17. SEM AMOR

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Como é de se imaginar, dada a lição da minha mãe sobre eu ser um suporte e jamais um empecilho ao reinado do meu tio, meu papel principal como Lady Lawrence é garantir uma boa reputação e uma imagem etérea, distinta e digna de uma dama da corte

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Como é de se imaginar, dada a lição da minha mãe sobre eu ser um suporte e jamais um empecilho ao reinado do meu tio, meu papel principal como Lady Lawrence é garantir uma boa reputação e uma imagem etérea, distinta e digna de uma dama da corte.

Por causa disso, a princesa Ametista me fez escolher aos treze anos uma causa social para estar vinculada e, embora eu não fizesse a menor ideia de quantas coisas poderiam se enquadrar no termo causa social à época, fiquei satisfeita quando a princesa aprovou que me tornasse benfeitora da ONG Pata Amiga.

Sempre fui apaixonada por bichinhos, principalmente os cães. Acho que foi um sentimento que nasceu porque a minha avó costumava ter um grande labrador chamado Tom e ele vivia sempre ao seu lado. Eu amava o Tom. Ele ficou sob os meus cuidados depois que a vovó morreu, porque ela certamente sabia do meu carinho por ele. Porém, Tom não viveu muito tempo depois que a velha rainha Ameline se foi e minha mãe não me deixou ter outro cachorro, então a ONG se tornou minha paixão.

À princípio, era só para eu ajudar o lugar com doações anuais bastante gordas e tirar fotos com seus representantes para serem divulgadas em matérias compradas pela assessoria da família. No entanto, passei a fazer visitas esporádicas durante as férias de verão em que saía do Instituto Hastings e isso me permitiu ter certa aproximação com Carly, a filha da administradora da ONG, Patricia.

Nós duas temos idades próximas, mas a Carly é três anos mais nova e iniciou a faculdade de Medicina Veterinária recentemente, que é sobre o que ela fala enquanto me leva em um passeio pela ONG, com o intuito de que eu veja os resultados das reformas feitas com minha última doação.

Nesse momento, nós duas estamos passando pela parte externa do amplo do playground. É nele que está boa parte dos cachorros de várias cores, tamanhos e raças que a Pata Amiga recebe através de resgates.

"A Aureum College é mesmo um sonho", fala Carly. "Valeu a pena refazer o vestibular. Tem tantas pessoas diferentes, os professores parecem ser tão sábios e toda a atmosfera me faz ter sede por aprender. Sei que comecei a faculdade só há um mês e meio, mas mal vejo a hora de conseguir me formar!" Não é minha intenção estar tão apática ao seu discurso, mas minha cabeça dói pelo vinho que tomei ontem e pela noite mal dormida. Eu havia me esquecido completamente que tinha marcado essa visita há semanas e só lembrei depois que Gina me acordou quase em cima da hora, avisando-me. Porém, apesar da maquiagem, estou com uma cara tão abatida que, obviamente, não passa despercebido pela minha acompanhante. Carly encolhe os ombros e me observa com uma expressão acanhada. "Desculpe, eu devo estar te entediando com o meu falatório".

"Não!" Desperto-me do meu torpor, balançando a cabeça. "Nada disso, Carly", nós duas já rompemos as formalidades há algum tempo, então ela nunca se refere a mim como se estivesse no patamar inalcançável da realeza quando estamos sozinhas. "É só que eu estou um pouco estressada com outros assuntos e acabo viajando um pouco na minha própria mente, desculpe", é minha vez de sorrir sem mostrar os dentes, porque estou estupidamente pensando na mulher que atendeu o telefone de Neal ontem. "Sinto muito, pode continuar falando. Você dizia que a Aureum College é um sonho?".

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