Entre Elas

Inseguranças

Pov
Mariana

Eu cheguei cedo na maternidade, queria ficar o máximo com a minha mãe e o Dieguinho antes de viajar, mas no fundo, a verdade era que estava fugindo da Ana.

Meu coração andava extremamente apertado por ficar tanto tempo longe dela... Acontece que empresa para qual eu estava trabalhando em Tijuana, era um pouco rígida em relação ao trabalho e me concederam apenas três dias de folga.

Estava amando esse emprego, era empolgante, desafiador, e em breve começaria em um novo projeto, mas ao mesmo tempo era tão longe, odiava isso, toda hora eu ponderava internamente sobre estar longe de quem eu amo.

Queria poder dividir isso com a Ana, mas do jeito que era controladora, ela iria insistir que eu deveria permanecer e que minha carreira era importante, que vinha em primeiro lugar. No fundo eu me sentia sozinha com esse conflito. E no fim não tinha muito com quem dividir...

Ontem depois que transamos eu fiquei com esses pensamentos e talvez eu tenha sido um pouco fria, distante... Desde então estou distante e Ana deve estar achando o pior.

Estava perdida nesses conflitos internos, mas não deixei que transparecesse para minha mãe que estava radiante. Victor também, estava se saindo um pai muito "babão". Ajudei minha mãe o máximo que pude, principalmente com a parte da amamentação e dos primeiros cuidados com o Dieguinho. Ele era tão lindo eu estava simplesmente apaixonada...

A médica obstetra passou no quarto para informar que minha mãe estava de alta. O pediatra já tinha dado alta para o Diego que também estava ótimo.

- Filha, pega o telefone, preciso avisar ao Victor que estamos de alta. - Teresa me pediu e eu a obedeci. Entreguei o telefone.

- Deixa eu pegar meu irmãozinho para você ligar... - peguei o bebê do colo dela e comecei a fazer gracinhas com ele no colo: - Olha só Dieguinho, sou sua irmã mais velha e vai ter que me obedecer... - comentei carinhosamente. A porta de abriu e Ana entrou no quarto. Meu corpo inteiro gelou, era quase sempre assim quando eu a via, me sentia nervosa, principalmente agora que ando "fugindo" dela.

Ela se aproximou de mim sorrindo, elegante e cheirosa como sempre, as vezes penso que tirei a sorte grande. Ela tocou no meu braço apoiando a mão sob a cabecinha do bebê e falou:

- Mas que rapaz mais lindo meu sobrinho... Posso pegar?! - ela pediu olhando para mim, eu consenti com a cabeça e então ela acalentou o bebê no colo. Era lindo ver Ana com os filhos, com bebês, ela era tão cheia de segurança e carinhosa ao mesmo tempo. Com certeza fiquei com cara de apaixonada olhando para ela. Me perdi nela, até que ouvi uma voz ao fundo, era minha mãe:

- Filha, vem aqui rapidinho... - minha mãe que estava no telefone com o Victor me chamou, voltei a mim e me afastei da Ana.

- O que houve mãe? - indaguei preocupada.

- O Victor está perguntando aqui o nome da bomba de tirar leite que você indicou...

- Medela, é a melhor. Mas pede para ele comprar a elétrica... A Manual dá muito trabalho.

- Obrigada filha. - minha mãe agradeceu e cumprimentou Ana com os olhos.

Ana se aproximou da gente com o Dieguinho adormecido nos braços e sussurrou no meu ouvido para não atrapalhar a ligação:

- Sua mãe recebeu alta?

- Sim, a médica acabou de liberar ela. O pediatra liberou o bebê mais cedo, ou seja, estão liberados. - sussurrei de volta, senti sua respiração, nossos rostos estavam próximos, meu coração acelerou e minha reação foi de me afastar um pouco da Ana. Ela por sua vez franziu a testa estranhando meu comportamento.
Eu estava fazendo isso tudo por conta dos meus conflitos.