Jovem Sábia

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Pov
Ana

Cheguei atrasada na casa da amiga da Tamara. Ficava na cobertura de uma região privilegiada da cidade. Deve realmente ter boas bebidas lá em cima, pensei enquanto o elevador subia.

Assim que cheguei na porta do apartamento, me preparava para tocar a campainha, quando a porta se abriu antes que eu o fizesse...

Adivinha só?! Era a Tamara. Nos olhamos com intensidade e ela falou quase que engasgando pela surpresa em ter me visto:

- Estava descendo para pegar a comida japonesa que pedimos.

- E precisa descer? Eles não entregam aqui em cima? - indaguei confusa.

- Você realmente não conhece a Bárbara... Ela tem "toque". - Tamara falou praticamente me empurrando para fora do apartamento e me convidando a descer com ela.

- Toque? - indaguei confusa caminhando ao lado dela, entramos juntas no elevador.

- Na verdade é mais para um trauma que no final se tornou uma espécie se toque. Acontece que uma vez ela foi assaltada por um entregador, o pior só não aconteceu porquê o porteiro desconfiou e subiu em seguida a entrega. Isso tem muitos anos e desde aquela época Bárbara evita pedir qualquer coisa e quando o faz precisa que alguém vá buscar. Geralmente ela pede a algum funcionário, mas hoje deu folga a todos.

- Nossa, estou chocada... Nunca poderia imaginar que uma simples entrega poderia se tornar um pesadelo. Não é para menos que ela tenha ficado traumatizada, nem considero que seja um 'toque". - comentei assustada.

- Foi um verdadeiro sacrifício convencermos a pedir uma comida hoje. Se não fosse isso, ficaríamos só na bebida e imagina só...

- Uma catástrofe. - brinquei sorrindo e lembrei da minha última bebedeira com a Mariana e isso me deixou ligeiramente pensativa, até que Tamara me interrompeu:

- Você consegue se superar... - me encarou de cima a baixo.

- Me superar? - indaguei curiosa.

- Quando penso que não tem como ficar mais bonita, você vem e me prova que é possível. - Tamara me paquerou.

- Você falou tudo isso para dizer que gostou do meu look? - indaguei tímida.

- Falei tudo isso para falar que te acho muito, muito bonita... - Tamara me cantou olhando diretamente nos meus olhos, com isso nos encaramos sem ter noção do espaço e do que se passava ao nosso redor. Tamara se aproximou de mim, tocou na minha cintura e inclinou o rosto pedindo passagem para um beijo e quase cedi, mas eu logo recuperei meu eixo e dei dois passos para trás um pouco constrangida. O elevador me ajudou a quebrar o clima chegando no térreo. Tamara ficou nitidamente frustrada.

- Chegamos. - comentei e saímos para buscar a comida. Tornamos a subir segurando uma barca de sushi e vários sacos de papel, mas não tocamos no assunto do que quase havia acabado de acontecer.

- A festa deve estar cheia, aqui tem comida para um batalhão. - comentei olhando para todas as sacolas que carregavamos.

- Bárbara tem muitos amigos. - Tamara estava evitando me encarar, ela ficou de fato chateada por eu não ter correspondido a ela.

- Como vocês se conheceram?

- Desde que namoramos há quatro anos atrás. O namoro não deu certo, mas a amizade sim...

- Uau, eu e meu marido também nos tornamos amigos. Ele tem sido tão bom para mim. - comentei.

- Ja tivemos algumas recaídas, mas é só isso. Digamos que hoje temos uma espécie de amizade colorida.

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