47. A ADRENALINA SOMBRIA

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É claro que eu não sou tola de aparecer por mim mesma no Anarquia quando sou a figura pública mais comentada do país no momento e sei muito bem dos perigos do lugar depois da minha experiência única e da conversa que tive com David há alguns dias

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É claro que eu não sou tola de aparecer por mim mesma no Anarquia quando sou a figura pública mais comentada do país no momento e sei muito bem dos perigos do lugar depois da minha experiência única e da conversa que tive com David há alguns dias.

Todavia, é justamente por saber dos perigos do Anarquia que não quero ter nada comigo que me remeta ao local ou a seu controverso dono, que, apesar de ter me salvado do assédio, deve ter as mãos sujas por outros motivos.

Então decidi devolver a sua jaqueta, mas através de Arietta, que foi treinada para situações assim.

"Basta entregar a sacola a algum funcionário. Não precisa ser diretamente nas mãos do Jet", passo para ela o pacote de papel pardo através da janela do carro, onde ficarei durante todo o processo.

"Certo, alteza", Arietta faz uma breve mesura após pegar a sacola, voltando-se para a fachada da boate, a qual brilha com luz de LED vermelha.

Ainda é cedo, então, apesar de haver algumas pessoas entrando, o Anarquia aparenta tranquilidade. Não há uma fila imensa na bilheteria, música alta vazando ou entra-e-sai de frequentadores duvidosos.

Mas, ainda assim, e mesmo sabendo que Arietta sabe se cuidar muito melhor do que eu, não consigo deixar de ficar apreensiva quando a vejo entrando. Eu devia ter insistido mais para um dos guardas homens fazer isso, mas ela foi tão orgulhosa que não quis contrariar... e não é que eu duvide da sua capacidade, é só que esse lugar realmente não é hospitaleiro às mulheres...

"Não se preocupe, alteza", Xavier acaba virando no banco para me lançar um olhar de tranquilidade. "A Arietta sabe se cuidar. Logo ela sai e vai ficar tudo bem".

"Vai, não vai?".

Eu quero muito acreditar nisso, mas é difícil quando me lembro da série de eventos que se sucederam quando entrei na toca do lobo. E se ela for assediada e a beijarem à força também? Ou se lhe oferecerem alguma bebida duvidosa que causa taquicardia?

Minha cabeça fantasiosa não me dá sossego e imagino os piores cenários possíveis durante os meros cinco minutos – que mais parecem uma eternidade – em que Arietta fica lá dentro.

"Ela saiu".

Viro-me para olhar minha segurança atravessar a rua na direção do meu carro assim que Xavier avisa da sua saída, encontrando-a sem fôlego quando se abaixa para falar comigo através da janela.

"Eu preciso saber porque sua alteza estava com algo que pertencia a alguém desse lugar?" É a primeira coisa que ela me pergunta.

"É melhor não...", ofereço-lhe um sorriso comedido, que grita nervosismo.

Arietta parece querer seriamente me contrariar quando me lança um olhar duro que é quase uma bronca silenciosa, mas respira fundo e concorda com um aceno.

"Nesse caso, vamos embora. Eu consegui entregar o pacote para uma funcionária e ela me disse que entregaria para o tal Jet. Assunto resolvido".

Tão fácil assim? Parece até um sonho.

SOBRE A REALEZA E PAIXÕES ACIDENTAIS - ATO I Onde histórias criam vida. Descubra agora