Mudanças

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Ana
Pov

Estar ali frente a frente com a Mariana mexia muito comigo, principalmente por te-la visto tão fragilizada nos últimos dias.

Depois que tirei a mesa da comida e sentei frente a ela, ficamos nos olhando por alguns segundos em silêncio, o suficiente para eu perceber que nossa química não havia morrido mesmo com tudo que aconteceu.

Nossa troca de olhares era tão intensa que era capaz de deixar nossas vulnerabilidades translúcidas abrindo uma para outra nossos sentimentos mais profundos.

Antes que tudo tomasse um rumo inapropriado, ajeitei minha postura na cama e quebrei o silêncio:

- Soube que vai ter alta amanhã.

- Sim, parece que já estou muito melhor. - Mariana respondeu animada.

- Fico feliz, você precisa se cuidar por você e pelas meninas. - pedi com sinceridade.

- Sim, eu sei. Isso não vai voltar a acontecer. - ela me respondeu com segurança.

- Que bom! Eu fico aliviada... - repondi, mas no fundo minha vontade era abraça-la e falar que tive medo de perde-la.

- Obrigada por ter me ajudado. - ela agradeceu e balancei a cabeça sem graça, ela continuou: - É sério Ana, se não fosse você eu não sei o que teria acontecido. - nos olhamos mais uma vez, franzi a testa e indaguei:

- Mariana o que pretende fazer daqui para frente?

- Como assim? - ela indagou confusa.

- Seu futuro, o da Regina...

- Eu tomei uma decisão. - ela deu uma pausa, se recompôs na cama, puxou ar para falar : - Decidi que vou me dedicar inteiramente as nossas filhas.

- Não entendi??? - indaguei confusa.

- Ana, internada aqui eu tive tempo para pensar e cheguei a conclusão de que não quero devidir meu tempo com as meninas e trabalho, quero acompanhar o crescimento delas, estar presente. Ser inteira para elas...

- O que está tentando insinuar? Que não cuido dos meus filhos? - indaguei irritada.

- Não, não! Eu jamais faria isso Ana. Te admiro muito, você é uma profissional perfeita e uma mãe incrível. Acontece que cheguei a conclusão de que isso tudo não é para mim...

- Isso tudo?

- Sim, o mundo corporativo, empresarial, viajens, mudanças, finais de semana trabalhando...

- E como pretende sustentar sua filha? - perguntei ainda confusa.

- A princípio pensei em um emprego de meio período, algo simples com o qual eu possa me dedicar as nossas filhas.

- Um emprego de meio período não paga as contas Mariana.

- Conversei com minha mãe e ela se prontificou a me ajudar, o salão vai indo de vento e poupa e ...

- Espera! Se estou te entendendo bem, você quer parar de trabalhar para cuidar da casa??? - levantei da cama injuriada.

- Que mal tem isso Ana? Cuidar da casa, dos filhos é um trabalho como outro qualquer... Sabia que tem milhares de donas de casa que não são valorizadas???

- Não posso acreditar no que está me falando ... -  comecei a andar de um lado ao outro apertando as têmporas.

- Você tem algum preconceito com donas de casa?

- Não tenho preconceito, mas me diga, quando as meninas crescerem e já não precisarem tanto de você... O que pretende fazer? - finalmente parei para perguntar.

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