Capítulo Doze

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Perdão pela demora, pessoal!
Minha asma atacou e eu saí do hospital agora pouco.
Não se esqueçam de votar e comentar, ainda esse final de semana mais capítulos vão sair!
Obrigada por ler <3

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DIAS ATUAIS

Há quatro anos, Enid sonha com o momento em que reencontra Wednesday e descobre que tudo era parte de algo maior, o qual ela não poderia interferir.
Há quatro anos, ela tem pesadelos onde assiste o prédio desabar sobre o corpo de sua parceira, ou assiste seu corpo ser fuzilado até não sobrar nada além de sangue pelos cantos.
Há quatro anos, as noites mais bem dormidas tem uma duração de três horas. Há quatro anos, sua vida está completamente virada de cabeça para baixo.

Ao entrar no consultório novamente, seus olhos observam a poltrona marrom que já esteve sentada tantas vezes nos últimos anos.

- Fique à vontade, Enid - Kinbott, a terapeuta, estava em pé, pegando um copo de chá - hoje iremos tentar algo um pouco diferente, tudo bem por você?

- Depende do que for - seus olhos azuis, que antes exalavam vida, amor e energia, agora eram vazios, caídos e inexpressivos.

- Hoje, ao invés de falarmos sobre seus problemas mais banais, iremos voltar um pouco no tempo - ela entrega um copo de chá para a loira - talvez seja desconfortável, mas precisamos fazer isso.

- Eu não sei se quero - as lágrimas já se formavam em seus olhos - toda vez que a gente toca nesse assunto eu fico mal durante semanas.

- Você nunca vai curar uma ferida se não limpá-la devidamente - a mulher se senta.

- Você nunca vai curar uma ferida se continuar cutucando ela - um olhar ameaçador é lançado.

- Eu entendo que isso seja uma parte do seu passado a qual você não quer relembrar, Enid - a mais velha mexia no pequeno sachê de chá dentro do copo - mas você veio aqui pra tratar isso e desde que começou, fizemos ótimos avanços, mas ainda precisamos fazer mais alguns, compreende?

- Os avanços que eu já fiz são o suficiente pra mim - a loira toma um gole do chá.

- Enid, os avanços que fizemos foram significativos, mas estão longe de ser suficiente - a maior coloca o copo na mesa do lado e junta as mãos - fico orgulhosa que consiga voltar ao trabalho, que tenha conseguido se aproximar de outras pessoas e que consiga sair de casa mais frequentemente. Todos esses são avanços importantes, mas ainda precisamos trabalhar suas reações às coisas.

- Eu reajo bem.

- Semana passada você explodiu em choro porque não conseguiu segurar o copo antes dele cair - o tom que antes era pacífico, ganha um pouco de reprovação - sem contar todas as vezes que você já repetiu incansavelmente que tudo era sua culpa, que você devia ter sido mais rápida, que não devia ter concordado, que devia ter feito ela mudar de ide...

- PORQUE EU SOU A CULPADA, TÁ LEGAL? - seu corpo é inundado pelo sentimento de que poderia ter feito mais, de que deveria ter feito mais e por lágrimas descontroladas - EU PODIA TER PUXADO ELA, PODIA TER FEITO MAIS ALGUMA COISA, SEI LÁ, TER VOLTADO, INSISTIDO UM POUCO MAIS, PODIA TER CARREGADO ELA!

- Enid, você estava machucada, assim como ela também - a postura de Kinbott, que antes era relaxada, muda para um estado de alerta - se você tivesse ficado para salvá-la, poderia ter morrido.

- EU PODERIA TER MORRIDO - a loira arremessa o copo no chão, enquanto continua alterada, sendo dominada pelo choro - PELO MENOS NÃO TERIA QUE VIVER NESSA PORRA DE CIDADE, NÃO TERIA QUE ATURAR ESSE CARALHO DESSE LUGAR!

Agentes do Amanhã (wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora