01. VERMELHO, BRANCO E SANGUE AZUL

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A minha vida nunca esteve tão bagunçada quanto está agora e o pior de tudo é que eu não posso culpar a ninguém disso senão a mim mesma

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A minha vida nunca esteve tão bagunçada quanto está agora e o pior de tudo é que eu não posso culpar a ninguém disso senão a mim mesma.

Acontece que, de forma mais dúbia possível, sou a vilã da minha própria história. Uma nêmese da qual sequer posso me livrar, o que torna tudo ainda mais difícil.

"Quando eles descobrirem tudo o que você fez, vai estar acabada, Antonella", murmuro para mim mesma enquanto encaro a tela do meu computador, que estampa um e-mail que, se eu não fosse eu, ficaria extremamente feliz de ter recebido ao invés de tão angustiada.

O problema, obviamente, é que eu sou eu e, em uma dessas de tentar agir como espertinha para me dar bem, tudo o que consegui foi complicar ainda mais a minha situação.

Você, leitor, não entendeu absolutamente nada, certo? Então me deixe explicar... Tudo começou há um ano e oito meses, quando, movida pelo espírito de renovação que só o dia primeiro de janeiro consegue proporcionar, eu fiz um pedido...

Espera, talvez o problema não tenha começado aí, mas sim quando eu nasci e os Ancestrais quiseram que o meu pai fosse Robert Lawrence, o herdeiro de uma das redes televisivas do país, e Ametista Greenhunter, a irmã do atual rei de Orion, e por consequência, uma princesa.

Não me levem a mal, na maior parte do tempo eu amo os meus pais e adoro ser filha deles. As exceções são quando Robert faz piadas sem graça durante as refeições, quando Ametista tenta me controlar ou quando o fato de eu ser filha deles me impede de seguir o sonho que quero para minha vida, o que considero o princípio ideal para o meu problema: eu quis ir atrás desse sonho mesmo sabendo que não deveria.

Agora, o que acontece é que estou morrendo de medo de ser descoberta e das consequências que enfrentarei quando os meus pais souberem que a escritora número um da maior plataforma online de romances do país sou eu.

Há um ano e oito meses, a ideia de criar um pseudônimo para escrever pareceu inteligente demais, e eu deveria ter desconfiado. O que era para ser só um hobby e aliviar a minha vida enfadonha acabou se tornando uma hidra com a qual tento lutar, mas, ao arrancar uma das cabeças, só acabo com outras duas nascendo no lugar.

Até o momento, apenas três pessoas, além de mim, sabem que Huang Jin Mi, a autora de Sobre uma princesa e a sua mentira perfeita, sou eu. No entanto, há uma sensação de nervosismo crescente que me faz pensar que, com a fama de Jin Mi e do livro, não vai demorar muito para a curiosidade sobre a face por trás do pseudônimo ser maior do que eu posso controlar.

E isso me assusta, porque vai significar que acabou. Meus pais vão me matar ou, na pior das hipóteses, matarão a Jin Mi e me farão retomar a vida chata da Lady Lawrence, o que por si só é capaz de me fazer estremecer.

A Lady Lawrence é obediente (porque morre de medo das pessoas a odiarem, se não for bem-comportada), cursa faculdade de direito (porque sua mãe insistiu), é racional e elegante (porque não tem a opção de não ser), toca flauta doce como ninguém (porque ninguém teve interesse em algo tão enfadonho, além dela) e só lê livros que engrandecem a mente (ou seja, nada de romances. Apenas biografias, princípios filosóficos e Histórias com H maiúsculo!).

SOBRE A REALEZA E PAIXÕES ACIDENTAIS - ATO I Onde histórias criam vida. Descubra agora