Capítulo 44

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2576palavras


Tinha aceitado o convite apenas por educação.

E também, Audrey não via nenhum problema em conversar um pouco com o rapaz. Não o conhecia, mas o pouco que falara até aquele momento, já deixou claro que era diferente do senhor Stewarts, o que significava que não se desapontaria.

Ou foi o que imaginou.

O rapaz que se chamava Ismael, foi muito gentil e educado, a dirigindo a palavra com cortesia, parecendo estar muito interessado em sua companhia.

Confessava que tinha achado estranho tal interesse repentino por sua pessoa, ainda mais depois de toda a situação que vinha enfrentando com o outro. Mas, também confessava que estava curiosa para saber mais sobre o rapaz que nunca havia conversado antes.

Naquele dia em particular não tinha acordado muito bem, sua cabeça doía, dando leves pontadas na têmpora direita. Isso se devia a sua insônia noturna, onde, para seu completo desgosto, não conseguiu pregar os olhos a ficar pensando no bem-estar daquele homem. Detestava admitir, mas estava com uma parcela de preocupação pela saúde do Wallace, e isso acabou por arruinar sua noite.

Logo que acordou pela manhã, notou que ainda chovia bastante, o que a agradou, já que amava climas mais amenos e tempestuosos. Mas, infelizmente, tal alegria não era compartilhada por terceiros, que ficavam a reclamar do clima.

Sem ter muita intimidade para se ver a conversar com os outros convidados, se limitou a sentar ao lado da janela com seu velho companheiro entre as mãos, disposta a passar o dia a folhear suas folhas amareladas e desgastadas pelo tempo.

Mas, para seu completo desespero, não conseguiu passar da primeira página, tão distraída que estava.

Por mais que tentasse, não conseguia tirar de sua cabeça a ideia de que o Wallace deveria estar morrendo em uma estalagem qualquer, preso sem socorro, devido à chuva. Sabia que não tinha nada a ver com isso, e que não deveria pensar em tal assunto, mas era inevitável.

Já era a décima vez que tentava reler o mesmo parágrafo, quando sua atenção foi chamada por aquele rapaz, que de forma alegre a convidou para um passeio pela galeria da casa.

Sem hesitar, aceitou. Não tinha nada a perder, e sabia que uma companhia a ajudaria a anuviar a mente e parar de pensar em assuntos que não lhe diziam respeito.

Rumaram para fora da biblioteca sem prestar muita atenção as pessoas a sua volta. No começou sentiu-se constrangida, sem saber o que falar, ficando apenas a sorrir cortesmente de lado, logo desviando o olhar para qualquer lugar que não fosse a dele. Mas, não demorou muito para que o moreno começasse a falar.

E, para seu completo desespero, parecia que nunca mais pararia.

-Estou muito feliz pela senhorita ter aceito meu convite. Me sinto muito grato pela dama estar a compartilhar de seu tempo com a minha pessoa.

Achou as palavras encantadoras, estava abrindo a boca para o agradecer, mas não teve tempo, tendo o mesmo voltando a falar.

-Acredito que a galeria deve ficar nessa direção - falou perdido, olhando para os lados.

Sabia muito bem onde se localizava, pois já fora àquele lugar por diversas vezes. Tentou lhe contar, mas novamente se viu perdida, sem conseguir abrir a boca, com todo o falatório do rapaz.

-Ou será por aqui? Bem, não tenho muita certeza.

Ficaram a rodar por alguns instantes, perdendo um tempo precioso, no qual poderia estar a admirar as belas pinturas.

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