Capítulo Quarenta

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- Oi Nini, é a Willa. Sinto sua falta. Muito. Eu sinto falta de te ver correndo pra me abraçar, sinto falta do seu sorriso ao ver algo engraçado ou bonito, sinto falta da sua risada que iluminava até o mais escuro lugar, sinto falta de você. Seja lá onde estiver agora, por favor me perdoe. Eu devia ter te impedido de voltar lá, devia ter trancado a porta, devia ter feito o impossível pra te salvar. Todos os dias eu me arrependo. A culpa me corrói e tem noites que não aguento ficar sozinha, então saio pra dirigir. Beber. Qualquer coisa que preencha o vazio mesmo que por um instante. Por favor, me perdoa, por tudo que te aconteceu e por tudo que eu tô fazendo comigo mesma. Céus, você me odiaria por cada coisa. Me sinto na obrigação de te contar, mesmo que você já não esteja aqui.
Eu voltei a precisar dos remédios para dormir e confesso que tô usando eles durante o dia também, pelo menos assim eu me mantenho alheia à qualquer sentimento que me lembre você, porque tudo me lembra você.
As folhas, as flores, o céu e até mesmo o vento insistem em me dizer seu nome toda vez que paro para observá-los. Os pássaros parecem cantar seu nome, as músicas tem sua essência e até mesmo os poemas te descrevem e eu gostaria que você pudesse ver tudo isso, porque sei que amaria cada uma dessas coisas.
Tenho conversado com a Yoko nos últimos meses, ela se demonstrou muito feliz que não a afastei. Ela me deu algumas das fotos que você tinha, algumas estão emolduradas e as outras estão guardadas em um álbum que fiz pra você. Ainda não aprendi a ser sozinha, ontem foi a milionésima vez que liguei pro seu antigo número pra pedir pra que abrisse a porta pra mim, mas me dei conta de que você não atenderia e que eu, de novo, esqueci a chave em casa. Ainda não me acostumei com a ideia de acordar e não te ver do meu lado, não me acostumei com o pensamento de chegar em casa e não ver você no sofá ou na cama, esperando por mim com um sorriso gigante no rosto. Não me acostumei a viver sem você ainda. Por mais que façam alguns meses, eu não superei e tenho certeza de que nunca vou superar.
A Weems foi assassinada por algum maluco tem um tempo, o Carter foi preso e condenado a muito anos na cadeia e agora tudo parece ter se resolvido.
Eu sinto tanto a sua falta, Nini.
Queria que você não estivesse aqui nesse cemitério, enterrada. Gostaria de te ter ao meu lado pra gente sair, rir e jogar conversa fora. Eu sinto falta do seu abraço, do seu cheiro, do seu humor e principalmente das suas músicas. Desde que tudo aconteceu não consigo mais ouvir nenhum hit pop sem imaginar você dançando e cantando alegremente.
Eu espero poder te reencontrar em outra vida, ou em outro lugar onde possamos aproveitar cada segundo sem o medo de morrermos. Espero que um dia eu possa olhar no fundo dos seus olhos e finalmente te chamar de minha esposa. Espero poder observar as estrelas e as luzes da cidade aconchegada em seu peito. Mas por enquanto, me contento em saber que ao menos vivi ao seu lado e que vou levar essas memórias comigo pro resto da minha vida toda. Apesar de terem sido poucos meses, foram o suficiente pra me ensinar que o amor é bonito e me motivar a continuar.
Me desculpa Nini, por ter sido fraca e não ter te defendido. Me desculpa por ter te colocado no meio de tudo isso. Me desculpa por tudo.
Eu estou tentando maneirar na bebida, mas isso ainda vai levar um tempo.
Aprendi aquela música que você gostava tanto, ela agora é como a minha pequena prece antes de dormir e depois de acordar. Sempre canto ela quanto procuro conforto, porque isso me lembra você. Também ando com seu colar, espero que não se importe. É uma forma de eu te carregar comigo pra onde vou.
Eu te amo muito, muito, mas muito mais do que você pode imaginar, sonhar ou pensar.

