Capítulo Dois

1.3K 210 30
                                    

Ao chegar, o parque estava vazio, apenas as árvores e os bancos estavam as esperando.
Como de costume, as duas começam a seguir a pequena trilha até o topo de uma espécie de colina, o parque havia sido construído em cima de uma montanha e o lugar onde costumavam ir, era o segredo que mantinham de todo o resto do mundo.

- Então, vai querer conversar ou ficar quietinha na sua? - Enid se sentava ao lado da morena.

- Conversar, com certeza - ela dá um gole em seu café - se eu ficar em silêncio acho que pulo daqui de cima.

- Idiota - a loira deixa um tapa leve no ombro de sua companheira - você nunca fala sobre seus pais. Me conta um pouco sobre eles.

- Hm - a menor franze o cenho - nós éramos uma família muito próxima, sempre estávamos reunidos, rindo, brincando, coisas do tipo.

- O que te fez entrar pra agência?

- Muita coisa - outro gole no café - tem uma história muito engraçada sobre isso, na verdade.

- Sou toda ouvidos - sem sequer perceber, ela tinha um sorriso no rosto.

- Meu tio, Fester, não é a melhor das influências que você pode ter por perto de uma criança em formação - apesar da tristeza que carregava, a morena se permitia rir com as lembranças conforme contava a história - ele era meio doido da cabeça. Era não, ele é bem doido da cabeça. O dia que eu descobri que queria ser parte da polícia, foi quando ele roubou um banco.

- Ele roubou um banco? - a loira ria com surpresa - cara, que maluco!

- Isso nem é o pior, calma - ela dá mais um gole no café - ele roubou um banco, todo de preto e usou uma moto roubada de um pet shop pra fugir. A moto era branca e cheia de pintinhas pretas, o capacete tinha umas orelhas coladas, foi loucura! Depois de conseguir despistar a polícia, ele me levou pra passear com ela e eu lembro de passar o caminho todo rindo da pintura e jurando pra ele que quando virasse policial, qualquer deslize eu iria aparecer pra prendê-lo.

- Calma, ele roubou uma moto, um banco e ainda te levou pra passear na motoca roubada? Eu achei que era piada quando você disse que ele era doido - as duas gargalhavam juntas.

- Pois é - a menor passa as mãos pelo cabelo, na intenção de arrumá-los por conta do vento - tem muito mais histórias bem piores que essa.

- E como sua família ficou quando descobriu?

- Todo mundo caiu na risada, óbvio! Meu pai não podia olhar na cara do meu tio sem começar a gargalhar - em sua cabeça, um filme se passava com as lembranças - ninguém ligou que era um crime, estavam ocupados demais rindo da cara dele.

Os olhos de Enid brilhavam enquanto seu coração ardia. Aquela poderia ser a última vez que estaria rindo com Wednesday, na verdade, poderia ser a última vez que iriam se ver, ela não sabia se conseguiriam se encontrar fora da agência ou antes da missão outra vez. Então, fez questão de se agarrar naquele momento.

- Você nunca falou muito sobre seus pais também, Sinclair - as orbes negras pareciam uma extensão do vasto universo.

- Bom, meu pai é fechado, não fala muito além de bom dia, boa noite, boa tarde e oi - um sorriso nasce em seus lábios - e minha mãe é bem estressada. Decidi entrar pra agência depois de uma discussão, ela me desafiou falando que eu não conseguiria e levei aquilo como uma motivação pra tentar.

- Você sente falta do seu pai?

- Dele sim, minha mãe é um tanto faz - a loira encara as mãos por um segundo - na verdade ela é um não gigantesco. Definitivamente não sinto falta dela. E você?

Agentes do Amanhã (wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora