Capítulo Quatorze

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Já era noite e Enid observava as luzes da cidade enquanto cantava a única música que havia lhe trazido paz nos últimos anos.

"And I can wish all that I want,
(Eu posso pedir o quanto quiser,)
But it wont bring us together.
(Mas isso não nos unirá.)
Plus I know whatever happens to me,
(E o que acontecer comigo,)
I know it's for the better.
(Sei que é para o melhor.)"

Apesar de não admitir em voz alta, tocar havia sido uma libertação, um modo de extravasar todos os sentimentos, sejam bons ou ruins, de uma maneira não agressiva ou degenerativa. Esse foi o modo que Sinclair aprendeu a conviver com tudo, desde criança ela aprendeu que a pintura, música e arte no geral poderia levá-la para lugares distantes, onde nenhum mal poderia a alcançar, mas a primeira combinação perigosa veio quando tudo aconteceu. Para lidar com o luto, durante um bom tempo ela havia afogado suas mágoas na bebida, havia se afastado do trabalho por um ano, a agência acabou liberando o tempo sabático por saber da proximidade de ambas e, nesse período, tudo o que fazia era beber. Não comia, mal saía de casa e sequer fazia algum exercício, apenas afogava tudo o que sentia em incontáveis gotas de álcool, que pareciam ser a solução naquele momento.
As notas ecoavam pela sacada, se dissolvendo no ar da noite fria e calma que estava dominando o céu.
Em uma sexta feira como essa, ela estaria rindo de algum filme ou jantando fora com Wednesday. Estaria feliz de poder passar um tempo juntas, rindo e conversando sobre coisas aleatórias como de costume.
Ela ainda estava processando tudo o que havia ouvido mais cedo, sobre isso apenas ter sido uma jogada pequena em um tabuleiro maior, sobre Weems estar metida em um esquema absurdo e sobre como havia sido arrastada para dentro do tabuleiro com a intenção de ser apenas mais uma peça a ser sacrificada. Não podia negar que estava com raiva, ódio e todos os sentimentos ruins que poderia sentir contra alguém, mas também se sentia triste por saber que não adiantaria salvá-la. Mesmo que tentasse, apenas a matariam depois, talvez de forma mais brutal e grotesca.
Saindo de seus pensamentos, ela pendura o violão de volta na parede e pega as chaves do carro: iria dar uma volta pela cidade, precisava tomar algo mas não queria se embebedar até cair no sono, precisava de algo mais leve e rotineiro, precisava de um café.
Depois de entrar em seu SUV, ela dá partida e toma o rumo de uma cafeteria que conhecia muito bem e adoraria visitar novamente depois de tantos anos. Coffee n' Such, o estabelecimento que ia frequentemente com Wednesday depois de um dia estressante. Desde que tudo aconteceu, não havia ido mais no lugar, por falta de tempo, disposição e coragem para enfrentar as memórias que inevitavelmente atingiram sua mente.

Meia hora depois, ela estava estacionando na frente do lugar, que estava quase vazio. Aquele era o melhor horário: o café não demoraria para ficar pronto e não precisaria enfrentar olhares quando entrasse no estabelecimento.
Depois de se preparar mentalmente para adentrar, ela pega a bolsa e tranca o veículo, dando passos lentos e incertos até a porta, que faz um barulho agudo ao ser aberta, como indicação de que alguém estava entrando ou saindo. No segundo que o ar entra em seus pulmões, o cheiro de café e leite é espalhado por seu sistema, despertando memórias antigas.

- Vai, você vai gostar - Addams tentava convencer Sinclair a tomar um café sem muito açúcar - não é amargo igual você pensa.

- Olha a cor disso, Willa! - a risada da loira ecoava pelo estabelecimento - qual é? Parece aquela água que você usa pra limpar o pincel depois de pintar, quando fica toda preta.

Agentes do Amanhã (wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora