Capítulo 24

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3200palavras

Tinha acabado de entrar na casa, seguindo a mãe, decidida a encontrar um lugar silencioso e longe de todas aquelas pessoas, para poder ficar em paz para continuara leitura.

Apesar de toda a reclamação e argumentos para poder faltar aquela festividade, não conseguiu convencer dona Jennifer, e assim se viu obrigada a seguir viagem. Isso a infligiu um humor ácido e amargo, no qual só piorava ao passar dos dias.

A única coisa que a manteve minimante disposta foi a leitura maravilhosa de "As afinidades eletivas" de Goethe, que narrava a história de um casal - Eduard e Charlotte - em que ambos se apaixonavam ao mesmo tempo por outras pessoas que eles mesmo tinham convidado para sua casa.

Tinha devorado o livro com avidez, apesar das inúmeras interrupções. Por sorte, tinha levado outros livros consigo, na expectativa de poder lê-los naquele final de semana.

Já tinha tudo planejado em sua mente. Iria levantar cedo, fazer o dejejum junto a família, depois passaria a tarde toda a ler e, caso se sentisse disposta, talvez uma volta pela propriedade.

Sabia que a família Roberts tinha um belo haras, com os mais magníficos puros-sangues, e isso podia a fazer se interessar por um passeio ao ar livre.

Estava confiante com tal plano. Sabia que ninguém a incomodaria, já que poucas pessoas se interessavam por sua pessoa, com exceção da família. Mas, se ficasse em sua presença por no mínimo uma hora por dia, já ficariam satisfeitos e não a importunariam mais.

Atravessou o hall de entrada logo depois de ter cumprimentado os anfitriões, ao encalço de sua mãe, que estava muito disposta a encontrar um lugar confortável para descansar.

Tinha que admitir que estava deslumbrada com a arquitetura daquele lugar. Já esteve ali inúmeras vezes antes, mas sempre que atravessava a arcada e adentrava no salão de recepção, se sentia deslumbrada com a imagem das duas escadas douradas a subir em um leve espiral, e no centro delas, uma pintura que recobria a parede em toda sua extensão. Ela retratava uma pequena multidão de figuras mais ou menos exóticas mergulhadas em uma vaga luz idealizada. Ao centro da composição observava a Sagrada Família e os Reis Magos ajoelhados, a fazer suas ofertas ao Menino Jesus. O que chamava mais sua atenção era o realismo das cores, dos movimentos, das características físicas daquelas pessoas.

Parou e ficou a observar tal imagem, fascinada pelos detalhes, curiosa para saber como tinha sido pintado cada detalhe.

Estava absorta em pensamentos, não prestando atenção em nada a sua volta, quando acabou se sobressaltando com a presença de uma pessoa, que lhe direcionou a palavra:

- É impressionante e bem realista.

Um rapaz de voz rouca pronunciou, chamando sua atenção de imediato, curiosa por saber mais sobre o que ele pensava daquela imagem.

Reparou que o conhecia.

O que não era nenhuma novidade, já que conhecida praticamente todas as pessoas que estavam ali. Mas, se surpreendeu ao constatar que se tratava de um dos irmãos de Leone.

Tinha quase certeza que ele se chamava Douglas.

Achou estranho ele estar lhe dirigindo a palavra, já que nunca antes tinham trocado sequer um olhar. Mas, agora ele estava ali, disposto a conversar. E isso a instigou a falar. Nunca tinha imaginado que o filho do visconde se interessava por arte. Mas, parecia que tinha se enganado.

Se sentiu animada de imediato para falar sobre suas impressões, mas ele não lhe deu tempo, voltando a falar, sem nem ao menos olhá-la:

- Isso é bem estranho. Na verdade, penso que deve ter sido um desperdício de dinheiro, ao trazer algo tão banal quanto isso para cá.

Wedding Tales - Contos De CasamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora