SOBRE A REALEZA E PAIXÕES ACIDENTAIS - ATO I

DE SEU CRISÂNTEMO, COM AMOR

Olá, alteza. 

Dessa vez, deixarei as formalidades um pouco de lado e não perguntarei como está em respeito à sua atual situação, o que, com certeza, entenderá. Afinal, não consigo acreditar que está bem quando é vítima de tão maldosa calúnia de trair aquele em que depositou mais amor do que a si próprio.

Seu irmão é ganancioso, narcisista e egoísta. Levou minha rainha à loucura e, não satisfeito, agora o acusa de modo injusto de ter se deitado com Rosemary apenas para satisfazer os próprios caprichos com aquela mulher cujo nome não devo tocar.

Que tipo de rei tem este país?

Dói em meu coração saber que as terras que aprendi a amar, após saber que delas saí, estarão nas mãos manchadas de sangue de um tirano que condena o próprio irmão a um exílio em sua propriedade, proibindo-o de sair a menos que seja para partir do país. Um irmão teimoso que se nega a partir.

Por que, Yifan? Por que insistir em provar sua inocência quando está claro que o rei não está disposto a acreditar em nada que contradiga as certezas que sua majestade já criou? Sei que amas Orion, mas já não há mais nada nesse país que seja teu, além da propriedade que fez prisão, então por que não recomeçar em um outro lugar?

Rosemary já não resistiu a tamanha blasfêmia e agora uma nova rainha se prepara para ascender sobre as cinzas de um passado que é vermelho e que nunca se apagará. Mas você ainda está vivo e pode recomeçar conosco, então porque não partir?

Meu amor, eu te escrevo essa carta com o único objetivo de clamar pela sua razão e rezo para que estas palavras cheguem a ti e o façam mudar de ideia antes que uma tragédia se concretize. Apesar de acreditar poder se provar inocente e voltar a ter a confiança de teu irmão, há uma nova prioridade em sua vida que é muito maior. Por favor, escolha vir me encontrar.

O pequeno milagre em meu ventre, que foi o motivo de me mandar fugir, nasceu e é um menino. Um Greenhunter, como tu. Um príncipe sem reino, mas que merece ter um pai.

Então eu te imploro, alteza. Por todo o amor que jurou ter por mim e por esta criança a quem confiou o símbolo de tua honra, aceite a proposta de teu irmão e me encontre para partirmos em paz. Juntos, nós podemos superar o que se passou, mas com você aí, jamais poderei ir embora de Orion. Viverei à sua espera; em completa agonia.

Por favor, venha.

De seu crisântemo, com amor.