1159palavras
Olhava para o palco preparado unicamente para a apresentação do recital dos Stewarts.
Infelizmente, tal evento se tornara uma tradição, ocorrendo todos os anos durante a temporada.
Mas, não entedia o porquê de isto ter acontecido.
Era de conhecimento geral que ninguém se sentia imensamente feliz em comparecer a casa do visconde, para ficar por intermináveis três horas sentados a ouvir as piores apresentações possíveis de todos os parentes distantes deles.
A única coisa que realmente serviu tal evento foi para descobrir que a família Stewarts era imensa, com parentes até de décimo grau. E, infelizmente, nenhum deles era dotado de algum talento excepcional.
Eram apenas comuns, mais do mesmo. E isso a entediava.
Por mais que Audrey amasse música, não conseguia ficar mais de meia hora sentada apenas a contemplar tal feito, quiçá três horas.
Mas, apesar de saber que ninguém gostava muito do evento, curiosamente todos faziam questão de comparecer, para que assim no próximo dia pudessem falar mal de alguém que se destacara negativamente dentro de toda a apresentação.
Não gostava de tais atitudes e não compartilhava do hábito, mas, isso não queria dizer que apreciava o acontecimento, pois, seria mentira.
Aparentemente, os únicos Stewarts que não participavam do recital eram os próprios anfitriões, o que, a seu ver era muito estranho. Uma vez até mesmo ouviu Leone fazer chacota do próprio evento, deixando claro que até mesmo ela achava toda a situação deveras desnecessária.
E, mesmo assim, todos os anos promoviam o mesmo evento.
Suspirou entediada, olhando a movimentação a sua volta, com as pessoas a conversar em alguns cantos da sala apenas a esperar o início da tortura, para tomarem seus assentos.
Estava sentada de forma nada satisfeita na primeira fila. Local onde praticamente todos evitavam, porque seria obrigado a depositar uma atenção maior por educação, o que, é claro, ninguém desejava.
Sabia que o que todos queriam mesmo era o que vinha depois do recital, com os comes e bebes muito bem servidos.
Mas, para seu completo desânimo, estava exatamente no lugar que menos queria. Tudo graças a sua querida mãe que a fizera se sentar ali para lhe fazer companhia.
Estranhamente, Jennifer não queria perder nenhum detalhe da apresentação, para que fosse a primeira a saber quando as coisas começassem a desandar e, assim, no outro dia, poder falar com suas amigas sobre o desastre eminente.
E, infelizmente ela deveria ficar para lhe fazer companhia.
Se suas irmãs estivessem ali, poderia arrumar alguma desculpa para se afastar e, assim, conseguir se sentar na última fileira, a mais disputada por ficar mais afastado e mais perto das portas.
Mas, elas não estavam lá, já que cumpriam com o castigo que a mãe impôs, devido ao incidente de terem a esquecido na casa dos Roberts.
Mas, aos seus olhos, não via tal situação como um castigo. Ela mesma desejava estar em casa naquele momento. Mas, conhecendo as irmãs como conhecia, sabia que deveriam estar sofrendo, não por perder o recital em si, pois ambas também o detestavam, mas por perderem todas as fofocas e a alegria da festividade.
Ela, por outro lado, fora obrigada a comparecer, pois era a casa dos Stewarts, e segundo a sua mãe, não seria interessante faltar a tal evento, ainda mais se estavam querendo se aproximar de Douglas.
Quando soube disso rejeitou tal ideia, ficando ainda mais tentada a encontrar uma desculpa para faltar. Mas quando Dona Jennifer queria algo, era difícil de a contradizer, e infelizmente, acabou por ir.
Olhava para um canto mais afastado, vendo duas senhoras a conversarem bem próximas, a lanceando um olhar curioso, falando ainda mais. Resmungou, voltando seu olhar novamente para a frente.
Estavam falando dela.
Provavelmente sobre a tal fofoca de que ela teria ficado sozinha com o Wallace para conseguir algo.
Mesmo depois de algum tempo já ter passado, as fofocas ainda corriam solta. É claro que de forma bem mais contida e reservada, principalmente depois de ter seguido o conselho de Haydeé e de simplesmente ter ignorado a todos. Mas, hora ou outra, alguém deixava escapar um olhar de esguelha suspeito, e um cochicho nada discreto. Sabia que ainda demoraria um pouco para esquecerem completamente do ocorrido.
O pior que nem se quer podia tentar descobrir se o Wallace tinha melhorado, pois levantaria suspeitas.
Não tinha o visto desde o fatídico dia, e não fazia ideia se o mesmo tinha melhorado. Não podia simplesmente aparecer em sua casa para saber, nem perguntar a terceiros sobre, pois, chamaria muita atenção.
Assim, a única coisa que lhe dera ânimo para ir até lá, fora que talvez descobrisse sobre. Se o visse, teria a resposta que queria.
Apesar, de ter quase certeza de que o mesmo não compareceria. Mas não custava tentar.
Por isso queria ficar sentada mais atrás, para poder ficar a olhar para a entrada sem chamar a atenção. Mas agora, de onde estava, era impossível ver algo, já que ficava de costas para a entrada. E ficar olhando para trás estava fora de cogitação.
Bufou novamente, mais audível, passeando as mãos pela saia longa, alisando o tecido. Sua saia no tom de vinho, vermelho escuro, possuía três botões na parte frontal, encorpando em sua cintura. A blusa branca possuía uma gola alta com botões dourados dispostos verticalmente na parte frontal, além de mangas longas, com um elástico na altura do pulso, fazendo o tecido ficar mais aberto em suas mãos, deixando o traje bem formal para a ocasião. Na gola, um tecido da mesma cor da saia fora amarrado, ornamentando a blusa com um lindo laço vermelho.
Seu cabelo estava preso em um coque, enfeitado com pequenas presilhas douradas, que combinavam com o colar dourado que adornava o pescoço, em conjunto com o laço.
O traje era simples mas muito belo.
Porém, na tentativa de desamassá-lo, acabou chamando a atenção da mãe que a olhou de esguelha:
-O que está a chateando?
-Nada – mentiu.
-Te conheço muito bem para saber que algo está a incomodando. O que é? – insistiu no assunto.
-Bem, não poderíamos ter sentado algumas fileiras mais atrás? Agora serei obrigada a prestar mais atenção do que gostaria, apenas para parecer cortês.
-Não seja dura. Todas essas meninas se esforçaram muito para nos manter entretidos.
-Não tenho dúvidas quanto a isto, mas, não quer dizer que isso torne todo o processo agradável.
-Audrey! O que está acontecendo? Nunca a vi falando assim – disse a olhando espantada.
-Me desculpe. É que estou muito incomodada com os olhares sobe mim. Preferia ter ficado em casa – disse a verdade. Apesar de ignorar, isso não queria dizer que não a incomodava.
Ela suspirou em resposta, segurando com carinho sua mão.
-Está tudo bem, querida. Continue a ignorar, que logo esquecerão.
-Mas, quando?
-Assim que encontrarem um assunto mais interessante, logo esquecerão.
-É claro. Só espero que isso aconteça nesta mesma noite, para que a atenção de todos finalmente desvie para outro lugar – murmurou desgostosa, vendo uma bela moça de cabelos loiros subir ao palco, se postando ao lado de uma harpa.
Já tinha a ouvido tocar antes, e, infelizmente, sabia que sua beleza deslumbrante não interferia em seu talento nada interessante e, sabia que o ano que passara, milagrosamente não melhorara tal quesito.
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Wedding Tales - Contos De Casamento
Ficción históricaClassificação +16 Ano 1830, Oxfordshire, Inglaterra. As Green são três irmãs muito bonitas e bem quistas pela sociedade, além de possuírem um belo dote herdado do pai. As duas mais novas são apaixonadas por seus pretendentes, e desejam se casar, m...