"Streaming"

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Pov
Mariana

Estar com Ana tão próxima e sendo carinhosa comigo, me deixava confusa, tudo que eu queria era ir embora correndo, antes que eu cometesse alguma loucura. Ana me deixava completamente fora do eixo.

Virei para buscar Regina no quarto e escutei meu nome ressoar ao fundo. Virei imediatamente e notei que Ana me chamava. Parei de andar e falei:

- Oi?! - ela se aproximou de mim e falou:

- Sabe que tem tempo que quero fazer uma coisa, mas fico adiando... - ela comentou olhando para cima pensativa.

- Jura? E o que seria essa "coisa"? - indaguei.

- Assino essas plataformas de "streaming" e nunca assisto a nada...  Sempre estou correndo de um lado ao outro. - ela comentou me encarando.

- Você está me convidando para assistir uma série ou filme com você? -fui ousada e indaguei franzindo a testa com um sorriso no rosto.

- Eu gosto de companhia para essas coisas... - ela respondeu me olhando nos olhos.

- É... - olhei para baixo com timidez e continuei: - Ok, mas você gosta de pipoca?

- Sou totalmente compulsiva com pipoca, inclusive no outro dia fui ao cinema e... - ela ia falar algo, mas notei que travou em continuar. Ficamos em um breve silêncio, até que me pronuncei:

- Ok, vai escolhendo um filme que vou fazer pipoca, tenho uma receita melhor que a do cinema. - sorri, dei uma piscada e fui para a cozinha.

Ela foi para a sala configurar a TV para assistirmos algo.

Foi difícil encontrar o milho para pipoca, não queria acionar a Alta, depois de tanto procurar, consegui fazer minha receita. Eu aprendi a fazer pipoca gourmet com um amigo há anos atrás.

Por dentro meu corpo inteiro se estremecia, iria assistir um filme a sós com Ana Servin, minha Ana...pensei.

Cheguei na sala com o balde de pipoca, Ana estava confortável no sofá me aguardando, ela olhava no celular distraída. Parei um segundo, estava num ponto em que ela não podia me ver, então olhei para o cenário e meu coração se encheu de paixão. Não tinha me dado conta de um detalhe quando recebi o convite... Seria muito difícil me controlar ficando ao lado dela durante todo o filme. Eu teria que me controlar muito. Respirei fundo e tentei me auto regular antes de me aproximar dela.

Me aproximei dela e falei:

- Escolheu um filme? Espero que seja bom... - ela que estava distraída, se endireitou no sofá e falou:

- O que acha desse??? - ela apontou para a tela um filme desses de romance clichê. Entrei em pânico e falei:

- Ana, passei o dia todo cuidando das meninas, não tem algo com mais ação?

- Não gosto muito de ação... - ela respondeu.

- Terror, o que acha? - implorei.

- Fico meio cismada com filmes de espíritos... - ela não cedeu.

- Me dá o controle... - repousei a pipoca no braço do sofá e peguei o controle da sua mão. Nossas mãos se encostaram e nos olhamos. Ela desviou o olhar e logo recolheu a mão para junto do corpo.

Comecei a procurar por um filme e achei um de suspense que iria manter a gente entretida e uma distância saudável e segura.

- O que acha desse?  - indaguei. Ela pegou o óculos para ler a sinopse e falou:

- Ok, concordo, parece ser interessante. - ela tirou os óculos e me olhou sorrindo. Eu estava muito nervosa com essa situação.

Entreguei o balde de pipoca para ela e sentei com um lugar de distância dela.

- Experimenta minha pipoca, tenho certeza que não comeu nenhuma que seja melhor... - pedi e aguardei ansiosa que ela experimentasse.

- Mariana, definitivamente essa é a melhor pipoca que já comi! Como você... - ela começou a comer compulsivamente.

- Calma! Assim não vai sobrar nenhuma para o filme. - comentei brincando.

- Falei que eu era compulsiva... - ela deu uma freada e sorriu timida.

- Posso dar "play"? - pedi segurando o controle. Ela concordou com a cabeça e então o filme começou.

Era um filme agitado, tinha ação e o suspense conseguiu prender a nossa atenção. Entretanto durante o filme trocamos alguns olhares, Ana estava bem atirada, os olhares dela eram convidativos, eu não sabia como acolher isso, estava confusa. Nossas mãos se esbarraram algumas vezes no pote de pipoca e em uma dessas vezes, eu resolvi ousar um carinho com meu dedo mindinho na mão dela. Achei que ela fosse tirar a mão correndo, mas por incrível que pareça, ela manteve a mão imerça dentro do balde como se estivesse consentindo o carinho e quisesse que eu continuasse. Olhei para ela, mas ela mantinha o olhar preso na tela. Senti frio na barriga, pois em um dado momento ela retribuiu ao carinho na minha mão da mesma maneira. Era como se fosse algo clandestino, estava rolando, mas nos perguntasse iríamos negar.

Depois de alguns toque e carinhos assim, dentro do balde da pipoca, o filme acabou, a pipoca também. Ana me olhou e falou:

- Acho que poderiam ter colocado a coajuvante fazendo parte da solução no final do filme. Achei a personagem boa, mas no decorrer do filme, ela solta e sem função. - Ana comentou injuriada.

- Essa é sua maneira de falar que não gostou do filme?

- Gostei mais da sua pipoca. - ela sorriu e me olhou com uma conotação romântica. Eu franzi a testa e balancei a cabeça confusa.

- Posso fazer mais vezes... - comentei sorrindo.

- Porquê sentou tão longe? - ela indagou dando uma de "sonsa".

- Eu sentei? Achei que estava perto o suficiente. - respondi sem graça, Ana passou o balde vazio para o outro lado e se arrastou por um assento do sofá. Eu franzi a testa ainda perturbada e indaguei: - O que foi? O que está fazendo?

- Você faz muitas perguntas... - ela passou a mão no meu pescoço me olhou pedindo passagem para um beijo, por dentro sentia o tempo inteiro meu corpo inteiro tremer, mas consenti. Ela me beijou e soltou meus lábios, me olhou confusa. Ana parecia estar confusa com seus próprios sentimentos. Nos olhamos com carinho, passei a mão pelos seus cabelos e resolvi tomar a iniciativa de beija-la de novo, dessa vez foi um beijo mais intenso, pedi passagem com a língua, ela consentiu e nossas línguas se entrelaçaram. Em meio ao beijo a deitei no sofá e sem parar de beija-la, passei a mão pelo seu corpo, ela fazia o mesmo com sua mão ia explorando meu corpo, claro que tudo por cima das roupas.

Não podia acreditar no que estava acontecendo...

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