Três dias depois da confusão causada por Donna, de repente acredito que só posso ter ido parar em alguma realidade alternativa totalmente equiparada a um pesadelo. É a única explicação possível para o que o meu avô fala ao telefone, depois da bronca colossal para a qual eu já havia me preparado para receber quando ele entrasse em contato.
Todavia, a preparação nem de longe abrangia ao que ele me diz, depois que cansa de me esculachar:
"Falei com o velho Karl Johnson recentemente no clube de golfe e ele me disse que a neta voltou para Orion há cinco dias e está hospedada em sua casa. Disse que ela perguntou sobre você e imagine só a minha vergonha quanto a ter que falar sobre o que andam dizendo a seu respeito por aí, Aiden Kannenberg".
Isso é impossível, eu penso. Completamente impossível depois de tudo, pois a única neta de Karl Johnson que conheço é a minha Mary Ann e não posso acreditar que ela simplesmente voltou depois de tanto tempo e não me falou absolutamente nada. Se eu acreditar nessa possibilidade, o meu mundo vai ruir outra vez, assim como quando ela partiu sem se despedir.
"De quem o senhor está falando?" Pergunto mesmo sabendo a resposta, porque preciso que ele me diga que conhece mais de um Karl Johnson com uma neta que possa querer saber sobre mim. Ele tem que conhecer.
Mary Ann teria que ser cruel demais para tratar a situação entre nós com uma simplicidade que não existe. Ela não pode querer fingir que foi passear por três dias e está de volta quando, na verdade, passaram-se cinco anos de quase completo silêncio. Ela não...
"Mary Ann, é óbvio. Você, por acaso, está bêbado para ser incapaz de ligar uma coisa à outra, moleque?" Completamente alheio ao quanto essa novidade mexe comigo, vovô dispara.
Apesar de ele saber sobre o nosso antigo relacionamento, para o velho senhor Kannenberg, eu não estou refém dessa história. Não quando todos os rumores que ele fica ciente a meu respeito envolvem mulheres diferentes a cada semana. Por isso, trata a volta de Mary Ann como uma notícia qualquer e, definitivamente, esse não é o caso.
A volta dela é algo que vai acabar completamente comigo ou me fazer voltar a viver. Não existe um meio termo.
"Eu preciso desligar agora, vovô", ainda estou tentando absorver suas palavras e, talvez, tenha ficado em estado de choque. "Entro em contato com o senhor mais tarde".
Apesar de saber que é motivo para outra bronca no futuro, eu não lhe dou chance de responder e apenas encerro a chamada, largando o celular sobre a mesinha ao lado do sofá.
Todavia, acabo pegando o aparelho de volta para fazer algo que normalmente não me permitiria: olhar o Instagram de Mary Ann, pois, sendo ela uma modelo com carreira consolidada em Taiwan, talvez eu encontre informações sobre a sua atual localização.
Ao abrir a página, evito olhar suas fotos principais e vou para a aba das histórias, onde sua última postagem é uma foto com o avô e um primo em que a legenda diz "matando a saudade da comida de Orion em um almoço especial".
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SOBRE A REALEZA E PAIXÕES ACIDENTAIS - ATO I
RomancePARTE UM: Sobrinha do rei de Orion, Antonella Lawrence cresceu sob rédeas tão curtas quanto as de qualquer membro da família real Greenhunter. Apesar de a possibilidade de sua ascensão para uma posição mais alta na linha de susceção ser baixa, ela n...