26. futuro 💫

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Desde que me tornei vampira, eu levava a mitologia muito mais a sério. Em geral, quando pensava nos meus três primeiros meses como imortal, imaginava como o fio de minha vida devia se mostrar no tear do Destino - quem sabia se isso realmente não existia? Eu tinha certeza de que o meu fio devia ter mudado de cor; pensava que provavelmente começou com um azul, algo que dava apoio, algo que ficaria bem ao fundo. Agora eu tinha a sensação de que devia ser vermelho vivo, ou talvez ouro radiante.




A tapeçaria da minha família e dos meus amigos que se entrelaçavam à minha volta era algo belo e cintilante, cheio de cores vivas que completavam um ao outro.




Fiquei surpresa com algumas tramas que vim a incluir em minha vida. Os lobisomens, com suas cores sóbrias e amadeiradas, não eram algo que eu esperava; Jacob, é claro, Seth também. Mas meus velhos amigos Quil e Embry tornaram-se parte do tecido quando as tensões entre nossas famílias se atenuaram, principalmente por causa de Charlie. Era fácil amá-lo. Até mesmo Sam e Leah eram cordiais com a minha nova família.



Sue Clearwater também estava entrelaçada na minha vida; algo que eu não previ. Sue parecia ter tomado para si mesma a tarefa de facilitar a transição do meu pai para o mundo sobrenatural. Ela ia com ele à casa dos Cullen na maioria das vezes, embora nunca parecesse verdadeiramente à vontade ali. Ela não falava muito; só rondava o meu pai de forma protetora.



E apesar da distância, a minha conexão com o Alec parecia cada vez mais forte. Eu podia sentir isso correndo pelas minhas veias, o modo como às vezes eu tinha um acesso de raiva do nada ou uma onda de tristeza tão grande que a dor era quase insuportável. Levou três dias e muitas ligações para a Itália para que eu descobrisse que eu podia sentir as emoções dele, tanto quanto ele podia sentir as minhas. Então a gente manteve as ligações, toda noite às 20:00 horas a gente ligava um para o outro. Tinham noites em que a gente conversava tanto que só percebíamos o passar do tempo com o nascer do sol. Eu ainda sentia falta dele, mas se ligações era tudo o que eu conseguiria agora, então eu estava feliz.



A felicidade era o principal componente de minha vida, o padrão dominante na tapeçaria. Tanto que o meu relacionamento com Jasper agora era muito mais próximo do que eu jamais havia sonhado.




No início, porém, isso me deixava muito irritada.




- Puxa! - queixei-me com Edward numa noite depois que colocamos Charlie no berço de ferro batido. - Se não matei o meu pai e nem a Sue até agora, provavelmente isso não vai mais acontecer. Queria que Jasper parasse de me rondar o tempo todo!



- Ninguém duvida de você, Kris, nem de leve - garantiu-me ele. - Você sabe como Jasper é... Ele não consegue resistir a um bom clima emocional. E você está tão feliz o tempo todo, amor, que ele gravita para você sem pensar.



E, então, Edward me abraçou com força, porque nada o deixava mais feliz do que meu êxtase transbordante naquela nova vida. Eu vivia eufórica na maior parte do tempo. Os dias não eram longos o bastante para que eu me fartasse de adorar o meu filho; as noites não tinham horas suficientes para eu adorar Edward.



Mas havia um avesso nessa alegria. Se virasse o tecido de nossa vida, eu imaginava que o desenho no verso exibiria opacos tons de cinza - de dúvida e medo.



Charlie falou sua primeira palavra quando tinha exatamente uma semana de idade. A palavra foi "mamãe," o que me teria feito ganhar o dia, se não fosse eu ficar tão assustada com o seu avanço, que mal consegui forçar um sorriso para ele em meu rosto paralisado. Não ajudou em nada que ele passasse da primeira palavra à primeira frase num fôlego só. "Mamãe, cadê o vovô?", ele havia perguntado, numa potente e límpida voz de soprano, só se dando ao trabalho de falar porque eu estava do outro lado da sala. Ele já havia perguntado a Rosalie, usando os seus meios de comunicação normais (ou anormais, de outro ponto de vista). Rosalie não soube a resposta, então Charlie recorreu a mim.




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