Fragilidades

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Pov
Ana

Juan Carlos sentou-se ao meu lado e tocou no meu ombro para me consolar. Recostei minha cabeça em seu colo e ele falou:

- Algum problema?

- Todos. - me endireitei e falei olhando para cima, tentava secar algumas lágrimas insistentes com as mãos.

- Quer conversar?

- Minha vida emocional está uma bagunça e isso já não é de hoje... - lamentei com tristeza.

- Logo você que sempre gostou de manter o controle de tudo.

- Se tem algo que estou aprendendo é justo que não conseguimos manter essa parte sob controle... Juan, preciso admitir uma coisa. - dei uma pausa e falei: - Com você era tão mais fácil, mas com elas... - balancei a cabeça em negação.

- É tudo muito mais intenso. Sei bem como funciona. Mulheres! - Juan comentou sorrindo.

- Como você lida com isso? - franzi a testa confusa.

- Depois que nos separamos, aprendi a me amar em primeiro plano.

- E isso que não entendo... Eu costumava a me amar assim, mas ando perdida. - comentei confusa.

- E também aprendi mais três coisas, uma é não criar expectativas, ser eu mesmo e outra é ser honesto com a pessoa que estou. - ele me olhou com reprovação, me conhecia muito bem.

- Você é um bom homem... - sorri e toquei em seu ombro: - E tem razão, meu erro é justamente não estar sendo honesta comigo mesma isso acaba num efeito cascata.

- É de fato fundamental para manter a sanidade. - Juan comentou.

- Eu amo a Mariana, mas não consigo perdoa-la e para piorar me envolvi com outra pessoa que não amo e nem consigo amar...

- Pelo que pude observar ela gosta muito de você... - Juan se referiu a Tamara.

- Pois é, mas eu fui errada, dei "corda" para esse relacionamento e agora estou num beco sem saída, no fim vou acabar magoando a Tamara.

- Ana, você não errou, simplesmente achou que poderia esquecer a Mariana e se apaixonar pela Tamara.

- E quando vi que isso não iria acontecer, resolvi manter o relacionamento e para piorar o cenário, ainda acabei ficando com a Mariana escondida.

- Jura?! Que bagunça... Mas confesso que para mim isso não era novidade. Enfim, sua vida está uma "novela" dessas bem intensas. - Juan comentou preocupado.

- Eu falei... - sorri com algumas lagrimas nos olhos.

- Organize essa bagunça, você é boa com organizações, sempre foi. Tome algum controle e bom, você sabe o que fazer... - ele me abraçou e em meio a isso eu falei emocionada:

- Te amo...

- Também te amo, quero te ver feliz, seja com a Tamara, com a Mariana ou ate mesmo sozinha... Você vale muito. - Juan continuou a me abraçar, ficamos um tempo assim e nos separamos. Assim que o fizemos, ele me olhou, sorriu, secou minhas lágrimas.

- Você poderia se despedir de todos por mim? Preciso ir embora, não tenho vontade de ficar... - pedi desanimada.

- Claro, não se preocupe com isso. - Juan me tranquilizou.

- Ramón leva as crianças para a casa, vou pegar um táxi. - me despedi do Juan e fui embora para casa.

Pov
Mariana

Queria poder fazer algo pela Ana, mas quando cheguei do lado de fora a vi conversando com o Juan, então os respeitei, entretanto fiquei inquieta dentro do salão, quase que na espreita da Ana retornar. Quando me deparei com Juan, corri atrás dele e perguntei:

- E a Ana?

- Foi embora, pediu que eu avisasse a todos.

- Como ela está? - franzi a testa preocupada.

- Melhor você dar um tempo para ela... Acho que Ana precisa colocar as idéias em ordem. - Juan comentou e foi sentar com a Fernanda.

Eu fiquei pensativa e de mãos atadas. Vi que Elena estava sentada sozinha em uma mesa e me aproximei para sentar com ela.

- O que faz sozinha?

- Num batizado? Bom... Apenas aproveitando o momento em família... - Elena debochou, pois de fato em um batizado não havia muito o que fazer.

- Está e entediada? - indaguei.

- Estava sim... Até que vi Ana correndo pelo salão atrás da Tamara e você segurando o vestido dela, aí nesse momento me diverti um pouco.

- Elena! - repreendi Elena.

- A Tamara correu primeiro, depois veio a Ana e você pendurada segurando o fecho da roupa dela... - Elena continuou brincando.

- Foi um mal entendido. - respondi.

- Sei... - Elena serrou os olhos desconfiada.

- Foi mesmo! Na verdade, estava ajudando a Ana no banheiro, o vestido dela machucava e Tamara chegou bem na hora.

- Ajudando com o vestido que estava machucando? Eu também não iria engolir... - Elena comentou.

- Se eu te contar uma coisa, não vai surtar???

- Depende... - Elena me olhou desconfiada.

- Eu e Ana ficamos juntas há algumas noites atrás.

- Juntas?

- Sim, totalmente juntas.

- Ok, só para confirmar, vocês transaram? Ou foi só um selinho? Porque da última vez foi só um selinho...

- Transamos.

- Uau! Uau... Então Tamara tinha motivos. - Elena arregalou os olhos surpresa.

- De certa forma, se ela for reclamar do retroativo, sim. Mas Elena, juro que não me sinto nem um pouco orgulhosa disso.

- Vocês estão agindo mal e isso não vai acabar bem. Como foi?  - Elena me repreendeu.

- O que???

- O sexo...

- Incrível, temos uma química, que sem ofensas, nunca tive com algo assim ninguém. - respondi com receio da Elena se magoar, pois ja havíamos namorado no passado.

- Não me ofendi... Essas coisas precisam ter a sintonia perfeita para funcionarem. Mas então, o que falta? O que Ana ainda faz com a Tamara?

- Não é simples... Acontece que depois de ficarmos juntas, Ana me expulsou como uma qualquer.

- Espera?! Pelo que entendi, ela te seduz, te usa e te expulsa???

- Eu estou me sentindo muito mal com isso. E não foi apenas uma vez, teve outra noite que não chegamos a transar, mas ficamos juntas assistindo a um filme, logo depois ela me expulsou também.

- Jura?! É mais sério do que eu pensava....O que ela alega quando te expulsa???

- Que não vai me perdoar pela minha traição com a Ximena.

- E ela está fazendo o que com a Tamara???

- Exatamente Elena! Ana não está agindo com coerência...

- Sabe o que penso...

- O que?

- Que deve deixar ela com medo de te perder. Sei lá, vamos pensar em algo para ver se ela reage... Colocar essa bagunça toda à prova.

- Não sei se tenho energia para isso amiga.

- Então você vai ficar pagando de "prostituta" ou amante a vida toda??? Mariana, eu te conheço e sei que não é isso que você quer... - Elena comentou.

- Você tem razão, mas me sinto fragilizada. - Lamentei com os olhos marejados.

- Vem aqui amiga... Não gosto de te ver assim. - Elena me abraçou e continuou: - Não deixa ela te usar mais, por mais que você a deseje, resista e vamos bolar algum plano para ver qual é a da Ana. - Elena comentou, me consolou e conversamos mais um pouco até que por fim o batizado se encerrou e fomos todos embora.

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