16. lembranças 💫

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Kris;








A dor era atordoante.



Exatamente isso - eu estava atordoada. Não conseguia entender, não conseguia perceber o que estava acontecendo. Meu corpo tentava rejeitar a dor, e eu era sugada repetidas vezes para uma escuridão que apagava segundos ou, talvez, até minutos inteiros da agonia, tornando ainda mais difícil acompanhar a realidade.



Tentei separá-las.




A não realidade era escura e não doía tanto.



A realidade era vermelha e me trazia a sensação de estar sendo serrada ao meio, atropelada por um ônibus, nocauteada por um campeão de boxe, pisoteada por touros e mergulhada em ácido, tudo ao mesmo tempo.



A realidade era sentir meu corpo se retorcer e saltar quando eu nem ao menos conseguia me mexer, devido à dor.




A realidade era saber que havia algo infinitamente mais importante do que aquela tortura e não conseguir lembrar o que era...




A realidade chegara rápido demais.




Em um momento, tudo era como devia ser. Eu estava cercada das pessoas que amava. De certo modo, por mais incrível que fosse, parecia que eu estava prestes a conseguir tudo aquilo que vinha lutando.



E, então, uma coisa mínima e inconsequente deu errado.




Eu vi o copo com sangue tombar, o sangue escuro se derramando e manchando o branco perfeito, e me inclinei para pegar o copo por reflexo. Tinha visto as outras mãos mais rápidas, mas meu corpo continuava a tentar alcançar, a se esticar...



Dentro de mim, algo se moveu na direção oposta.




Rasgando. Rompendo.



A escuridão havia tomado conta de mim, depois dera lugar a uma onda de tortura. Eu não conseguia respirar - já havia me afogado antes, mas aquilo era diferente; minha garganta estava quente demais.



"A placenta deve ter se descolado!" disse Alec.



"Tirem ele!", gritei. Por que ainda não tinham feito isso? "Ele não consegue respirar! Tirem agora!"




"A morfina..." disse Edward




Ele queria esperar, me dar analgésicos, enquanto o bebê estava morrendo?!



Não consegui ouvir a sua resposta, a escuridão me dominou e eu apaguei.




Eu estava em um corredor mal iluminado, minhas pernas doíam com o esforço que eu fazia. Até quando ele brincaria comigo? Tanto eu quanto ele sabíamos que eu iria fracassar. E de repente, eu estava presa na parede. Alec colocou uma mão em cada lado do meu corpo e me encarou. Suas íris estavam de um vermelho intenso.



- Você ia embora assim? - perguntou ele. - Ia embora sem ao menos se despedir? Sem ao menos me dar uma explicação?



breaking dawn - Amanhecer Onde histórias criam vida. Descubra agora