5000palavras
Uma forte luz atingiu seu rosto, a acordando de imediato.
Franziu o cenho, apertando os olhos, escondendo a face por baixo das cobertas. Não demorando a sentir mãos as puxando para longe de seu corpo, a irritando de imediato.
- Vamos, acorde! - uma voz feminina e muito conhecida reverberou no cômodo, a fazendo resmungar de frustração.
Estava tão cansada e dolorida da viagem que a única coisa que desejava naquele momento era ficar na cama durante todo o dia a dormir. Mas, conhecendo Andreza como conhecia, sabia que isso não aconteceria.
Se obrigou a abrir vagarosamente os olhos, vendo sua companheira parada ao lado da cama, ainda a segurar o tecido do cortinado, que tinha acabado de tirar das janelas, assim, permitindo a claridade adentrar no quarto.
Reparou que a mais velha usava um vestido amarelo com um decote quadrado. Seu tecido esvoaçante parecia bem leve e confortável, o espartilho não era tão apertado, mas, ainda assim, ressaltava a cintura. Em seu tronco havia uma renda preta sobre o tecido claro, destacando os delicados desenhos que se estendiam até o começo da saia longa. Um belo vestido, não poderia negar tal fato.
- Andreza, por favor, me deixe em paz - disse rudemente, cobrindo novamente o rosto com o lençol de puro algodão.
- Já passa das nove. Está mais do que na hora da senhorita levantar - a mais velha disse impassível, sem dar importância a seu visível mau-humor matutino.
Suspirou, sabendo que Andreza costumava ser muito cabeça dura quando queria, e detestava ser contrariada. Uma das inúmeras características que tinha aprendido e reproduzia com veemência e graça.
Mesmo que a contragosto, acabou por se descobrir novamente, se remexendo para conseguir sentar. Acabou sentindo uma forte pontada no quadril e nas costas, reproduzindo uma careta de dor e desgosto.
- Droga - reclamou em um resmungo, tentando massagear as partes doloridas, sem muito sucesso.
Suas dores eram sempre piores pela manhã. E, sabendo disso, a mais velha costumava a deixar dormir até um pouco mais tarde, para poder amenizar o infortúnio. Mas, sempre chegava uma hora que não podia mais permitir que ficasse na cama, por isso ia acordá-la. Ainda mais quando eram hóspedes e não podiam faltar com o decoro.
Resmungou novamente com tal ideia. Era por esse motivo e inúmeros outros que odiava sair de casa.
Até aquele momento não sabia como Andreza tinha a convencido a participar daquele evento. Se lembrava de que quando recebera o convite, refutou a oferta de imediato. Mas, sua fiel companheira logo começou a discursar sobre o quão importante seria comparecer a todas as festividades, se permitir ver novas pessoas e fazer amizades.
A seu ver, ainda não precisava de amigos, mas de tanto ouvi-la falar, acabou cedendo.
Ela até que podia ser cabeça dura, impassível e dura com suas ideias e palavras, mas a mais velha sempre sabia como a persuadir, e no final conseguir o que queria.
Olhou a sua volta, vendo com perfeição toda a extensão do quarto. Era grande, com a cama de casal de madeira de mogno, um enorme armário de madeira mais ao canto, uma banheira de porcelana para banho e um biombo para se trocar, uma lareira com detalhes bastante ricos, uma porta mais ao lado que dava acesso a outro cômodo contíguo, onde sabia que Andreza tinha dormido, e uma penteadeira discreta com um enorme espelho a sua frente com detalhes em ouro. Era, definitivamente, um belo quarto.
Acabou reparando que sobre a penteadeira havia uma bela bandeja de prata com seu dejejum, e mais ao canto, perto da porta que dava acesso ao corredor, uma moça vestida com o uniforme padrão de serviçal da casa, a espera de que lhe pedissem algo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Wedding Tales - Contos De Casamento
Ficção HistóricaClassificação +16 Ano 1830, Oxfordshire, Inglaterra. As Green são três irmãs muito bonitas e bem quistas pela sociedade, além de possuírem um belo dote herdado do pai. As duas mais novas são apaixonadas por seus pretendentes, e desejam se casar, m...