Capítulo 32

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Cinco anos atrás- Arabella

Rodo meu corpo pela mesa recolhendo o punhado de pratos e talheres, meus olhos caem ao casal de idade sentado a me encarar com afeição, um leve sorriso sai do meu rosto ao limpar sua mesa e caminhar para a pia.

Coloco os utensílios com calma sorrindo ao loiro que lava a pilha de pratos a cantalorar a música que toca no rádio, subo meus olhos para o relógio no final da lanchonete marcando 19h30, respiro fundo indignada por ainda ter mais trinta minutos, eu estou entediada, quero ver tv, ler um livro, conversar com qualquer um deles, meu corpo inteiro anseia por chegar em casa e ver os dois deitados em minha cama, como na última noite.

Mordo os lábios lembrando da noite passada, tudo ia como de costume terminei o jantar com meus pais, lavei a louça, escovei meus dentes e fui ao meu quarto, no instante que tranco a porta me deparo com a imagem dos dois jogados em minha cama, deitados embaixo das cobertas.

"- O que fazem aqui? - engatinho pela cama, levantando a coberta para me alinhar no meio dos dois.

– Estamos com saudade - Will diz baixinho com a voz sonolenta a me virar, fazendo minhas costas baterem em seu peito - Senti falta do seu cheiro o dia inteiro, garotinha - seu nariz se arrasta por meu pescoço, enquanto suas mãos envolvem minha cintura em um abraço.

– Nos vimos na escola - meus olhos caem a Kai que tenho certeza que está a me encarar com aqueles olhos fuzilante e agradeço pelas luzes estarem desligadas.

– Você nem nos olha na escola, Arabella - a voz rouca domina meus ouvidos e sinto meu corpo a receber choque elétricos - Você só se deixa ser nossa pela noite - uma de suas mãos se entrelaça a minha, enquanto a outra faz carinho em minha bochecha - Faz um mês que só podemos conversar com você quando invadimos seu quarto - sua voz sai calma não como um desabafo, apenas como um lembrete do motivo de estarem aqui, do motivo de me permitir ser deles apenas no escuro com ninguém a volta. Quando me permito contar sobre meu dia aos dois animada a rodar pelo quarto enquanto ambos prestam atenção sentados em minha cama, quando forçamos Will a fazer os deveres de aula conosco, quando assistimos filmes e temos que rir baixo para meu país não perceberem.

– O que vamos fazer ? - minha voz sai baixa e ouço a risada abafada de Will as minhas costas.

– Treinamos por seis horas seguidas hoje - sua voz é manhosa - Só queremos dormir com nossa mulher - o som de sua voz fica mais baixa a cada palavra.

– Meus pais podem querer entrar - tento advertir, mas os dedos de Kai param em meus lábios.

– Fique quieta, amor - seu rosto se aproxima do meu e se ilumina pela luz da lua, me dando a visão dos seus olhos puxados quase a me fuzilarem por completo- Não nos mande embora - sua voz é tão cansada e por completo impulso beijo a ponta do seu nariz, vendo um sorriso se formar em seus lábios- Bons sonhos, petulante - seus dedos apertam mais os meus enquanto seus olhos se fecham com calma"

Sinto o arrepio dominar todo o meu corpo, eu não deveria ter deixado tudo chegar a este ponto, um grande erro, como iria explicar a minha mãe que tenho dois namorados ? *Dois namorados? Eles nunca nem disseram que gostam de você, idiota*

Imbecil, como eu sou imbecil, idiota, virei a porra de uma garotinha que anseia por um toque, que vive como se precisasse da existência de outro ser. Giro com raiva saindo de trás do balcão e nem vejo quando esbarro com força em um corpo, deixando a bebida em sua mão se espalhar pelo chão *trouxa e desempregada. Ótimo*

- Me desculpa- seguro em seus grandes braços sem nem sequer olhar para seu rosto- Eu lhe pago outro, desculpe - tento limpar a água que se espalhou por sua jaqueta.

Devotion • Kai e WillOnde histórias criam vida. Descubra agora