Morangos Verdes

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Ana
Pov

Fiquei chateada por ter sido "desmentida" na frente da tal Ximena.Sentei na cama ao lado do berço da Regina e comecei a dar carinho em sua cabeça.

Eu achava que eu e Mariana já estavamos prontas para dar o passo, vínhamos firmando um relacionamento sério há alguns meses... Claro que pretendo ainda fazer um pedido formal, especial, mas até lá, pensava que ela projetasse um futuro comigo.

Às vezes a Mariana é tão evasiva e desconfortável que me sinto perdida. Essa tal "Ximena" tinha que ser tão atraente??? Odeio sentir essa insegurança com a Mariana, será que um dia isso vai passar?

Acontece que, no passado, quando eu achava que estavamos no mesmo compasso, ela jogou um balde de água fria em mim confessando estar apaixonada pelo Ferrán. Só de pensar nele revirava meus olhos... Mas enfim, minha terapeuta tem reforçado, e eu concordo com ela, que a minha insegurança em relação a Mariana vem daí e de outras questões do meu passado.

Me perdi em meus pensamentos e por fim, já era tarde, acabei adormecendo na cama. Dormi segurando na mãozinha da minha filha, o berço era praticamente acoplado à cama.

Acordei assustada com o chorinho da Regina. Mariana estava deitada ao meu lado. Ela levantou prontamente, deu a volta na cama e pegou a Regina para acalma-la. Eu sentei na cama e as observei.

- Será que é fome? - indaguei preocupada.

- Não, acho que não... Desde que viemos para cá, ela tem tido esses despertares noturnos, às vezes acho que ela sente falta de vocês. - Mariana falou enquanto ninava Regina de pé.

- Da próxima vez trago a Valentina. Quando elas ficam juntas dormem tão bem...

- Vamos adorar. - Mariana comentou sorrindo, ficamos em silêncio, até que eu perguntei em meio a um bocejo:

- Que horas são? Acabei pegando no sono... - procurei pelo meu celular e não encontrei.

- Está ali, você dormiu em cima do celular, coloquei ele na cômoda. - Mariana apontou o aparelho. Eu levantei e peguei para ver a hora. Já passavam das duas da madrugada.

- Tem muito tempo que veio para o quarto?

- Ana controladora... - Mariana balançou a cabeca em negação e colocou Regina já adormecida no berço.

- Quando vai parar de se referir a mim dessa forma? - indaguei chateada, conversavamos baixinho para não acordar Regina.

- Que história é essa de estarmos "noivas"? - Mariana sentou do meu lado.

- É, eu... O que? - coçei a testa confusa e continuei: - Ué? Achei que...

- Ok... - Mariana respirou fundo e continuou: - Ana, tudo que eu quero é ficar com você, mas na atual conjuntura, eu não consigo classificar nosso relacionamento dessa maneira.

- "Classificar" nosso relacionamento? Como assim? - indaguei confusa.

- Bom, considero que estamos namorando. Além do mais, tem a questão da distância, do trabalho, projetos.... - Mariana percebeu que fiquei cabisbaixa e tocou em minha mão: - Ei! Isso não significa que não vamos dar esse passo.

- Mariana, olha, eu não estou confortável para falar sobre esse assunto. - dei uma pausa com um bocejo forçado e continuei: - Quer saber?! Estou morrendo de sono, é melhor dormirmos e amanhã podemos ter ou não alguma conversa. - deitei desanimada na cama e puxei o lençol para dormir.

- Ok... - ela concordou e deitou também. Eu virei de costas para ela. Não pude controlar, uma lágrima desceu dos meus olhos, estava me sentindo confusa e frustada... Até que de repente, senti a respiração da Mariana no meu pescoço, ela passou a mão pela minha cintura e se encaixou em mim ficando de conchinha comigo.

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