PARTE UM:
Sobrinha do rei de Orion, Antonella Lawrence cresceu sob rédeas tão curtas quanto as de qualquer membro da família real Greenhunter. Apesar de a possibilidade de sua ascensão para uma posição mais alta na linha de susceção ser baixa, ela n...
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Faltam trinta minutos para a chegada de 2025 e, em um plano ideal, eu deveria estar mais feliz do que realmente estou enquanto aguardo pelo momento em que o show de luzes vai começar na capital de Orion esta noite. Estou tão consciente disso que até posso listar na minha mente quatro motivos para pensar assim:
1). Eu sou uma pessoa privilegiada. Dinheiro não é e nem nunca foi um problema para mim e, no mundo capitalista em que vivemos, isso por si só já seria motivo de felicidade para muita gente;
2). Sou parte da realeza de um país com economia em ascensão. Na prática, eu não sou ninguém muito importante, mas na teoria sou uma Lady tratada por muitos como princesa, o que me dá muitos privilégios a mais;
3). Além disso, contra todas as minhas expectativas, algo que escrevi foi considerado bom e chamou a atenção da pessoa certa, que me fez um convite praticamente imperdível;
4). Por fim, estou na festa mais cobiçada pelos jovens da cidade, cujo convite chegou a ser vendido por quase dois mil dólares de maneira ilegal, apenas porque Aiden Kannenberg, o anfitrião dela, é uma borboleta social que tem em seus círculos de amigos desde o príncipe herdeiro do país até as filhas influenciadores do Laurent Wasserman
Contudo, apesar disso tudo, a realidade é que é réveillon e eu estou completamente infeliz. Os quatro principais motivos para isso são:
1). Na verdade, o dinheiro que tenho não é meu. É só o dinheiro que ganho por ser filha dos meus pais, e duvido que continuaria recebendo, se não vivesse exatamente como eles querem que eu viva;
2). Na prática, ser da realeza é mais chato do que um leigo pode pensar. São tantas regras quanto benefícios e, sendo radical, as coisas se anulam e tudo funciona como uma grande gaiola de ouro;
3). Por ser quem sou, mesmo com o suposto talento que tenho, não posso ser escritora. De um modo simples e direto, um membro da realeza não pode fazer absolutamente nada que influencie o povo, além da política. E essa regra ganha o dobro do peso para mim quando sou a sobrinha do atual rei, cujo reinado já foi contestado por vezes o suficiente para que meu único dever seja não me tornar mais um problema;
4). Por fim, eu detesto festas, mesmo as consideradas mais imperdíveis. Sendo honesta, só estou em uma nesse exato momento porque não aguentei o clima do jantar em família quando tenho tanto me incomodando a alma. Por isso, perto de encarar os meus pais com tantas expectativas sobre mim que não condizem com o que eu quero, uma festa não pareceu tão ruim. Então vim para cá com o meu irmão mais novo, que rapidamente me trocou pelo seu namorado – e quem sou eu para julgá-lo por isso? Se eu tivesse um namorado, também o trocaria. Mas, obviamente, não é o caso ou eu não estaria tão profundamente mergulhada em pensamentos deprimentes.
"Patética, Antonella".
Caminho pelos corredores do andar térreo da mansão Kannenberg de maneira exploratória. O lugar é tão grande quanto uma ala do palácio ou o palacete dos meus pais, o que me ajuda a sair do tédio. Há muito para ser visto, desde os objetos expostos sobre aparadores à quadros dos antepassados. O Sir Max Kannenberg era muito bonito quando jovem... e vivo.