2347palavras
O dia que tanto almejara finalmente chegou.
Estava voltando para casa!
Não podia ter uma notícia melhor!
Por isso se apressava a arrumar tudo o que podia o mais rápido possível.
Fechou a última bagagem, suspirando de satisfação.
Olhando para o quarto a sua volta, se lembrou dos dias que ficara por ali.
Admitia que nem tudo tinha sido uma perda de tempo total. Algumas coisas podiam ser aproveitadas.
Mas Audrey se sentia tão animada e feliz que até mesmo se permitiu cantarolar, enquanto terminava de arrumar as malas, para que fossem levadas pelos empregados.
Tinha que admitir que estar indo para casa era muito melhor, pois se sentia mais segura e longe de problemas.
Desde o dia anterior, quando tivera um beijo roubado daquele rapaz, não conseguia parar de pensar que estava sendo observada, julgada por terceiros e, até mesmo, perseguida através dos corredores.
Era uma sensação tão ruim, que a deixava muito angustiada.
Com toda a certeza não se esqueceria daquele momento por um bom tempo, e o pior de tudo era que não seria por um bom motivo, mas o total oposto.
Se sentia vazia, roubada, com sua intimidade invadida. E isso a frustrava.
A última coisa que queria era que tal fato fosse espalhado e virasse alvo de fofocas.
Não sabia como reagiria se isso acontecesse.
Por isso, por vezes cogitou a possibilidade de ir atrás do rapaz, para o pedir que nada dissesse, mas no último instante se via impelida a se afastar, temerosa que algo a mais pudesse acontecer.
Suspirou deprimida, olhando o vestido simples de viagem de algodão marrom através do reflexo do espelho.
O modelo era mais solto, permitindo uma boa movimentação corporal e conforto para as longas horas na carruagem. A saia longa era bem rodada, dispensando o uso de crinolina, assim como o tronco envolto pelos tecidos grossos, que excluíam a necessidade de espartilho no modelo.
Seu cabelo estava preso em um coque baixo e desleixado, com várias mexas a emoldurarem a face. Não estava com ânimos para se arrumar para uma longa viagem, que sabia que seria muito mais tediosa do que antes.
Viu pelo canto do espelho que um camareiro adentrava o cômodo, para que pudesse levar o último malão, pertencente à Vivien.
Acenou em cumprimento, deixando claro que o mesmo poderia realizar seus afazeres, não demorando muito para que retirassem o objeto do local.
Deu uma última olhada no aposento, prendendo desajeitadamente o sobretudo marrom sobre o ombro, reparando nas manchas de água no carpete cinza mais ao canto, a fazendo se recordar de imediato do momento que ajudara a irmã a se trocar de roupa, já que a mesma estava encharcada da água da chuva.
Acabou a inquerindo, estando bastante intrigada para saber o que ela tinha feito para estar em tal situação.
A loira tentou desconversar, mas não demorou muito para lhe contar que a mesma acabou ficando presa em um cômodo, e o único jeito que viu para poder se ver livre foi saindo pela janela, e como a chuva estava muito forte, acabou se molhando.
No momento concordou com tal desculpa, apesar de desconfiar dos olhares penetrantes que suas irmãs lançavam uma a outra, como se estivessem em um embate silencioso e mortal.
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Wedding Tales - Contos De Casamento
Fiksi SejarahClassificação +16 Ano 1830, Oxfordshire, Inglaterra. As Green são três irmãs muito bonitas e bem quistas pela sociedade, além de possuírem um belo dote herdado do pai. As duas mais novas são apaixonadas por seus pretendentes, e desejam se casar, m...