Depois do pequeno discurso, a morena ajeita sua roupa e puxa fundo o ar antes de começar a cantar.

"Wait for your call, love.
(Esperei sua ligação, amor.)
The call never came.
(A ligação nunca veio.)
Ready to fall up,
(Estou pronta para seguir,)
Ready to claim.
(Estou pronta para reivindicar.)
I'm ready for it all, love,
(Estou pronta para tudo, amor,)
Ready for the pain.
(Estou pronta para a dor.)

Meet under sun,
(Me encontre debaixo do sol,)
Meet me again,
(Me encontre novamente,)
In the rain.
(Na chuva.)

Behind the walls, love,
(Por trás dos muros, amor,)
I'm trying to change.
(Eu estou tentando mudar.)
And I'm ready for it all, love,
(E eu estou pronta para tudo, amor,)
I'm ready for the change.
(Estou pronta para mudar.)

Meet me in blue sky,
(Me encontre no céu azul,)
Meet me again,
(Me encontre de novo,)
In the rain.
(Na chuva.)

You've got to find yourself alone in this world,
(Você tem que se encontrar sozinha nesse mundo,)
You've got to find yourself alone.
(Você tem que se encontrar sozinha.)"

Ao finalizar, as orbes negras observam a lápide, com informações sobre a loira que havia contagiado tantas pessoas com sua risada e jeito de ser.
A sensação de estar sozinha nunca iria passar e Wednesday sabia disso. Ela teria de conviver com isso pelo resto de sua vida.
Conviveria com a falta de cores em seu mundo, conviveria com menos alegria e menos vontade de viver. A partir dali, ela não mais vivia, apenas sobrevivia.
Ela olha ao redor e vê o cemitério vazio, apenas as lápides e ela, e por mais que quisesse negar, ela havia passado a odiar completamente essa calmaria.
A brisa fresca corre pelo lugar e calafrios se espalham pelo seu corpo, estavam entrando no inverno e essa seria a última manhã sem neve. Por instinto, ela coloca a mão na bolsa que carregava e sente a blusa que deixava sempre ali, caso Sinclair precisasse.

Com dificuldade em se recompor, ela seca as lágrimas e se levanta, sacudindo o pouco que neve que havia caído em sua roupa: pelo visto não demoraria para que tudo estivesse coberto por uma camada fina e gelada de pequenos flocos brancos.
Ela fecha seu casaco, coloca suas luvas e puxa o ar o mais fundo que consegue, em uma tentativa de se acalmar antes de sair dali, todas as vezes eram iguais e sempre acabavam com ela chorando o caminho todo de volta para casa. Ela olha mais uma vez para o nome gravado na pedra de mármore e encara as flores em suas mãos, se permitindo cheirá-las uma última vez.

- Suas favoritas, Nini - ela cautelosamente coloca as flores no mármore - prometo continuar te trazendo novas toda semana.

Ela observa os flocos caírem por um instante, pensando em suas próximas palavras.

- Talvez em outra vida eu te encontre - lágrimas descem seu rosto - e se eu te encontrar, prometo nunca te largar. Eu te amo Nini. Como disse em minha carta: para todo o sempre sua.

Com isso, a morena deixa o lugar em passos calmos, mas com uma cabeça agitada. Todas as lembranças voltavam em sua cabeça, como um filme.
Aquela tinha sido a terceira vez que havia ido visitar o túmulo de Enid, depois de seis meses de seu enterro. Não havia ido antes por falta de coragem e por medo da própria reação ao se deparar com algo tão profundo e importante novamente. Antes de atravessar os portões e ir em direção ao seu carro, ela lança um último olhar para o lugar de onde havia acabado de sair.

  - Eu te amo. Para todo o sempre.

Agentes do Amanhã (wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora