Capítulo 11

2.4K 253 11
                                    

Dias atuais - Kai

Meus olhos fraquejam por um minuto devido a ardência que sinto em ambos, sem saber ao certo se é pela fumaça, pelos socos ou por não dormir a dias. Estaciono no campo e suspiro, foi uma viagem de trinta minutos pela estrada de chão e agora seria mais dois quilômetros á pé para chegarmos ao chalé que Damon organizou. *Eu sempre soube que você me odiava filho da puta*

– Tá doendo, Will - ouço sua voz pela primeira vez e meu corpo inteiro se tenciona, é o mesmo doce só que agora mais grave pela idade, agora é uma voz madura, mas ainda permanece sendo meu som favorito.

– Eu sei - ele tenta sorri ao colocá-la no colo, um grito de dor escapa de seus lábios quando ele a ajeita em seu colo - Está bem perto já - sua voz é suave ao pressionar o local com a blusa que havia retirado no caminho.

– Quer eu a leve ? - retiro as mochilas do porta mala, jogando todas em meus ombros.

– Estou bem - a resposta é curta *ele a encontrou, ele veio com ela no banco traseiro, ele vai levá-la. Eu só quero toca-la, por um segundo sequer*

A cabeça no colo de Will que antes olhava para o céu se vira olhando em meus olhos, a porra daquelas pupilas cor de mel me encarando e sinto todos os meus pelos se arrepiarem.

Nada no mundo é tão lindo assim.

Sinto uma gota de suor descer por toda minha espinha. Eu sonhei por cinco anos em morrer e a encontrar seja no inferno ou céu e agora seus olhos me analisam, como se estivesse a decorar o que havia mudado em mim, o porte atlético agora mais aparente, os cabelos maiores, o olhar mais distante e frio desde sua partida e a prisão.

Mas ela, ela ainda era frágil, delicada, só que mil vezes mais gostosa, o corpo de mulher caiu muito bem em si, porém eu já havia analisado aqueles olhos por muito tempo para saber que eles haviam mudado com brutalidade, não existia mais inocência e pureza neles, apenas sofrimento.

Á bile sobe quase até minha garganta, eu não consigo encara-la, eu realmente achei que ia conseguir fazer isso, agir como Will e fingir que cinco anos não se passaram, mas eu não consigo. Minha mente só consegue rodar em perguntas e perguntas. Como ela não morreu? A quanto tempo ela está presa de fato ? Quem mandou prendê-la ? Ela ainda me odeia? Só acordo do meu transe quando perco o corpo de Will de vista.

A caminhada é finalizada em dez minutos e corro para passar Will e abrir a porta.

– Ela desmaio, cara - sua voz é grave ao deita-lá no sofá.

– Como você deixou ela desmaiar? - berro ao bater a porta.

– Não da para impedir uma pessoa de desmaiar, Caralho - seu corpo do tronco a baixo era sangue puro - Vamos levá-la ao hospital- um berro sai de seus lábios e vou ao seu encontro empurrando-o.

– Você está louco ? - meu tom de voz é mais alto e vejo o corpo pequeno a se mexer e uma onde de tranquilidade me percorre - Como você vai explicar a recepção que está levando uma mulher dada como morta, seu idiota? - sussurro e seus olhos caem, Emory estava certa, ele ainda não tinha entendido a profundidade da merda em que nos metemos - Vamos retirar a bala aqui - tento me mostrar confiante - Alex preparou este chalé para tudo e para meses até, só ache a mala de primeiro socorros tá? - toco em seu braço para acalma-lo -  Você pode fazer isso, Will? - minha voz sai baixa e calma vendo seu corpo se tranquilizar nas minhas palavras como uma criança e ir abrindo todas as gavetas presentes neste casa.

Me agacho ao sofá parando a centímetros de seu corpo, minha mão se levanta para tocar seu rosto, mas volta ao bolso antes mesmo de chegar em sua pele, eu, eu não consigo.

Devotion • Kai e WillOnde histórias criam vida. Descubra agora