PARTE UM:
Sobrinha do rei de Orion, Antonella Lawrence cresceu sob rédeas tão curtas quanto as de qualquer membro da família real Greenhunter. Apesar de a possibilidade de sua ascensão para uma posição mais alta na linha de susceção ser baixa, ela n...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Observo os olhos cinzentos de Antonella Lawrence se arregalarem com o que ela escuta ao telefone e fico tenso de que ela esteja falando com o cretino do namorado quando não faz nem vinte e quatro horas desde que o vi agarrado à outra menina na Starry Night.
No momento é, no mínimo, alguma sacanagem divina que eu tenha encontrado justo a Princesa no Begônia Rouge hoje, quando estou me perguntando como e se devo falar para ela o que vi. A sua aparição é quase como se os Ancestrais quisessem mandar um sinal de que tenho que abrir a boca, mas, por outro lado, não estou nada confiante. Para todos os efeitos, o cara é namorado de Antonella e eu não tenho nenhuma prova da traição, além da minha palavra com pouca credibilidade.
Por isso, ainda estou ponderando se devo tentar ou não tocar no assunto quando vejo Antonella se levantar do banco que havia ocupado há poucos minutos.
"Pode esperar antes de iniciar o drama? Eu prometo que chego em casa em trinta minutos, mãe".
Fico aliviado ao saber que não é Neal ao telefone e sim a princesa Ametista, muito embora reconsidere o alívio quando percebo que Antonella parece tensa ao desligar.
"Aconteceu alguma coisa?" Acabo me solidarizando. Sua cara ao guardar o celular na bolsa não é nada boa.
"Digamos que a minha mãe só descobriu o óbvio", a princesa não diz nada com nada, mas deixa escapar uma careta. "Sinto muito, Aiden, mas a nossa conversa vai ter que ficar para depois. Eu preciso ir", ela me oferece um sorriso de desculpas, sem mostrar os dentes. "A gente se encontra por aí. Boa noite!".
"Boa noite!" Não tenho tempo de falar mais nada antes que ela siga até o caixa, para pagar a conta.
Fico olhando Antonella até que ela saia da Begônia Rouge e sou apoderado por uma sensação de culpa quanto a não ter lhe falado nada do que sei, a qual me faz beber o restante do café como quem adoraria que fosse uma dose de uísque.
Não acredito que não disse nada!
Tudo bem, havia uma chance de ela não acreditar em mim e nós nem sequer somos amigos ou algo do tipo, mas, se eu tivesse falado, isso ao menos me faria ter algum alívio de consciência. Afinal, eu teria feito a minha parte e seria papel da princesa acreditar em mim ou não. É na cabeça dela que estão os chifres, no fim das contas.
"Droga, Aiden", repreendo-me baixinho.
"Deu para falar sozinho agora?" Alba se aproxima, olhando-me com o mesmo sorrisinho provocativo da semana anterior, quando sentei nesse mesmo lugar e a ouvi fazer piada sobre o açúcar de Donna.
"Você não tem nada melhor para fazer, além de me atormentar?".
O seu sorriso se acentua.
"A cafeteria não está tão movimentada agora", ela diz. "Eu posso te aporrinhar por alguns minutinhos", Alba se inclina no balcão, olhando-me com um sorriso travesso ao me provocar: "Então você já está saindo com uma garota nova?".