06. JUNTANDO OS PEDAÇOS

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Mary Ann Johnson sempre teve uma beleza digna de capa de revista

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Mary Ann Johnson sempre teve uma beleza digna de capa de revista.

Nós dois nos conhecemos há quase dez anos e me apaixonei quase de imediato, porque era impossível não ter sido assim. A maioria das pessoas são esquisitas com catorze e quinze anos, mas ela nunca foi. Era a garota mais linda em que já havia posto os olhos, com suas írises verdes, cabelo entre castanho e ruivo, sardas no nariz pequeno e nas bochechas cheias e sorriso capaz de iluminar uma cidade.

Já eu, sentia-me um perdedor. Tinha crescido demais, era magro demais e tinha espinhas demais. Fiquei um ano amando ela em silêncio até ter coragem de falar como me sentia, sendo recompensado com um sorriso e uma resposta positiva.

Durante os três anos seguintes, fomos namorados e foi perfeito. Porém, depois que Mary Ann acabou o colégio, ela decidiu que tinha um sonho e que, para realizá-lo, teria que terminar nosso namoro e ir embora de Orion.

Que foi o que fez, sem pensar duas vezes.

Mary Ann só voltou para o país cinco anos depois, sem qualquer aviso, e agora está na minha porta como se o tempo não tivesse passado. Como se ela ainda fosse a menina pela qual me apaixonei e não uma completa estranha, cujo cabelo se tornou loiro, as sardas sumiram e o sorriso apagou.

Pergunto-me se ela pensa algo parecido enquanto olha para mim agora, que eu pareço outra pessoa com meu cabelo platinado e ganho de massa muscular pelo período no exército, mas não questiono em voz alta. Eu não falo absolutamente nada, como se, ao fazer isso, ela fosse desaparecer e revelar ser só um delírio meu.

Mas ela não é, obviamente.

Por causa do meu silêncio, a desconhecida parece se sentir na obrigação de dar início ao meu martírio:

"Oi, Aiden", ela murmura, parecendo nervosa.

E eu penso em todas as vezes em que ouvi meu nome sair de seus lábios e no quanto isso fazia meu coração bater forte de desejo e amor, mas que não é a mesma coisa agora. Agora isso me deixa triste.

"Por que você está aqui?" Não quero fingir que é só um reencontro qualquer, porque não é. "Como sabia onde me encontrar?".

Mary Ann parece surpresa com o meu tom de voz, embora devesse ter passado pela sua cabeça que era muito mais provável eu recebê-la com pedras nas mãos do que com flores depois de tudo. Não foram cinco dias de silêncio, inferno. Foram cinco anos!

Ela engole em seco.                                    

"Seu avô...".

"É claro que foi ele", a corto, nem um pouco surpreso. Acho que devia ter sido um pouco mais honesto com o velho sobre o que Mary Ann atualmente significa para mim ao invés de apenas ter encerrado a chamada na sua cara.

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