Capítulo 9

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Chegamos no tal lugar, era uma praia mais isolada do rj, Valentina parou o carro e descemos. Tiramos os calçados deixando nossos pés livres na areia.

— Valentina é perigoso ficarmos aqui sozinhas, ainda mais nesse horário. — falei enquanto íamos em direção a água molhar os pés.

— Não tem perigo algum, eu venho as vezes aqui sozinha.. quando quero respirar um ar fresco e relaxar.

— aí que água gelada!! — a onda veio molhando nossos pés. — é, aqui é um bom lugar para relaxar. Um silêncio e o único som é das ondas do mar. Terapêutico. — falei

— realmente a água está trincando. Vamos sentar ali. — sentamos um pouco acima onde o mar não chegasse, na areia mesmo.

— obrigada novamente por hoje Valentina. Antes disso eu te achava muito estúpida e agora..

— e agora não acha mais? — perguntou me cortando.

— acho. Só que um pouco menos. — rimos. Estava um clima muito agradável entre nós. — enfim, você não precisava ter largado seus amigos por mim, deixou até aquela loira lá no bar. — expressei sem graça.

— que loira? A Amanda? — perguntou olhando pra mim e eu prontamente confirmei com a cabeça. — é, acabou que nem consegui me despedir dela mas tá tranquilo.

— foi mal ter estragado seu lance com ela. — abaixei a cabeça meio constrangida e ela me olhou sem entender.

— lance? Como assim Luiza? — perguntou

— ah Valentina, eu vi como vocês duas estavam. É meio óbvio que tava rolando alguma coisa então foi mal por ter acabado com seus planos essa noite. — Valentina começou a rir. — tá rindo de que?

— de você! Eu não tenho nada com a Amanda, Luiza. Ela é noiva. Mas acho que você só reparou em mim e nela e nem viu que ele estava na mesa junto. — Valentina continuou rindo ironicamente enquanto eu não sabia onde enfiar minha cara. — ela é só uma velha conhecida, fizemos o ensino médio juntas e só.

— Ah não sei né Valentina, você tem fama de pegar geral. Pensei que fosse mais uma da sua listinha.

— Eu não sou essa pessoa. Na verdade isso não passa de boatos falsos. — olhei com desconfiança. — é sério, Luiza. Você pode não acreditar mas eu não sou nem metade das fofocas que rolam por aí sobre mim.

— tanto faz. Não é algo que me interessa. — desconversei

A conversa morreu ali, silêncio entre nós enquanto só se ouvia as ondas quebrando.

— Duda falou que você vai dar aulas de dança. — falou Valentina tentando puxar um assunto.

— Duda bem boca aberta. Sim, começo segunda. É meio período mas já é um começo.

— claro que é. Você gosta de dança assim como eu de fotografia ou é apenas hobby?

— acredito que seja igual. Porém eu também gosto do direito, pretendo me formar. Talvez não atue na profissão pois meu coração deseja outros planos mas isso só o futuro pra dizer. — ela olhou pra mim dando um sorriso de canto. — espero que dê tudo certo.

— vai dar, tenho certeza que você se saíra perfeitamente bem. Aliás.. — Valentina se levanta limpando a areia da roupa e me estende a mão. — vou ser sua primeira aluna. Vem, me ensina algo, qualquer coisa.

— Valentina não inventa. Sem chance. — continuei sentada mas ela me puxa até eu estar de pé. — Como você é chata quando quer!!! Tá bom, mas só uns passos e depois você me leva embora pois já está tarde.

— Combinado! O que irei aprender?

— bachata. É o que venho aprendendo. — Valentina fez uma cara de quem nunca ouviu falar nessa dança.

— Ba.. o que?

— Ba - cha - ta, Valentina. — falei lentamente. — Olha e aprende. No início são passos individuais e depois eu conduzo nós duas.

Até ali estava tudo certo, eu adorava ensinar dança. Era um ambiente que me sentia bem, então me diverti ensinando a Valentina. Ela pegou os passos rápidos pra uma novata, tinha desenvoltura.

— Pra uma primeira vez, você pegou os passos muito bem. Agora me dá seu celular, quero ver com a música.

— qual música vai por? — perguntou me dando o celular.

— Propuesta indecente.

Dei o play na música e começamos a dançar, tudo indo bem, claro que a Valentina errada uns passos e inventava outros. Era quase três da manhã e eu estava ali em uma praia dançando com uma pessoa que supostamente odiava ou eu pensava que sim.

O clima foi ficando outro, percebi os olhares que Valentina passava pra mim, na hora que coloquei as mãos em seus ombros para conduzir a dançar ela foi parando lentamente, sem tirar aqueles olhos verdes dos meus. Colocou uma mão em minha cintura e outra afastando meu cabelo para trás da orelha.

Ninguém falou nada, apenas fomos parando de dançar, até chegar o momento que a música já havia parado e nós também. Eu não sabia como agir, mas sabia o que aconteceria se não interrompesse. Valentina foi chegando mais perto fazendo um carinho na minha bochecha enquanto sua outra mão ficava em minha cintura.

Confesso que senti um frio na barriga, uma coisa completamente diferente. Uma dúvida cruel se parava ou se deixava ela fazer o que queria, então ela foi pra me beijar e eu esquivei.

— Valentina, para. — eu não posso beijar a Valentina, não podia me deixar levar pelo momento.

— Luiza.. — me afastei dela. — desculpe, pensei que você também queria.

— Não. Pensou errado. Na verdade acho que tudo isso foi um teatro seu né? — me exaltei

— teatro?

— Valentina não se faça de sonsa. Claro! Como eu não pensei antes, você fingiu isso tudo só pra me beijar e depois se gabar na faculdade.

— Luiza, assim você me ofende. Eu não fingi nada! Eu nunca fui tão real com alguém como fui hoje com você, me abri e contei coisas que jamais contaria pra outra pessoa.

— Falsa. Eu não acredito em você. Usou a mamãe e até inventou uma nova profissão, olha você me surpreendeu hoje. — eu estava falando porém sabia que iria me arrepender disso mais tarde, óbvio que a Valentina não estava mentindo mas eu sentia a necessidade de acabar com aquilo e acreditei nas coisas que eu mesma dizia.

— você me machuca muito com essas palavras Luiza. Chega, vou te levar embora. Deu.

Apenas concordei e entrei no carro, até o caminho da minha casa um silêncio profundo, nem olhávamos uma pra outra e ali mesmo já havia me arrependido de ter falado tantas bobagens. Porém eu não iria pedir desculpas, era melhor assim.

Valentina parou em frente da minha casa e eu sai sem trocar qualquer palavra com ela. Entrei pra dentro e escutei ela sair acelerado com o carro. Eu mandei mal e sabia, porém admitir seria demais...

Clima tenso!!! E ai o que acharam? Me contem e até o próximo 😘

Valu - Desejos Onde histórias criam vida. Descubra agora