Devotion • Kai e Will

Capítulo 37

O capítulo a seguir apresenta gatilhos de violência, esteja ciente que se trata de uma obra ficcional, mas infelizmente a realidade de muitas pessoas. Se você sofre ou sabe de qualquer pessoa que já passou por está situação entre em contato com as autoridades.

Cinco anos atrás- Arabella

Nunca pensamos muito sobre qual será o momento mais impactante da nossa vida, acreditamos que ele será quando atingirmos a maior idade, quando nos  formamos na faculdade, ou casarmos, entre outras tantas coisas. Porém, não acredito que essa ideia seja verdadeira, acredito que o momento mais impactante da nossa vida é aquele milésimo de segundo em que percebemos que não importa o quanto você lute ou tente, sua vida nunca mais será a mesma, você nunca mais será o mesmo.

Eu presenciei esse instante pela primeira vez aos meus dezessete anos, no exato momento em que Chad me deu o primeiro soco.

– Eu não sei o que eu te fiz - minha voz sai embargada ao tenta correr, mas Troy segura em minhas pernas me fazendo tombar ao chão- Eu realmente não sei do que você está falando - berro quando seu corpo me vira com força- Chad, eu não te devo nada - tento encarar seus olhos enquanto troy da chutes em minhas costelas.

– Meu carro - ele berra ao me levantar pelo colarinho e grudar nossos rostos - Você e seu grupinho de maridos explodiram meu carro - seu olhar percorre meu rosto com fúria.

– Pelo amor de Deus - me debato o máximo que posso sentindo as mãos de Troy tatearem pelo meu braço- Eu já disse que não sei do que está falando - berro sentindo o sangue invadir minha boca.

– Não mexa com a ruivinha - sua voz é debochada e tombo meus ombros, não fui eu, nunca fui eu na realidade, nem faço ideia do que ele está a falar, mas minha mente quase consegue entender o que ele está a dizer nesse momento. Eles, apenas eles se referem a minha pessoa dessa forma, sempre foi e sempre será eles a bagunçar minha vida, trazer o desconforto e o caos a minha quietude.

– Não fui eu - minha voz sai muito mais baixa do que gostaria.

– Provavelmente- seu corpo se ajoelha a minha frente - Eu estou tão cansado de viver a sombra daqueles quatro, tudo e todos temendo apenas eles, essa cidade agindo como se eles fossem inalcançáveis- sua mão se esfrega pelo meu rosto e o viro sentindo o nó na garganta aumentar - Só que bem aqui na minha frente tem o ponto fraco de dois deles - seu sorriso é macabro ao descer para minha blusa - Quem é intocável agora, Arabella? - suas mãos vão a borda do meu uniforme puxando o tecido com força, seus olhos tateam pelos meus seios quando o pano cai por meus ombros e tento correr, me arrastar pela areia, mas alguém puxa minha perna de volta e gravo a unha na terra, meus arranhões vão desenhando o chão conforme sou puxada.

– Aonde eles estão agora? - a voz de Troy é debochada- Eles não deveriam estar aqui para te proteger? - sua gargalhada invade o ambiente ao me virar, seu corpo sobe encima do meu.

– Você sabe que eles vão te achar,né? - minha voz sai grave ao encarar seus olhos - Você consegue imaginar o que Kai fará com você? - sorrio sarcástica- Porque eu consigo e não será nada bom - assim que a frase sai de meus lábios sinto a sequência de golpes a atingir do meu rosto ao pescoço, meus olhos se fecham e o zumbido percorre meu cérebro, estou morta?

– Ninguém vai te proteger de mim - sua voz é zombeira e cerro o maxilar, força e confiança não são construídos, força e confiança são a escolha certa no momento errado.

Não se adianta construir uma casa que nunca será habitada, assim como não adianta esperar o momento de ser forte, o momento de ter confiança em si mesmo. Apenas olhe o momento e haja, a escolha certa no momento errado.