21. O DIÁRIO DA PRINCESA

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"Você sabe que o que realmente precisa é de terapia, não é?" Elisabeth está com uma expressão cética na vídeo-chamada enquanto me observa

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"Você sabe que o que realmente precisa é de terapia, não é?" Elisabeth está com uma expressão cética na vídeo-chamada enquanto me observa. "Querer mudar de visual é o primeiro sinal, Antonella. Todo mundo sabe disso".

"Tanto quanto você sabe que fazer terapia é algo muito burocrático para nós, porque somos todos paranoicos com a ideia de que o psicólogo pode muito bem achar mais lucrativo ser antiético conosco e vender nossos segredos às revistas". 

"Ainda assim, vai mesmo fazer o clichê mundial de mudar seu visual como uma forma de superar o que aconteceu com relação ao Neal?".

Apesar da expressão cética da minha prima, assinto. Eu pensei nisso por vezes o suficiente ao longo da semana, quando não estava ocupada pensando no meu novo manuscrito ou na missão que me incumbi de ajudar Aiden Kannenberg com sua adorada Mary Ann. Preciso de uma mudança e, se não posso obtê-la por dentro, que seja por fora então.

"Já estava pensando há algum tempo que seria bom um novo corte de cabelo", desvio o olhar da tela do meu celular para a minha imagem no espelho da penteadeira, encontrando uma versão menos elegante e chamativa da princesa Ametista. O meu cabelo é longo e castanho médio como o da minha mãe. Faz tanto tempo que eu não o corto que ele escorre até minha cintura com um leve ondulado. "Talvez uma franja?" Olho para Elisabeth. "Você ficou linda de franja há alguns anos atrás, acha que combina comigo?".

Elisabeth e eu temos formatos de rosto que são parecidos e o mesmo nariz arrebitado de Dominique Lancaster, mas as suas expressões são mais sombrias, elegantes e afiadas. Minha prima não deixa brechas quanto a parecer intimidante com seus olhos negros e cabelo tão escuro quanto, algo que não poderia ser mais Greenhunter. Diferente de Kyle e Leonard, que puxaram mais aos Maximoff da rainha Irene, ela, Niklaus e Timotheo são cópias do meu tio.

"Não sei porque está me perguntando quando é óbvio que ficará bonita de qualquer jeito", responde minha prima. "Se quer mesmo cortar o cabelo, então corte".

"Mas e se eu ficar com cara de menininha?".

"Com o seu guarda roupa, é um risco a se correr".

"Então acho que preciso de roupas novas também. Você pode cuidar disso?".

Lizzie dá de ombros, mas é óbvio que era exatamente isso o que ela queria que eu dissesse quando abre um sorrisinho em seguida.

"Se vai fazer você se sentir melhor e parar de se esconder nesse quarto, posso fazer isso".

Sei que minha prima está se contendo para não me confrontar. Contei para ela o que aconteceu entre Neal e eu na calçada do Begônia Rouge e, desde então, ela busca ser paciente quanto ao fato de que, há quase uma semana, estou presa em casa. Não só pelo meu ex-namorado possivelmente ter me gerado um trauma como minha prima alega, mas, principalmente, porque estive ocupada com Chrysanthème e o novo livro.

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