Capítulo 17

2.3K 210 15
                                    

Recomendado que ouça a música,só após o fim do capítulo.

Dias atuais - Kai

Tranco a porta do banheiro com calma, a fumaça invade o local dando um tom cinza ao ambiente, seu corpo permanece imóvel, sentada no vaso a balançar a perna que não está ferida no ar quase me fazendo sorrir verdadeiramente depois de anos. Uma alma a qual a vida amaçou tanto ainda se vê encantada com o fato de poder balançar os pés, mas em contra partida meu peito se partiu ao meio, será que lhe davam a chance de ficar em outra posição além da que a encontrei?

– Will escolheu uma roupa bem quentinha para você- sorrio ao pendurá-las na barra de ferro junto a toalha branca. Meu corpo se ajoelha com cuidado ficando a frente do seu - Suas roupas estão imundas - levo a mão devagar até a alça de sua blusa - Elas irão sujar toda água- seus olhos encaram os pés, como senão conseguisse encarar os meus, Arabella sempre me olhou nos olhos, os desviando apenas quando estava com vergonha ou tentando mentir para mim. Me lembro de uma vez em que entrei em seu quarto a noite sem Will, poucos dias antes da fatídica noite e seus olhos estavam marejados como se estivesse a chorar, às pupilas nem conseguiam me encarar enquanto dizia que estava apenas a ver um filme. Foi preciso horas de silêncio um de cada lado da cama a encarar o teto para finalmente seu corpo se virar me olhar nos olhos e dizer que algumas líderes de torcida haviam rasgado seu uniforme de propósito mais cedo em uma brincadeira idiota que custou as lágrimas da minha ruiva e a suspensão de todas elas quando implantei um pouco da maconha de Will em seus armários no dia seguinte - Mas posso deixá-las caso se sinta mais confortável- levanto seu rosto a fazendo me encarar, me olhar nos olhos, me permitir vislumbrar pequenos traços de sua alma, mas principalmente para que ela lembre que nunca deve abaixar a cabeça para ninguém, principalmente para mim.

- Você quer que as tire? - minha voz sai doce e sua cabeça se move em um sim tímido.

Sinto meu sangue a circular com mais rapidez, como se estivessem a quilômetros por hora. Uma corrente de choque invade minha espinha e contraio o maxilar ao tentar tirar de minha mente todo o nervosismo que embrulha meu estômago por apenas encostar em sua pele.

Toco a barra de sua regata e a levanto delicadamente, mas quando a blusa chega as suas axilas e tento levantar seus braços um urro de dor sai de sua boca.

– Desculpa- digo apressadamente ao abaixar a blusa novamente, respiro fundo pensando no que fazer *ela não irá usar essa roupa mais de qualquer forma* minha mão vai a cada lado do decote pressionando com força e abrindo os braços com rapidez. O tecido se parte ao meio fazendo seus seios balançarem repetidas vezes e aperto a peça com força agora em minhas mão, tentando não encara-los. *deliciosa*

Meus olhos percorrem pelo resto do seu tronco e à bile surge, hematomas por toda sua costela, arranhões pela lateral da sua cintura. Respiro profundamente tentando esconder a raiva e fúria que invadem minha corrente sanguínea, eu mataria todos que houvessem a tocado nesse exato instante, na realidade colocaria fogo na porra do mundo inteiro para que ninguém novamente ouse a fazer mal. *Chocolate, especificamente a torta de chocolate que a minha mãe faz, com a calda de leite ninho e pequenos pedacinhos de morango. O jeito como Will gargalha alto quando está vendo qualquer episódio de Tom e Jerry. A forma como Michael deixa de muitas vezes treinar ou estar com a noiva só para me levar a casa de meus pais, pois desde aquela noite toda vez que passo pela única estrada que leva a sua casa e vejo aquele maldito parque tenho crises de pânico e ele sempre se dispõe a me levar e me buscar. O jeito como Damon finge que houve um imprevisto no trabalho e me deixa com seu filho apenas por saber que um dos poucos momentos que sorrio é quando estou brincando com meu afilhado* repito a mim mesmo sem parar mentalmente todos os motivos que eu mesmo listei durante esses anos do porquê não posso deixar os acessos de raiva me dominarem, pois perderia a chance de viver todas essas situações.

Devotion • Kai e WillOnde histórias criam vida. Descubra agora