49. CÉU SEM ESTRELAS

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Eu estou sonhando com Chrysanthème outra vez

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Eu estou sonhando com Chrysanthème outra vez.

Todavia, o sonho parece ainda mais real do que o último e consigo enxergar todos os traços bonitos de seu rosto enquanto a encaro do outro lado de uma mesa de pedra em um jardim, onde um tabuleiro de Go repousa sobre o tampo.

Ela parece confusa enquanto encara o objeto.

"Perdoe-me alteza, mas eu não sei jogar. Este jogo não faz muito sentido para mim", a dama de companhia diz em tom de desculpas, como se fosse minha serva e estivesse falhando comigo.

"Você tem que criar casas e conquistar as do oponente. No final, ganha quem tem mais casas", minha voz soa diferente, mais grossa.

O Go é um jogo milenar e bastante popular na Ásia, mas perdeu espaço com o tempo e a chegada dos jogos eletrônicos. Apesar de saber quais são os objetivos, eu também não sei jogar.

Porém, no sonho, eu sei.

Sob os olhos atentos de Chrys, encaro o tabuleiro vazio e noto as peças brancas e pretas guardadas em recipientes ao lado. Com um movimento que é quase gatuno de tão leve, pego uma das peças brancas e a coloco em uma casa no meio do tabuleiro.

"Pense em cada peça como um membro da corte", o meu eu do sonho diz, e então percebo que minhas mãos não são minhas. As do sonho são bem maiores, com dedos longos e a pele mais dourada. "Ajuda a montar estratégias, se imaginar que são dois exércitos inimigos. A corte de Yiran e a corte de Yifan, disputando pela coroa. Ou, no caso do jogo, pelas casas do tabuleiro".

Chrysanthème me encara como se enxergasse através de mim, mas ainda com uma expressão confusa.

"Não faz muito sentido. Sua alteza não quer a coroa e o seu irmão já é rei".

"Quem sabe?" Eu dou de ombros e então pego uma peça preta, que coloco na mão da minha acompanhante. "Faça uma jogada, Crisântemo".

O sonho se dilui enquanto a antiga Dama Desconhecida me encara – ou melhor, encara o príncipe Yifan. E, apesar de saber que tenho outros sonhos enquanto durmo, não consigo me lembrar de mais nenhum quando acordo em um quarto muito iluminado e dou de cara com Ametista Greenhunter me encarando de uma poltrona.

A princesa parece séria, mas, acima de tudo, cansada enquanto me vela de seu lugar. 

"Mãe?".

Eu mal tenho voz e não demoro a sentir um incômodo na garganta, que está seca, mas o som é suficiente para que Ametista perceba que acordei e saia de seu lugar para ficar ao lado da cama, aflita.

"Oi, Tonton. Finalmente acordou".

Quero muito perguntar o que está acontecendo e porque não estou no meu quarto e ela está aqui, mas o que sai da minha boca é algo mais urgente:

"Pode me dar um pouco de água?".

Sinto-me terrivelmente exausta e mole, como se não tivesse acabado de acordar, e me pergunto se a minha aparência condiz com o sentimento, porque mamãe parece quase preocupada.

SOBRE A REALEZA E PAIXÕES ACIDENTAIS - ATO I Onde histórias criam vida. Descubra agora