Capítulo 10

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Maria Clara

Amanheci com uma dor de cabeça terrível. Levantei da cama e desci até a cozinha, tentando achar um remédio.

Enfim achei uma dipirona e tomei com um gole de água.

Chorei nos braços da minha tia até conseguir dormir. Tava tudo incrível, indo tão bem. Mas nada é bom por muito tempo quando se é filha do Ret.

Virei de costas pra sair da cozinha e me bati com Ana.

Ana: oi - Tentei passar, mas ela me impediu. - eu sei que você deve estar me odiando agora, mas minha intenção nunca vai ser substituir sua mãe
Maria: você pode dá licença? aproveita que eu ainda to pedindo com educação
Ana: achei que a gente poderia conversar
Maria: eu não gosto de gente falsa
Ret: repete
Maria: por quê? vai me bater de novo?
Bruna: ninguém vai bater em ninguém tão entendendo? sobe pro teu quarto Maria

Passei voando por aqueles ridículos. Entrei no quarto e tranquei a porta. Peguei o celular na esperança de alguma mensagem do Lorenzo, mas não tinha absolutamente nada.

Ele não me mandou nenhuma mensagem desde ontem, ou melhor, desde que tudo ocorreu.

Aproveitei pra postar uma foto de ontem, antes do Ret estragar tudo.

Custava ter me dito a verdade sobre a Ana desde o início? Preferiu trazer ela como uma amiga, colocou dentro dessa casa como uma mentira, sem a menor necessidade.

Posso ter errado no que disse em relação a minha "mãe", mas ele errou ainda mais quando encostou a mão em mim por conta de uma mulher qualquer.

Minha tia entrou no quarto e sentou na cama me encarando.

Bruna: podemos conversar?
Maria: você sabia? - Assentiu. - então não, a gente não pode
Bruna: mas a gente vai, o Ret você pode até dominar, mas a mim não
Maria: então fala
Bruna: ambos erraram ok? não foi só seu pai que escondeu um relacionamento
Maria: é diferente
Bruna: diferente por quê?
Maria: porque é
Bruna: é diferente porque é seu pai e na sua cabecinha de vento a Ana vai te substituir
Maria: ela vai querer ser minha mãe e usufruir do dinheiro dele
Bruna: não viaja Maria Clara, você conheceu a Ana o suficiente pra saber que ela não é qualquer uma e mais ainda o fato de que ela não é sua mãe
Maria: mas mentiram pra mim
Bruna: igual você mentiu pra ele, e quem deve satisfação aqui é você
Maria: é uma via de mão dupla
Bruna: e você respeitou?
Maria: me deixa sozinha
Bruna: você tem 17 anos e tá agindo como se fosse aquelas crianças birrentas de 8, eu não vou passar a mão na sua cabeça sempre
Maria: e vai passar pano pro Ret ter me batido?
Bruna: eu não concordo com o que ele fez e a gente ainda vai conversar, mas eu não vou tirar a autoridade dele de pai - Falou e saiu.

Peguei meu travessei e joguei no chão com força. QUE ÓDIO.

Bruna

Sai do quarto da adolescente birrenta e desci pra sala, já me preparando pra outra conversa. Às vezes sinto que eu deveria ter cursado psicologia, não é possível, só converso.

Fiquei em pé na frente dele que tava no sofá ao lado da Ana.

Ana: licença - Tentou sair.
Bruna: não, fica aí, você agora é da família então vai ouvir igual - Assentiu. - Filipe
Ret: diz
Bruna: primeiro, não levanta a mão pra sua filha, tá querendo o que com isso?
Ret: foi impulso
Bruna: então controla esse teu impulso idiota, você tá lidando com a sua filha, não é com qualquer vagabunda não
Ret: vai dar sermão agora? tenho 36 anos Bruna, sou menino não
Bruna: tá parecendo que tem a idade da Maria
Ret: mede tuas palavra que eu to boladão no bagulho
Bruna: você tem que aceitar que a menininha que você criou, cresceu e já é uma mulher, ela vai namorar sim até porquê você na idade dela já tinha comido meio mundo de mulher
Ret: tá querendo comparar essa porra? eu sou homem caralho
Ana: como é que é? - Falou indignada. - e o fato de você ser homem diminui o fato dela ser mulher? seu escroto
Bruna: faço das suas palavras as minhas palavras
Ret: não é isso porra, eu conheço homem, aquele menino tá cheio de maldade
Bruna: e se tiver? ela tem que viver Ret, deixa ela quebrar a cara no amor, quem é você pra falar disso? olha o que a Lorena te fez - Ele levantou e apontou o dedo na minha cara.
Ret: eu mandei tu medir tuas palavra, tá falando com menino não, namoral Bruna tu é exemplo de que também? - Falou e saiu batendo a porta.
Bruna: que cabeça dura meu deus
Ana: ele é impossível
Bruna: vamo tomar uma gelada
Ana: agora?
Bruna: aprende uma coisa, pra viver nessa casa é sempre bom tá tomando uma cerveja - Ela riu.
Ana: vamos

Filha do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora