Capítulo 7

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Dias atuais- Will

Presa a 80km da minha casa, ela estava presa a apenas 80km da minha casa. As palavras repetem na minha mente sem parar.

Os olhos de Kai estão concentrados na porta do armazém, como se fúria percorresse seu corpo, mas ao mesmo tempo tristeza.

– Eu não sei se consigo cara - sua voz é suave, mas seus olhos não desgrudam da porta - Eu realmente não sei se consigo vê-la - seus olhos finalmente caem em mim - Sofri por sua morte todas os segundos desses cinco anos, incontáveis vezes cheguei até a rezar, sabia? - seu olhar desce ao chão e um sorriso quase sai de seus lábios.

– O que você pedia enquanto rezava? - digo suavemente ao tocar seu ombro com a palma da mão.

- Eu pedia ela de volta - sua voz sai tão triste que meu coração se aperta, eu tive a Emory, ele não teve ninguém, se isolou em seu mundo e lidou com isso sozinho - E agora eu sinto que ela nem irá me reconhecer- a dor em sua voz era quase palpável.

– Ela irá nos reconhecer - levanto sua cabeça- Somos os homens dela, ela irá se lembrar - empurro seu ombro fingindo uma risada e vejo sua postura ficar ereta novamente, com mais confiança.
*por favor se lembre de mim*

O desespero percorre meu corpo, e se ela não se lembrasse de mim? E seu meu rosto já fosse esquecido em sua mente ? E se ela me odiasse ?

Puxo o ar com força ao empurrar a gola do moletom para mais longe do meu pescoço. Meus músculos se contraem quando Kai joga minha máscara no meu colo, o material branco com uma listra vermelha nos olhos, não era tão macabra quando a dele e sigo o caminho de sua mão até seu rosto já coberto pela máscara acinzentada com marcas de arranhões por todo rosto.

– Seis homens - sua voz sai um pouco abafada pela máscara- Três para você, três para mim - uma arma é jogada em meu colo do lado da máscara branca - Em menos de dois minutos os infiltrados de Michael iram começar o incêndio, serão quinze minutos para acabar com os seguranças, e tirá-la antes que tudo vire cinzas - não sei ao certo se ele disse para ele mesmo ou para mim.

Já havíamos repassado o plano umas cem vezes só no caminho até o armazém.

Um estrondo surge na ala leste e nem cinco segundos passaram para todo o local ser infestado com o barulho do alarme de incêndio.

Kai é o primeiro a pular do carro, em sua mão esquerda uma arma de fogo e na direita sua Katana "uuuuuuh" um berro sai de seus lábios ao chutar a porta com força e sumir pelo local *Você está mesmo feliz de participar de uma briga que pode levar a nossa morte, Kai Mori?*

Quase gargalho com a ironia da situação, isso é a coisa mais idiota que já fizemos, e se eles estivessem armados, isso seria um tiroteio, um banho de sangue.

Entro no armazém minutos depois e o cheiro da fumaça invade minha narina, a ardência começa a descer por minha garganta e mesmo com a máscara o vapor acinzenta minha visão, meus olhos percorrem o chão com gotas de sangue e sigo o rastro até um corpo atirado ao chão, seu rosto esta completamente ensanguentado, corro pelo próximo bloco vendo outro corpo jogado ao chão, sem nenhum sangramento, apenas um roxo em sua têmpora, como se tivesse sido pego distraído, meus olhos não precisam percorrem muito para achar um quarentão amarrado com correntes pelo pescoço com ar o suficiente apenas para não morrer sufocado.

Seus olhos vão aos meus e desespero os domina.*O que você está fazendo, Kai?* ele havia entrado apenas quatro minutos antes, o tempo necessário para retirar a placa do carro em que viemos e colocar todos nossos pertences no Audi r8 que nossos aliados haviam trago mais cedo.

– Kai, que porra é essa ? - Grito ao ver seu corpo no meu de três homens, golpes iam ao seu rosto o fazendo cambalear para meu peito, antes mesmo que pudesse o segurar seu corpo corre ao encontro do primeiro saltando ao ar antes de atingir dois chutes no rosto do loiro, o primeiro com a perna direita e o segundo com a esquerda, o rapaz cai ao chão como um saco oco.

– Vamos brincar - sua voz é maléfica indo em direção aos outros, ambos deveriam ter a nossa idade e dava para ver o medo percorrer suas feições a cada passo que Kai dava - Vocês são péssimos seguranças - seu soco é depositado no moreno tatuado que revida com força, o rosto de Kai se vira e o sangue é cuspido de sua boca, começo a correr em sua direção mas sua mão vai ao ar - Ela - seus olhos encontram os meus enquanto sua mão vai ao ar fazendo um oito.
*oito minutos, merda*

Me viro e corro por entre as portas chutando todas, na primeira uma cozinha, na segunda um banheiro, na terceira uma sala vazia e na quarta parei de me importar em ver o que tinha.

Ela não esta aqui.

A fumaça começa a aumentar, minha mente já zonza, a tosse progredindo cada vez mais e por um segundo penso em desistir, o ar do local já era cinza e o calor já indica que o fogo está se alastrando muito rápido.*É óbvio que ela não está aqui, ela está morta seu idiota* Chuto a sexta porta com força sentindo a raiva e decepção me invadirem.

É uma longa sala com seis metros em completa escuridão, exceto pelo seu centro onde há um refletor virado para baixo dando luz a dois metros no máximo, meus olhos vão descendo pela corrente presa ao teto, percorrendo os quase oito metros de corrente até chegar ao chão e bilé vai a minha garganta na mesma hora.

Seu corpo ajoelhado, sua cabeça baixa o suficiente para recostar o queixo na barra de metal que envolvia seu pescoço. *Nao Não Não*

Nem ao menos tentei conter as lágrimas, ela esta aqui, a seis metros de distância e eu não consigo dar a porra de um passo.

– Andou brincando com fogo novamente? - sua voz agora é mais grave, mas ainda doce como a porra do paraíso, ela sabia que era eu? - A última vez metade da sua equipe morreu queimada - não era eu, ela acha que é quem a sequestrou, presumo - Metade da sua equipe vai morrer novamente - sua cabeça ainda se encontra abaixada - Você vai me fazer ouvir o grito deles novamente? - nenhuma emoção sai de sua voz e sinto o vômito vir a minha garganta e voltar.

– Quando você irá entender que eu não sei aonde eles estão? - *se move porra, corre até ela* - Eles nunca virão ao meu encontro, eu estou morta, porra - seu berro ecoa pelo quarto - Pode continuar me batendo, me torturando, me deixar trancada aqui para o resto da minha vida, mas será em vão. Ninguém nota a falta de alguém que deveria estar morta - seu rosto se levanta e meu corpo inteiro se arrepia, é ela,minha Arabella.

Devotion • Kai e WillOnde histórias criam vida. Descubra agora