Quando eu abri os meus olhos e encarei o teto do quarto, a luz me ofuscou. Tudo estava tão claro... nítido e definido. Balancei a cabeça e embora a luz forte ainda fosse ofuscante, eu pude ver muito bem os filamentos cintilantes dentro da lâmpada. Por trás da luz eu podia distinguir cada fibra da madeira escura no teto. Conseguia ver os grãos de poeira no ar, os lados que a claridade tocava e os lados escuros, distintos e separados. Giravam como pequenos planetas, movendo-se em torno uns dos outros numa dança celeste.
A poeira era tão linda que eu inalei, chocada; o ar assobiou pela minha garganta, fazendo rodopiar os grãos de pó. A ação parecia errada. Pensei no assunto e percebi que o problema era que não havia alívio ligado à ação. Eu não precisava de ar. Meus pulmões não esperavam por aquilo. Eles reagiram com indiferença ao influxo.
Ouvi o barulho dos outros, voltando a respirar agora que eu também respirava. O hálito deles me lembravam mel, lilás, canela, jacinto, pera, água do mar, pão no forno, pinho, baunilha, couro, maçã, musgo, lavanda, chocolate... Fiz uma dezena de comparações diferentes em minha mente, mas nenhuma se encaixava com exatidão... Muito doce e um pouco desagradável, então era por isso que Jacob vivia dizendo que eu fedia, o cheiro de vampiro era doce demais.
A tevê no primeiro andar estava sem som e ouvi alguém lá embaixo; Rosalie mudando de posição?
Também ouvi uma batida baixa e monótona, com uma voz gritando, irritada, no mesmo ritmo. Rap? Fiquei aturdida por um momento, depois o som foi sumindo, como se um carro tivesse passado por ali com as janelas abertas. Com um sobressalto, percebi que podia mesmo ser isso. Será que dali eu conseguia ouvir a rodovia?
Só percebi que alguém segurava minha mão quando a pessoa a apertou suavemente. Como havia feito antes, para esconder a dor, meu corpo se contraiu, pego desprevenido. Não era um toque que eu esperava. A pele era perfeitamente lisa, mas a temperatura estava errada. Não era fria.
Depois do primeiro segundo paralisada pelo choque, meu corpo reagiu ao toque desconhecido de um jeito que me chocou ainda mais.
O ar sibilou por minha garganta, passando entre meus dentes trincados com um som baixo e ameaçador, como o de um enxame de abelhas. Antes que o som saísse, meus músculos se enrijeceram e contraíram, afastando-se do desconhecido. Eu girei tão rápido que o quarto devia ter se transformado em um borrão incompreensível - mas não foi o que aconteceu. Vi cada grão de poeira, cada lasca nas paredes revestidas de madeira, cada fio solto em detalhes microscópicos quando meus olhos dispararam por eles.
Então, quando me vi agachada contra a parede, na defensiva - um dezesseis avos de segundo depois - eu já tinha entendido o que me assustou e que minha reação foi exagerada.
Ah. Claro. Edward não era mais frio para mim. Agora tínhamos a mesma temperatura. Mantive a pose por mais um minuto, adaptando-me à cena à minha frente.
Edward estava debruçado sobre a mesa de cirurgia que tinha sido minha pira, a mão estendida para mim, a expressão ansiosa. O rosto dele era o que mais me importava, mas minha visão periférica catalogou todo o resto, só por precaução.
Algum instinto de defesa fora acionado, e eu automaticamente procurava por qualquer sinal de perigo. Minha família de vampiros esperava cautelosamente junto à parede mais distante, perto da porta, com Emmett, Jasper e Alec na frente. Como se houvesse mesmo um perigo. Minhas narinas dilataram, procurando pela ameaça. Eu não senti nenhum cheiro que não devesse estar ali. O aroma fraco de algo delicioso - mas arruinado por substâncias desagradáveis - fez cócegas em minha garganta de novo, provocando dor e ardência.
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breaking dawn - Amanhecer
FanfictionEstar apaixonada por um vampiro é tanto uma fantasia como um pesadelo, costurados em uma realidade perigosa para Kristen Swan. Empurrada em uma direção por sua intensa paixão por Edward Cullen, e em outra por sua ligação profunda com Alec Volturi, e...