07. inesperado ✨️

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A fila de preto avançava para mim através do manto de névoa. Eu podia ver os escuros olhos rubi cintilando de desejo, desejando matar. Lábios repuxados por sobre os dentes afiados — alguns para rosnar, outros para sorrir.




Ouvi a criança atrás de mim choramingar, mas não consegui me virar para olhá-la. Embora estivesse desesperada para ter certeza de que ela estava segura, não podia perder o foco naquele momento.




Eles se aproximavam como fantasmas, os mantos pretos ondulando de leve com o movimento. Vi as mãos se curvarem como garras… Eles começaram a se separar, e vinham de todos os lados. Estávamos cercados. Íamos morrer.




E, então, como o clarão de um flash, a cena toda ficou diferente. Sem, no entanto, que nada mudasse — os Volturi ainda nos vigiavam, preparados para matar. Só o que mudou de fato foi a minha percepção do que estava acontecendo. De repente, eu ansiava por aquilo. Eu queria que eles atacassem. O pânico deu lugar ao desejo de sangue, enquanto eu me agachava para a frente, um sorriso no rosto, e um rosnado escapou entre os meus dentes expostos.




Sentei-me de repente, escapando em choque do sonho.




O quarto estava escuro. E também quente como uma sauna. O suor colava meu cabelo nas têmporas e escorria pelo pescoço. Apalpei os lençóis quentes e os encontrei vazios.




– Edward?




Nesse momento, meus dedos encontraram alguma coisa lisa, plana e firme. Uma folha de papel, dobrada ao meio. Peguei o bilhete e tateei até encontrar o interruptor do quarto. O bilhete estava endereçado na parte externa à Sra. Cullen.




"Espero que não acorde e perceba a minha ausência, mas, se acordar, voltarei logo. Fui caçar no continente. Volte a dormir e estarei aí quando você acordar novamente. Eu te amo."




Suspirei. Estávamos ali havia duas semanas, então eu devia esperar que ele tivesse de partir, mas não tinha pensado quando. Parecíamos estar fora do tempo naquela ilha, à deriva, num estado de perfeição.




Enxuguei o suor da testa. Sentia-me absolutamente desperta, embora o relógio na cômoda mostrasse que passava da uma hora da manhã. Eu sabia que não conseguiria dormir com tanto calor e pegajosa como estava. Para não mencionar o fato de que, se eu apagasse a luz e fechasse os olhos, certamente veria aquelas figuras de preto à espreita em minha cabeça.




Levantei-me e vaguei sem rumo pela casa escura, acendendo as luzes. Parecia muito grande e vazia sem o Edward... Terminei na cozinha e concluí que talvez precisasse de uma comida caseira para me reconfortar.




Remexi na geladeira até encontrar todos os ingredientes para um frango frito. Os estalos e chiados na panela eram um som bom, agradável; eu me senti menos nervosa enquanto aquilo enchia o silêncio.




O cheiro estava tão bom que comecei a comer direto da panela, e queimei a língua. Na quinta ou sexta mordida, porém, tinha esfriado o suficiente para que eu saboreasse. Mastiguei mais devagar. Havia algo de estranho no sabor? Verifiquei a carne, e estava completamente branca, mas me perguntei se estava bem cozida.




Experimentei outro pedaço; mastiguei duas vezes. Argh! — sem dúvida estava ruim. Dei um salto para cuspir na pia. De repente, o cheiro de frango e óleo era repugnante. Peguei o prato e despejei aquilo no lixo, depois abri as janelas para me livrar do cheiro. Uma brisa fresca soprava. Dava uma sensação boa em minha pele.




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