52. INESPERADO AMOR

119 21 75
                                    

Estou colocando a louça na máquina após o jantar, quando Antonella pergunta:

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Estou colocando a louça na máquina após o jantar, quando Antonella pergunta:

"A Starry Night vai abrir hoje?".

"Vai sim", ela fica em silêncio com a minha resposta, e então acrescento: "Por quê?".

"Isso significa que é minha hora de ir, não é? Para não te atrapalhar".

"Hum?".

Eu me viro para olhá-la e a encontro me fitando do balcão, onde está tomando sorvete de chocolate com pedaços de caramelo diretamente do pote.

Apesar da sugestão implícita em sua fala, seu olhar denota tristeza quanto à ideia de ter que ir embora e volto a me perguntar se será mesmo tão ruim assim para ela morar com os pais por um tempo.

De qualquer forma, mesmo sendo relativamente tarde, o que significa que a equipe da Starry Night já deve estar se preparando para abrir, eu não preciso ir trabalhar hoje. Julian e Lili me liberaram, dada toda a circunstância desfavorável sobre a investigação do envenenamento. Por isso, digo:

"Não se preocupe. Eu não vou para lá hoje".

"Por minha causa?".

"Também, mas não totalmente. Hoje o meu sócio e a minha gerente me deram folga por causa da investigação".

"Ah...".

Eu dou a volta no balcão para me juntar a ela e noto que Dom Quixote, em algum momento, veio para a cozinha e acabou adormecendo debaixo da mesa.

"Ainda assim, eu preciso ir", ela soa desanimada ao falar. "O Ren vai me matar, porque já é bem tarde e eu disse que não demoraria...".

Confiro as horas no meu relógio de pulso.

"São só oito da noite. É verdade que ele deve estar odiando ficar plantado no hospital para te dar cobertura, mas considerando que você ficará presa no palacete depois disso... parece cedo, do meu ponto de vista".

Uma parte minha se sente maléfica por falar isso com a intenção de que ela fique mais tempo comigo, porém é uma parte pequena perto da que sabe que, com a Princesa presa em seu palácio, nós dois não vamos voltar a nos ver tão cedo. A parte egoísta, que clama por mais tempo, é muito maior e é para ela que sou todo ouvidos.

Afinal, não parece completamente injusto que a relatividade do tempo faça com que ele pareça passar mais rápido quando estou com ela? Estamos aqui há horas, mas não parece nem perto do suficiente, e talvez nunca mais exista um suficiente. Algo que é aterrorizante, na mesma medida em que me empolga.

Antonella parece refletir a respeito do meu argumento.

"Pensando por esse lado, você tem razão", ela pende a cabeça para um lado enquanto dá batidinhas no lábio inferior com a colher, o que é um pouco torturante por levar toda a minha atenção para sua boca. "E, de qualquer modo, o Ren vai me matar mesmo se eu for agora, então acho que posso ficar um pouco mais", ela para de mexer no lábio com a colher para apontá-la na minha direção. "Isso é, se você não se incomodar".

SOBRE A REALEZA E PAIXÕES ACIDENTAIS - ATO I Onde histórias criam vida. Descubra agora