14. ESTILHAÇA-ME

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Por incrível que pareça, na maior parte do tempo, eu acho que não tenho motivos para me ressentir da minha mãe

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Por incrível que pareça, na maior parte do tempo, eu acho que não tenho motivos para me ressentir da minha mãe. Ametista Greenhunter é arrogante, orgulhosa, dramática, impulsiva e, às vezes, cruel. Porém, em contrapartida, ela sempre tentou deixar o seu amor felino por Ren e eu ser maior do que tudo isso, buscando que fôssemos confiantes, brilhantes e preparados para o mundo da realeza, mesmo que não sejamos tão importantes para Orion quanto a parte da família que vem do meu tio.

"E daí que a sua chance de ser rainha é quase zero?" Ela me lançou certa vez. "Você ainda é Greenhunter e parte da realeza, então deve agir como se ninguém estivesse acima de você, além do rei e seu herdeiro direto. Elisabeth, Kyle, Niklaus e Leonard podem ter títulos diferentes, mas são iguais a você. Todos eles estão à margem de um Timotheo e não significa que agem como se realmente estivessem. Pelo contrário, são confiantes. Portanto, seja confiante também. O seu tio e o seu primo precisam de apoio e como Lady Lawrence é o seu dever principal ser um suporte e não um empecilho".

Eu devia ter treze anos quando ouvi isso, porque seria apresentada à corte e ao povo pela primeira vez. Embora minha mãe nunca tenha deixado de representar os Greenhunter em eventos para cumprir sua agenda como princesa, ela tentou preservar a mim e a Ren deste mundo na infância e só entendi o motivo quando já era grande o suficiente para entender que ser filha de uma princesa não é tão divertido quanto os filmes fazem parecer.

No início, eu era novidade e sofri muito com a perseguição midiática e curiosidade que tinham sobre "a filha secreta da princesa Ametista". Basicamente, comparavam-me com ela o tempo todo, o que levou a minha mãe a me matricular em um internato na tentativa de me proteger.

Mas se o Instituto Hastings foi um sonho para minha mãe, para mim foi infernal. Logo ficou claro que eu não possuía os mesmos talentos da princesa Ametista que, em seus tempos de colégio, tinha todas as garotas do lugar a seus pés porque sabia como cativá-las.

Eu não tinha esse talento, então fui praticamente condenada ao ostracismo social. Não sofri bullying ou algo assim, provavelmente porque, apesar de não parecer com uma, as pessoas sabiam que eu era Lady. Mas fui isolada e com o tempo aceitei duas coisas a meu respeito: sou inegavelmente uma pessoa solitária, mesmo quando cercada de pessoas, e nunca vou conseguir ser a dama que a minha mãe gostaria que eu fosse.

Tal divagação me surge conforme sigo Ametista pelos corredores longos e largos do palacete até uma sala em que estive poucas vezes, mas que mamãe nomeou como sendo seu escritório pessoal. É quase uma biblioteca ampla e com janelas altas, de modo que há muita luz. Tem estantes de madeira escura com livros de lombadas de couro e quadros que foram pintados pela pessoa a quem a sala e o palacete costumavam pertencer antes de nós.

Quando criança, descobri que era o lugar para onde o príncipe Yifan fugia em noites insones, pois, além das obras, cópias de um diário pessoal de valor inestimável foram encontradas em um cofre secreto durante a reforma para recepção da minha família. Eles costumavam ficar aqui, mas foram transferidos para o acervo do palácio depois de alguns incidentes com outras relíquias.

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