT colarem do meu lado e me acompanharem até que eu entrasse em casa.

Fui direto pro banheiro, tirei minha roupa e observei o sangue na calcinha. Esfreguei ela na pia até remover tudo que havia melado.

Entrei no chuveiro esperando que a água levasse todo meu desconforto.

Ret

Ret: eu vou lá
Bruna: deixa ela em paz Filipe
Ret: ela tá marrenta demais Bruna, o pai aqui sou eu
Bruna: ela errou e sabe disso, mas me mandou a localização, tentou fazer tudo certo, tira ela debaixo dessa asa que tu criou
Ret: tu só defende caralho
Cabelinho: e tu só quer resolver na brutalidade
Ana: eu sei que não conheço a Maria e nem vocês, mas eu também já fui adolescente, só deixa ela respirar no canto dela, amanhã de manhã vocês conversam, aposto que será bem mais tranquilo
Índio: concordo com a patroa
Ret: beleza
Ana: acho que já deu minha hora
Ret: eu te levo
Ana: não precisa, vou ter que passar no escritório
Ret: eu levo

Filha do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora