Capítulo 4

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Cinco anos atrás - Kai

Minhas mãos deslizam pelas laterais de sua coxa e pior que o rubor de seu rosto é só a minha respiração acelerada.

Mulheres nunca foram um problema, na realidade esse era um dos únicos aspecto da minha vida em que me pareço com meus amigos, descontraído, sádico, sem um pingo de preguiça social.
*então por quê caralhos está nervoso em tocar uma mulher, Kai Mori?*

– Céus! - um pequeno grito sai de seus lábios ao bater em meu peito - Todos nessa escola são idiotas assim?- o nervosismo de sua voz cresce, enquanto seus braços tentam empurrar meu peito, mas nem sequer me movo do lugar com sua força - Péssimo dia, porra que dia de merda - seu nervosismo aumenta e é como se quase estivesse a esquecer nossa língua e carregar um sotaque.

– Um obrigado seria ótimo- mordo o lábio inferior a encarar sua blusa grudada ao corpo pela bebida, mas desvio o olhar no mesmo instante.

– Estava indo muito bem até você chegar - seu olhar se levanta quase me fuzilando e não consigo impedir minha risada de invadir  toda a sala - Não preciso que me defenda - seu maxilar automaticamente fecha quando ouvi meu riso - Não é como se não soubesse lidar com garotas como elas - ela tira seu casaco e tenta esfrega-ló na blusa.

– Não era das garotas que estava te protegendo- movo meu corpo indo ao seu encontro, mas ela acaba recuando - Os homens dessa cidade não são iguais aos das outras - analiso todo seu corpo novamente, tão pequena, tão frágil - Mantenha distância de todos eles, para seu próprio bem - apenas seus olhos se levantam quando paro a sua frente.

– Até de você? - sua voz sai calma, mas em um tom diferente não conseguindo me fazer decifrar se era sarcasmo ou uma pergunta de fato.

– Principalmente de mim - seguro a borda da mesa do professor, colocando uma mão em cada lado de seu corpo. Seu rosto se levanta para conseguir me encarar, sua respiração trava quando percebe que eu havia coberto todo o seu campo de visão. Essa é a melhor parte de ser tão grande, quando elas percebem que nem se tentassem conseguiriam fugir.

– E do seu amigo, devo manter distância? - sua bochecha se cora inteira, ela quer brincar, só não consegue esconder o quanto está nervosa. Vamos brincar então, coisa gostosa.

– Qual amigo? - olho no mais fundo de seus olhos, sussurrando o suficiente para mesmo se esse ambiente estivesse lotado só ela ouvir.

– William - o nome de meu amigo é dito com tanta doçura que inveja corre meu sangue por não ser o meu - Ele me defendeu - seu sotaque volta a dominar o ambiente e sorrio sínico.
*Isso, me deixe ver o quanto já deve estar me imaginando em sua cama e está usando outro para me irritar*

Will é um bom moço- desço os olhos para sua boca - Ele defenderia qualquer pessoa que estivesse sendo injustiçada- umedeço os lábios, suas mãos vão ao meu peito o empurrando com o que acredito que seja toda sua força e prendo mais as mãos na mesa para me equilibrar, continuando intacto agora.

– Por que você me protegeu, então? - sua mão permanece ao meu peito, as unhas a arranhar meu blaser - És um bom moço também ? - seus olhos circulam meu rosto com paciência pela primeira vez, primeiro meu queixo cerrado, a boca fina, as maçãs rodadas de meu rosto, meus olhos puxados, meu cabelo preto e escorrido.

Minha respiração acelera me dando a sensação que esqueci como se puxa o ar, mas seus olhos voltam aos meus com inocência.
*Você já foi beijada, pequena?*

– Por você? - sussurro mantendo o controle da voz, nosso jogo acabaria aqui e agora se ela visse que estou nervoso *Que porra* - Com toda certeza não seria um bom moço com você - ouço os gritos invadirem o corredor e cerro o maxilar, o intervalo já deve estar para acabar e essa sala logo ficará lotada.

Devotion • Kai e WillOnde histórias criam vida. Descubra agora