4364palavras
Andava se esgueirando pelas sombras produzidas pelas paredes do corredor. Olhando atentamente em todas as direções para manter a certeza de que não estava sendo seguida. Se sentia exausta e muito mal-humorada por ter que ficar a se esconder. Mas se não o fizesse, seu dia seria perturbado pelo sem noção do Stewart.
E agora, para completar sua desgraça, também tinha que lidar com o Wallace.
Apesar de ter certeza que o último não se interessava em manter um contato direto e interminável com ela. Bem diferente do outro, que não parava de a perseguir com a intenção de conversar.
Isso já estava a irritando.
Até aquele momento não tinha descoberto o porquê de ele estar a procurando com tanto interesse. Aquilo tudo era muito estranho.
E, agora, para piorar sua situação, as pessoas a sua volta já tinham percebido o interesse dele por si, e sua mãe já estava a perturbando para que o convidasse para jantar quando voltassem para casa, e que aquele relacionamento daria um bom casamento.
Nem deu ouvidos a mais velha. Nem em seus piores devaneios sequer cogitaria a possibilidade de se casar com ele. Nunca, em toda a sua vida, o faria!
Tentava deixar sua insatisfação a mais evidente possível, o mais educadamente que conseguia, mas parecia que não estava dando muito certo e teria que agir de forma mais clara e, consequentemente, mais rude. Mas, não via outra opção.
Tinha até mesmo conversado com Lucas mais cedo, no café da manhã, e discutido sobre o assunto.
Ele a revelou que tentou se aproximar de Douglas, mas arrogante como era, não lhe deu atenção, não lhe direcionando a palavra. Assim, nada tinha descoberto até aquele momento.
Isso a frustrou. Tinha imaginado que, como o amigo era jornalista, teria muito mais facilidade a ter acesso a informações, mas parecia que nada estava dando certo.
Mas, não demorou muito para a conversa tomar outro rumo, com Lucas comentando sobre o Wallace ter sentado a seu lado na noite passada, e de como estavam a conversar.
Tal assunto não agradou muito Audrey, que desconversou de imediato. Mas, já era tarde, e ela já tinha se lembrando do breve diálogo que tiveram e de como ele foi capaz de a fazer se lembrar com nítida perfeição do passado.
Aquilo tinha sido arrepiante, o que acabou a desnortear por algum tempo, pois lhe pareceu que ele podia ser uma pessoa decente e boa. Mas, não podia se deixar enganar novamente, como há muito tempo. Agora o conhecia suficientemente bem para saber como era sua índole. A pior que já conhecera.
Bufou chateada, sentindo o humor se afundar gradativamente no abismo de sua alma, com a mente a traindo, ao levá-la para aquele fatídico dia, há alguns anos, quando descobrira que seu melhor amigo, na verdade, seria o causador da maior dor que sentira.
Se sentiu péssima ao se recordar das sensações que a inundaram naquele dia, desde o respingar da garoa em sua pele fria, até a de seu coração dilacerado por aquela descoberta.
Balançou a cabeça em desagrado, mordendo o lábio na tentativa de amenizar tais sensações com a leve dor que a afligiu e do gosto ferroso do sangue.
Precisava fazer alguma coisa para se distrair ou entraria em colapso. Um passeio ao ar livre parecia uma boa opção. Até mesmo tinha se vestido de forma adequada para dar uma volta ao campo a cavalo, com sua roupa feita, inteiramente, de algodão e linho. Escolheu uma blusa simples e folgada, na cor palha e uma calça justa no tom marrom escuro. A blusa tinha um decote ombro a ombro, com elástico por dentro do tecido, impedindo-a de cair e deslizar pelos braços. As mangas compridas tinha uma grande abertura nos pulsos, mas havia pedido para sua mãe costurar um elástico no final, assim não a atrapalharia na condução das rédeas. Por cima da blusa, havia um colete sem mangas na cor marrom, que chegava até metade de suas coxas. Seu tecido era grosso, ajudava a esquentar o corpo que ficava exposto aos ventos gélidos do campo. E, combinavan com as botas de cavalgada de couro que eram distribuídas até os joelhos, havia um cinto grosso, também de couro, circundando a cintura, deixando o colete e a blusa bem firmes.
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Wedding Tales - Contos De Casamento
Ficción históricaClassificação +16 Ano 1830, Oxfordshire, Inglaterra. As Green são três irmãs muito bonitas e bem quistas pela sociedade, além de possuírem um belo dote herdado do pai. As duas mais novas são apaixonadas por seus pretendentes, e desejam se casar, m...